Internações de crianças por quedas no IJF crescem 13% em 2023
Balanço foi feito pelo IJF, hospital de referência em tratamento de traumas do Estado
18:49 | Nov. 03, 2023
O número de internações por quedas entre recém-nascidos e crianças de até 14 anos, no Instituto Doutor José Frota (IJF), aumentou 13% durante mais da metade do primeiro semestre de 2023. Foram 5.051 internações entre janeiro a setembro deste ano, enquanto no mesmo período de 2022, 4.475 crianças foram atendidas na unidade.
Dados levantados pelo IJF mostram que, nestes nove meses de 2023, 825 pessoas com até 1 ano de idade, dos sexos masculino e feminino, sofreram algum tipo de queda e precisaram ser internados. Na faixa etária de 1 a 4 anos, o número aumenta consideravelmente: 2.124 casos. Na faixa etária de 5 a 9 anos, 1.334 crianças foram internadas por quedas, e de 10 a 14 anos foram 768 casos.
Raquel Pessoa, diretora-técnica do IJF, diz que o cenário tem causas multifatoriais. Ela cita que, na pandemia da Covid-19, as crianças estavam mais em casa e juntas dos pais, portanto, a supervisão era mais assídua.
Os números não indicam um crescimento em um mês específico, aponta Raquel. "Em todos os meses os números costumam ser bastante elevados, mas os períodos de férias escolares (junho e julho e dezembro e janeiro) representam um risco maior", complementa a profissional.
Os tipos de acidentes variam de acordo com as faixas etárias. Quando o acidente é entre recém-nascidos até 1 ano, comumente as quedas são devido às brincadeiras. “Se não for brincando, a gente analisa para saber se não são casos de maus-tratos”, adverte.
"Começa no berço, na cama ou na rede, que [é quando a criança] costuma subir em cima das coisas, como móveis ou janelas. Depois vai para prática de esportes, aí [podem ser quedas] em escada, árvore ou bicicleta. Temos ainda muitos acidentes de trânsito, de carro, e, às vezes, até agressão física e perfuração por arma de fogo ou arma branca", ressalta.
Mães e crianças relatam quedas
A mãe Adila Reis e a tia Maria Clara Reis estavam acompanhando o pequeno Miguel, de 2 anos, na sala de internação do IJF, na última semana. Ele caiu da escadaria da nova casa em Limoeiro do Norte, a 202,5 km de Fortaleza.
“Tinha uma parte da escada que ainda não estava coberta, a gente estava subindo com muita coisa, foi quando ele escorregou e caiu”, conta a mãe. Foi a primeira queda de Miguel em vida. Na ocasião, ele machucou a cabeça. Até a semana passada, bastou uma única dose de dipirona para a recuperação dele.
Ele chegou ao IJF no dia 16 de outubro último, e seguia em estado de observação para ver se não sentia mais nada ou se havia perigo de agravamento do quadro de saúde.
Hugo Emanuel Silva de Santos, 6, também internado no IJF, tinha se machucado na escola enquanto brincava com amigos no recreio no último dia 10 de outubro. “Eu fui tentar pular na cadeira, da primeira vez foi muito fácil pular do batente, só que da segunda vez caí de mal jeito, aí quebrei meu braço esquerdo. Fui para a UPA, depois vim para cá e fiz a cirurgia”, conta o pequeno.
"Fui em uma ambulância grande. Na UPA, colocaram umas talas, uma laranja e outra azul, essa que estou no meu braço. De tanto ir para muitas salas, agora já fiz a cirurgia e está tudo bem. Assim foi minha história", relata Hugo.
O menino esteve na companhia da amiguinha Taíla Cristina, de 4 anos, que se acidentou ao perseguir o próprio gatinho em casa no bairro Planalto Ayrton Senna, na Capital.
“O gatinho estava atrás de uma lagartixa. Minha mamãe me chamou para ver, pensei que ela estava em outro quarto, mas na verdade ela foi para um lugar que não era para ter ido." Foi onde a menina se escondeu e caiu.
Ela e a mãe, Luana da Silva Gonçalves, aguardavam a liberação na terça-feira, 17 de outubro. “Era para ela ter tido alta ontem [segunda-feira, 16], mas o neuro não liberou, fizeram a tomografia, deu lá na cabecinha dela que trincou o crânio na parte de trás, mas a outra tomografia deu que o sangramento tinha parado. Estamos só aguardando a liberação agora”, disse Luana.
Como prevenir os acidentes com crianças e adolescentes
- Usar proteções na cama;
- Preferir berços com grades elevadas;
- Supervisão constante dos pais ou responsáveis;
- Educação e conscientização em casa e no trânsito;
- Armazenar de forma segura produtos químicos, medicamentos e objetos cortantes, substâncias tóxicas e pontos quentes;
- Usar equipamentos de segurança na prática de esportes radicais;
- Bom exemplo dos pais ou responsáveis, sanando dúvidas e ouvindo as perguntas dos filhos;
- Prática regular de simulações de incêndio ou quedas;
- Ensinar as crianças melhores práticas ao caminhar, andar de bicicleta, viajar de carro, incluindo olhar para ambos os lados antes de atravessar a rua.
Fonte: Raquel Pessoa, diretora técnica do IJF.