Máximas no Ceará atingem 40º C e fortalezenses sentem impactos das mudanças climáticas
Cidades cearenses tiveram temperaturas elevadas nesta segunda-feira, 25. Para quem trabalha debaixo do sol, as mudanças foram perceptíveisO Ceará atingiu máximas de 40°C durante a manhã e a tarde desta segunda-feira, 25, segundo dados coletados entre a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Conforme O POVO publicou no último domingo, 24, baseado nos dados publicados pelos institutos, determinadas cidades cearenses alcançariam temperaturas acima de 35°C nesta segunda, 25, em meio à onda de calor extremo que acomete o Brasil durante o florescer da primavera.
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No município de Jaguaribe foram registrados quase 40 °C. Já a cidade do Barro também chegou próximo desse patamar, com 40 °C, Crateús e Sobral tiveram máximas acima do esperado, sendo 39,3 °C para Crateús, e 39,8 °C em Sobral, respectivamente.
Em Fortaleza, as mínimas chegaram a 29,5 °C — os menores valores em relação as demais temperaturas máximas. No entanto, quando equiparado aos valores mínimos, a Capital aparece com os números mais expressivos, com temperaturas entre 25,8 °C e 26,8 °C, atrás, somente, de Tauá, com 34,8 °C.
No Ceará, de acordo com a Funceme, o impacto do El Niño está relacionado à diminuição dos acumulados de precipitação durante a estação chuvosa, devido à subsidência do ar sobre o Nordeste prejudicando o desenvolvimento das nuvens de chuva e até mesmo a formação de nebulosidade.
Para tanto, o Ceará está entre os estados que receberam alerta do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) na última semana.
Trabalhadores sentem impacto da mudança climática na Capital
O sol é um companheiro onipresente de um grupo seleto de trabalhadores. Nesta lista, estão inseridos, em especial, os mototaxistas e vendedores ambulantes.
Helena Claudia Melo, 55 anos, há três anos vendedora ambulante de salgados ao lado do Terminal da Parangaba instalou, para o período do sol, uma lona em cima da barraca. Só quando o sol vai embora, no fim da tarde, ela amarra o material e fica guardado para o dia seguinte.
"O negócio é sério aqui. É muito quente, mas o vento compensa. O vento ajuda a arejar um pouco", afirma.
João Marques, 58, mototaxista da região desde 2002, diz que "junta o calor do asfalto com a viseira, que agora obrigatória por lei, esquenta e fica insuportável o calor".
Para pegar uma doença, segundo o mototaxista, é muito fácil. "Gripe, dor de cabeça, dor de ouvido", são as doenças mais corriqueiras.
Pelo horário do meio-dia até às 16 horas, para os profissionais, fica inconcebível "rodar" as viagens por conta do sol. "A gente usa óculos escuros (de esporte). A viseira é fumê, para quebrar o sol e esfriar um pouco. Protetor solar a gente não usa, porque arde, cai nos olhos, tem uns que usam balaclava, mas é muito ruim", conta João.
Sobre o xiringador, inaugurado neste domingo, 24, ele avalia deveria ter em todas as regiões da Cidade. "Seria ótimo, mas lá é um ponto de turismo. Aqui não é. Aqui é só sol e poeira, e a noite não tem iluminação. Tudo isso é um fator que atrapalha a gente que trabalha no ramo de motos. Em geral, é um ramo muito afetado", pondera.
Exposição frequente ao sol pode causar a morte, alerta médica
De acordo com a médica cardiologista, Lacy Coelho Barbosa Neta, pessoas que trabalham diretamente debaixo do sol têm o agravante de a exposição solar direta aumentar a temperatura da pele. Com isso, o corpo precisa trabalhar mais para resfriá-la, aumentando os mecanismos de defesa - mais suor, mais desidratação. Isso pode levar a um estresse por calor ainda mais rápido em relação àquelas pessoas que não estão expostas diretamente ao sol.
Ela explica que, quando a temperatura do corpo aumenta mais rápido do que a capacidade de resfriá-lo, os órgãos vitais podem sofrer danos, levando o indivíduo à morte.
“Heat Stress, Estresse Térmico ou Estresse por Calor é uma condição médica real e muito séria. Esse aumento de temperatura é conhecido como hipertermia e pode ocorrer quando o corpo humano não consegue dissipar o calor de forma eficaz, causando o aumento perigoso da temperatura corporal e prejudicando o funcionamento normal dos órgãos”, esclarece a cardiologista, Lacy Coelho.
A exposição prolongada a altas temperaturas, especialmente em combinação com a alta umidade, pode levar a uma série de condições, como:
- Exaustão por calor;
- Insolação;
- Cãibras por calor;
- Edema periférico por calor;
- Taquicardia e respiração acelerada.
Por isso, hidratar-se, evitar atividades extenuantes durante as horas mais quentes do dia, usar roupas leves e soltas, além de procurar estar em locais frescos e sombreados, são passos importantes para garantir o bem-estar nesse período.
Alguns grupos de pessoas são mais vulneráveis ao estresse por calor como: idosos, crianças pequenas, gestantes, além de indivíduos que apresentam obesidade, doenças vasculares, cardíacas e mentais também devem ser acompanhados com maior rigor.
Previsão para os próximos dias em Fortaleza e demais regiões
A previsão da Funceme para os próximos dois dias (26 e 27 de setembro) no Ceará indicam predomínio de estabilidade. Todavia, pode haver algumas chuvas isoladas e passageiras no Litoral de Fortaleza na terça-feira, 26.
Ao longo destes dias a cobertura de nuvens deve variar de parcialmente nublado a sem nuvens em todas as macrorregiões.
As temperaturas máximas estão em valores estimados entre 37°C a 40°C na Ibiapaba, Litoral Norte, Jaguaribana, Cariri, Sertão Central e Inhamuns no período da tarde. Na faixa litorânea, incluindo o Litoral de Fortaleza, as temperaturas poderão ficar em torno de 26°C a 32°C.
Para Fortaleza e Região Metropolitana, a previsão do tempo indica céu variando de parcialmente nublado a sem nuvens nesse período. A Funceme destaca que podemos ter ventos mais fortes e com rajadas pontuais entre 35 km/h e 38 km/h. A temperatura deve ficar entre 25ºC e 33°C nas tardes destes dias.
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