Ceará tem quase o total de casos de meningite registrados no ano passado; veja sintomas e prevenção

Até o dia 15 de setembro deste ano, o Estado registrou 324 casos confirmados da doença. Em 2022, foram 328 notificações. Especialistas alertam para o cenário e aumento da cobertura vacinal

Os casos de meningite notificados no Ceará neste ano já somam quase o total registrado ao longo do ano passado. Até o último dia 15 de setembro, o Estado registrou 324 casos confirmados da doença. Em 2022, foram 328 notificações de meningite de todas as etiologias. Ao todo, a doença possui oito tipos. As informações são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

O cenário chama atenção visto que a cobertura vacinal da doença está 10% abaixo da meta. Segundo dados atualizados até março de 2023, o Ceará apresenta cobertura de 85,21% em bebês de 12 meses, público-alvo da imunização. A meta, no entanto, é de 95%. As informações são da plataforma IntegraSuS, da Sesa. Especialistas alertam para o cenário, visto que a doença é considerada grave e com evolução rápida. 

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De acordo com o médico pediatra Eugênio Pacelli, o cenário é de preocupação. “Se a gente tiver uma diminuição da cobertura vacinal podemos ter mais casos de meningite. E vale ressaltar que a meningite bacteriana é considerada uma doença grave e exige internação hospitalar. Uma redução da cobertura nos preocupa pelo risco do aumento de casos”, alerta.

O balanço de casos deste ano aponta que pessoas entre 30 a 39 anos lideram o número de confirmações da doença, com 68 casos, dos 324. Em seguida, aparecem pessoas entre 40 a 49 anos, com 51 casos e, posteriormente, o público de 20 a 29 anos, com 48 confirmações de meningite, considerando todas as etiologias.

A meta da cobertura vacinal da doença, ou seja, apenas no caso da meningite bacteriana, é destinada a crianças de 6 meses a 1 ano, visto que elas são as mais vulneráveis à meningite meningococo.

O pediatra Eugênio Pacelli explica que, geralmente, elas ainda não desenvolveram anticorpos para combater a doença e por isso são mais vulneráveis. No balanço de casos, o público registrou 19 confirmações da doença, considerando, no entanto, todas as etiologias.

Conforme o infectologista Anastácio Queiroz, todo aumento de casos de meningite deve ser alertado para que os mecanismos de prevenção possam ser acionados e que a população procure os equipamentos de saúde para a vacinação e demais informações sobre a doença. Assim como é necessário, segundo Anastácio, que as equipes de saúde tratem de maneira rápida o problema.

O especialista explica que a doença é uma inflamação das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro. A doença é causada, principalmente, por bactérias ou vírus, portanto são diversos os tipos de meningites. Ao todo, são oito tipos: meningite meningocócica, tuberculosa, por outras bactérias, não especificada, asséptica (viral), meningite de outra etiologia, meningite por hemófilo e por pneumococos.

“É uma doença que preocupa a todos e é um desafio atingir a meta, mas não é difícil porque está com percentual próximo. É importante fazer aqueles dias destinados apenas para essa cobertura, como os dias “Ds”. A população é muito cooperativa quando ela é chamada nesses momentos”, analisa o infectologista.

Os óbitos pela doença no Estado, registrados até o último sábado, 23, somam 29 casos, um a mais do que ao longo do ano passado, que notificou 28 mortes. Os dados foram divulgados pela Sesa ontem.

Procurada pelo O POVO, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que apenas dois casos de meningite meningocócica foram confirmados em Fortaleza, no ano de 2022. Não houve mortes pela doença. "Em 2023, até dia 11 de setembro, o Município registrou três casos positivos da doença, onde um evoluiu para óbito", diz a nota.

Meningite bacteriana tem quase o dobro de casos do ano passado

Considerada a mais preocupante, a meningite bacteriana soma, neste ano, dois casos a mais do que em 2022. Foram registrados até o último dia 15 de setembro, seis casos da doença. Ao longo do ano passado, o Estado teve quatro registros. Ela é causada por uma bactéria, o meningococo e é contagiosa. Além disso, especialistas destacam que, caso não tratada, sua evolução é rápida, onde a vítima pode vir a óbito em menos de 24 horas.

De acordo com o Ministério da Saúde, a transmissão da doença acontece através da fala, tosse, espirros e beijos, por exemplo. O órgão destaca que nem todos que adquirem o meningococo ficam doentes, pois o organismo se defende com os anticorpos que cria através do contato com essas mesmas bactérias, adquirindo portanto, resistência à doença. Os sintomas, por sua vez, são característicos e podem auxiliar na identificação da doença de forma mais rápida.

 

O pediatra Eugênio Pacelli destaca que a única prevenção desse tipo de meningite é por meio da vacina. Apesar do público-alvo ser bebês de até 12 meses, todas as faixas etárias podem receber o imunizante. “A vacinação é durante o ano todo e ela é o melhor método de se evitar o contágio pela meningite”, pontua.

Outras formas de prevenção incluem: evitar aglomerações, manter os ambientes ventilados e a higiene ambiental. Ele destaca que qualquer caso de meningite precisa ser comunicado às autoridades sanitárias, pelo médico ou pelo hospital onde o paciente está sendo tratado.

O POVO procurou a Sesa para saber sobre a atualização sobre os dados da cobertura vacinal de meningite no Estado, visto que a última atualização está em março deste ano na plataforma IntegraSuS e o total de doses aplicadas da vacina neste ano.

A pasta informou nessa segunda-feira, 25, que a atualização é realizada pelo Ministério da Saúde na plataforma. Enquanto ao balanço de aplicações do imunizante, os dados não foram informados até o fechamento desta matéria.

Atualizada em 28/09/2023, às 16 horas

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