Câncer de pele é o mais incidente no Ceará; exposição solar é o principal fator de risco

O câncer de pele é provocado pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Essas células se dispõem formando camadas e, de acordo com as que forem afetadas, são definidos os diferentes tipos de câncer. Conforme estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Ceará deve registrar mais de dez mil novos casos de câncer de pele em 2023.

A dermatologista do Centro Dermatológico Dona Libânia, Aracy Pontes, explica que os tipos de câncer mais comuns no Estado são o carcinoma basocelular (CBC), o carcinoma espinocelular (CEC) e o melanoma. Percentualmente, a nível nacional, o CBC corresponde a 85% dos casos, o CEC a 10% e o melanoma a 5%.

“O Ceará acompanha essa mesma distribuição dos casos sendo, também o mais frequente, o carcinoma basocelular — que é considerado o menos agressivo. Ele raramente vai causar metástase, porque é um tumor que tem um crescimento lento. O CBC se manifesta, principalmente, como uma pequena ferida que não cicatriza, uma lesão semelhante a uma pápula áspera, que sangra quando você tenta tirar a casca”, elucida.

Ela pontua que o câncer de pele é o mais frequente, entre todos os tipos de câncer. “O Brasil espera uma frequência, segundo o Inca, de em torno de 177 mil casos por ano (juntando o número de casos do CBC e do CEC); já o melanoma, que é o mais grave, tem em torno de nove mil casos por ano”, diz.

A dermatologista alerta, porém, que os cânceres de pele, em sua grande maioria, não surgem de imediato. “A exposição ao sol de hoje terá uma consequência como o câncer de pele mais para frente, pode levar anos para se manifestar. Muitas vezes, a pessoa está em uma idade que nem pega tanto sol, mas ele pode aparecer”, detalha.

Outros fatores de risco para o desenvolvimento de um câncer de pele, segundo o Ministério da Saúde, são: o histórico familiar de câncer de pele, pessoas de pele e olhos claros, com cabelos ruivos ou loiros, pessoas que trabalham frequentemente expostas ao sol sem proteção adequada e exposição prolongada e repetida ao sol na infância e adolescência.

“O tratamento precoce é praticamente igual à cura. O principal tipo de tratamento é a retirada cirúrgica e, com isso, você tem um índice de cura bem elevado”, afirma Aracy.

Orientações para prevenir o câncer de pele

• Evitar exposição prolongada ao sol entre 10 horas e 16 horas;
• Procurar lugares com sombra;
• Usar proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros com proteção UV, sombrinhas e barracas;
• Aplicar na pele, antes de se expor ao sol, filtro (protetor) solar com fator de proteção 15, no mínimo;
• Usar filtro solar próprio para os lábios.
  

Dados sobre câncer de pele no Ceará

Dados disponibilizados na plataforma da entidade estimam que o câncer de pele não melanoma é mais incidente em mulheres, acumulando aproximadamente 5.530 novos casos; em homens, o número é de cerca de 4.840. Já o câncer de pele melanoma, o acumulado é de 270 casos, sendo mais incidente em homens, que podem chegar ao número de 140 casos, enquanto em mulheres o número é de 130.

O levantamento, atualizado em novembro de 2022, considera taxas brutas e ajustadas de incidência por 100 mil habitantes e do número de casos novos de câncer, segundo sexo e localização primária.

Foram estimados, no Brasil, para o triênio 2020-2022, 83.770 novos casos de câncer de pele não melanoma em homens e 93.160 em mulheres, com um risco estimado de 80,1 casos novos a cada 100 mil homens e 86,6 casos novos a cada 100 mil mulheres.

Já para o câncer de pele melanoma, foram estimados 4.200 novos casos em homens e 4.250 novos casos em mulheres, com risco estimado de 4,0/100 mil homens e 3,9/100 mil mulheres. Os dados são da nota técnica sobre câncer de pele da Sesa, publicada em dezembro de 2022.

O POVO buscou a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) para saber quantos casos foram diagnosticados no Ceará neste ano, no entanto, foi solicitado que a matéria considerasse os números divulgados pelo Inca.