CE: Região Sul concentra 30% dos incêndios em vegetação

No último mês de outubro, foram atendidas 1.485 ocorrências de incêndios em vegetações no Ceará

20:46 | Nov. 09, 2023

Por: Lara Vieira
O número de incêndios em 2023 é 46,82% maior em relação à 2022 (foto: Reprodução / Corpo de Bombeiros)

O número de incêndios em áreas de vegetação no Ceará teve aumento significativo em 2023. De acordo com dados consolidados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), somente nos dez primeiros meses do ano foram registrados 5.620 ocorrências do porte. Índice representa um aumento de 46,4% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 3.839 incêndios. A Região Sul concentra 30,1% das ocorrências, registrando 1.692 casos.

Dentre as cidades que fazem parte desta localidade estão: Jardim, Crato, Barbalha, Jati, Brejo Santo, Mauriti, Missão Velha, Campos Sales, Salitre, Aurora, Milagres, Missão Velha, Cariús, Iguatu, Cedro, Potengi, Aiuaba, Abaiara, Lavras da Mangabeira, Santana do Cariri, Barro, dentre outros. 

Consolidação foi feita pela Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp) da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp). Chamados ocorrem via Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) e são atendidos pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado (CBMCE).

De acordo com o capitão Sócrates Alves Honório Sousa, do Corpo de Bombeiros, historicamente esse tipo de episódio ocorre com mais incidência no segundo semestre do ano. Só em setembro último, por exemplo, dados divulgados pela corporação na época apontaram que foram debelados 1.757 incêndios em vegetação no Ceará, se tornando esse o mês com o maior número de registros em cinco anos. 

O militar ressalta ainda que ocorrências desse porte costumam acontecer com mais frequência durante o segundo semestre, em parte, devido as condições climáticas apresentadas nesse período. Isso porque o tempo é geralmente mais seco e há mais escassez de chuva. 

"As características do bioma nesta época tornam as folhas ressecadas e mais propensas a incêndios. Essas condições climáticas favorecem muito, desde que alguém inicie o fogo. Quando ocorrem pequenas faíscas, tornam-se incêndios maiores”, destaca o capitão do 5º Batalhão.

Para combater a incidência de ocorrências desse porte na Unidade Federativa, a instituição realiza anualmente a Operação Floresta Branca. Ação busca aperfeiçoar a resposta operacional da entidade e também dobra o efetivo de bombeiros nas unidades, o que possibilita ampliar o combate a incêndios. 

De acordo com CBMCE, a maior parte maioria dos incêndios em vegetação no Ceará são causados por ações humanas. Outra prática comum é a queimada de terrenos para preparação do plantio no solo.
“Quando nos dirigimos aos locais de incêndio, as pessoas frequentemente relatam que as causas são decorrentes de ações como queimar lixo ou restos de vegetação em terrenos baldios. Muitas vezes sem a intenção de causar um incêndio, mas quando o fogo sai de controle, transforma-se em um incêndio florestal”, ressalta Sócrates.

O Corpo de Bombeiros destaca que, em áreas urbanas, os incêndios costumam ser menores e concentrados em terrenos baldios. Já nas áreas rurais do Interior, esse tipo de ocorrência é maior e geralmente acontece de forma mais crítica, exigindo uma resposta organizada para controlá-los.

A legislação brasileira considera o incêndio em vegetação um crime ambiental. A Lei Nº 9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, prevê detenção de dois a quatro anos e multa para incêndios em áreas rurais e reclusão de dois a seis anos, além de multa para incêndios em áreas urbanas.

Fortaleza concentra 29% das ocorrências de incêndio

Nos dados levantados pela SSPDS a capital Fortaleza aparece com 1.645 incêndios em vegetação registrados entre janeiro e outubro deste ano, o que representa 29% do total analisado no período. Última ocorrência do porte ocorreu na noite dessa quarta-feira, 8, no bairro Cajazeiras.

Já na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) foram computados 1.208 chamados relacionados a fogo em área de vegetação, representando 21% do obtido no balanço geral feito pela pasta de segurança.

Para evitar ocorrências do tipo, a secretaria faz um alerta sobre ações simples que podem ser adotadas por populares no cotidiano, tais como: "Evitar queimar lixo ou resíduos em áreas abertas, especialmente em terrenos baldios, manter a vegetação próxima às residências limpas e organizadas, realizando sempre a poda adequada de árvores e arbustos, e descartar galhos e folhas de maneira correta".

Além disso, a pasta frisa que populares precisam "acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros Militar se avistar qualquer foco de incêndio em vegetação, mesmo que esse seja aparentemente pequeno".

De acordo com o capitão Sócrates Alves, evitar o uso do fogo para a limpeza de terrenos é a principal forma de prevenção contra incêndios em vegetações: “Se você mora na zona rural e deseja se proteger contra incêndios causados por outras pessoas, o ideal é manter o seu terreno desprovido de vegetação, limpo e sem acúmulo de lixo, para evitar que o fogo se espalhe até a sua propriedade”.

No perímetro urbano, onde frequentemente ocorrem incêndios em terrenos baldios, quem tem uma área desse porte deve limpar local com máquinas, como tratores e retroescavadeiras, em vez de usar o fogo.

Outra precaução destacada pelo militar é em relação a crianças e idosos, que são mais vulneráveis a problemas respiratórios. Nesse período, as condições climáticas propiciam o desenvolvimento de doenças respiratórias devido à baixa umidade e ao calor, que são agravados pela fumaça dos incêndios.

“Portanto, em caso de incêndio, é aconselhável que as pessoas que têm crianças ou idosos com problemas respiratórios os levem para locais menos afetados pela fumaça, já que depois que o fogo ocorre não é possível controlar a fumaça. A fumaça se dispersa na atmosfera e não pode ser controlada”, orienta ainda Sócrates.