ChatGPT: a inteligência artificial pode ser aliada da educação?

Especialista explica como usar sistema em benefício do ensino, ultrapassando as dificuldades causadas pela ferramenta

15:00 | Out. 15, 2023

Por: Gabriela Almeida
Fortaleza , Ce, Brasil 02.02.23 - Impacto do ChatGPT no mercado de tecnologia e como esse dispositivo de inteligência artificial pode gerar prós e contras na vida dos humanos. (Fco Fontenele/O POVO) (foto: FCO FONTENELE)

Em novembro de 2022 um sistema de chat baseado em inteligência artificial, batizado de ChatGPT, surgiu causando alvoroço entre adeptos da tecnologia. Quase um ano após a sua criação, pela empresa americana OpenAI, a ferramenta segue incendiando debates quando o assunto é a utilização dela na educação. Afinal, é ou não é possível fazer o recurso ser um aliado dos professores na sala de aula? 

O chat ganhou forte repercussão e viralizou nas redes sociais por imitar a linguagem humana. Por meio dele é possível, por exemplo, ter respostas para inúmeras perguntas. É como conversar com uma pessoa, capaz de dar opiniões, falar em diversos idiomas e escrever sobre os mais variados acontecimentos.   

Devido a semelhança textual do robô com a escrita humana, escolas do mundo inteiro começaram a se preocupar em como esse sistema poderia ser utilizado pelos alunos. Em Nova York, autoridades de ensino chegaram a bloquear o site, restringindo o acesso dele em dispositivos e redes internas de escolas.

Parte da preocupação se dá pelo fato de que educandos podem ter facilidade em realizar trabalhos por meio da ferramenta, o que atrapalharia o processo de ensino. Apesar dessa preocupação existir, contudo, o sistema também tem sido defendido por especialistas como algo que pode ser explorado no aprendizado.

Guilherme Silveira, cofundador da Alura, plataforma de ensino em tecnologia do Brasil, aponta que o ChatGPT pode ajudar alunos a adaptar ideias, explorando a criatividade deles ao sugerir temas diversos. Já os professores podem usar a ferramenta para aperfeiçoar exercícios e terem retornos sobre a prática. 

Além disso, o representante destaca que profissionais da educação podem usar a inteligência artificial para entender melhor os estudantes, obtendo por exemplo informações que possam ajudar a sugerir caminhos para eles. "Existe mais riqueza nos desejos do ser humano do que o currículo pode fornecer. É papel nosso, de educadores, utilizar (o chat) dessa forma, de uma forma criativa", explica. 

Uso consciente é segredo para encontrar benefício na plataforma 

Em um cenário onde o ChatGPT pode trazer consequências negativas e positivas ao mesmo tempo para o ensino, de que forma escola deve usar a ferramenta como aliada? De acordo com Guilherme Silveira, o segredo passa pelas mãos dos professores, que precisam estimular o uso correto da plataforma.

"Se a gente percebe que essa ferramenta está sendo adotada pelos alunos e alunas, de uma forma positiva, de uma forma que permita a eles e a elas serem mais criativos, a produzirem coisas mais interessantes, que reflitam mais sobre elas, e sobre os trabalhos delas, a gente precisa educar elas a seguirem esse caminho. Educar elas a usarem essa ferramenta", pontua o especialista.

Silveira destaca ainda que "existe visões e formas distintas de ensino" e que a "escola vai ter que ver se a ferramenta (ChatGPT) pode ser utilizada para essa melhora (do ensino)". 

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"Os alunos precisam entender que a confiança cega na ferramenta não é a abordagem correta. O ensino não é apenas sobre utilizar a tecnologia, mas sim sobre compreender seus limites e utilizá-la de maneira eficaz, mantendo o foco na busca por conhecimento válido e confiável", explica o cofundador da Alura.

Essa "parceria" entre escola e inteligência artificial, realizada de forma a promover a conscientização dos alunos, pode transformar a plataforma em uma forte aliada educacional, "driblando" os riscos de plágio que ela traz. Se é esse cenário que vai se desenhar no futuro, contudo, ainda é uma incógnita.

"A gente não vive de futurologia na educação. A gente não tem certeza sobre o caminho da educação nos próximos dez anos, a gente trilha esse caminho, a gente tem ideias do que pode ser daqui a dez anos", diz Guilherme. "Porém não é por causa dessas ideias que a gente vai usar inteligência artificial hoje. A gente vai utilizar inteligência artificial porque hoje ela já pode ser usada para nos beneficiar".