Violência contra a mulher: 186 inquéritos são abertos na Operação Shamar
No Ceará, 193 pessoas foram presas em flagrante e 69 foram alvo de mandados de prisão. Deste contexto, 186 pessoas são investigadas em inquéritos após a operaçãoO balanço da operação Shamar, que tem o objetivo de coibir crimes de violência doméstica e familiar no Ceará, apontou 262 pessoas presas, sendo 193 prisões em flagrante e cumprimento de 69 mandados de prisão.
Dentro desse número três adolescentes foram apreendidos em flagrante, três Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCO) foram registrados e 186 pessoas são investigadas em inquéritos policiais a partir da prática do crime. Esses números são referentes as ofensivas do dia 21 de agosto até esta sexta-feira, 15.
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Medida protetiva virtual: saiba como solicitar em caso de violência doméstica
As informações foram divulgadas pelo delegado Paulo Renato Almeida, da Coordenadoria Integrada de Planejamento Operacional (Copol) durante coletiva de imprensa no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), em Fortaleza.
Essa operação ocorreu a nível nacional e foi coordenada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). No Ceará, as ofensivas foram realizadas por meio da Secretaria da Segurança Pública (SSPDS) com a Copol.
Esses alvos são pessoas investigadas por crimes de violência doméstica, ameaça, descumprimento de medidas protetivas, importunação sexual, entre outros.
Para o delegado Paulo Renato, a Shamar foi uma operação proveitosa em relação ao aspecto educativo para que esse tipo de crime não fique impune. De acordo com a SSPDS, o nome da operação faz alusão a uma palavra hebraica, que significa "cuidar, guardar e proteger, vigiar e zelar!.
Segundo a delegada geral adjunta da Polícia Civil do Ceará, Teresa Cruz, a Polícia Civil do Ceará (PC-CE) contou com a estrutura de inteligência na busca dos alvos e execuções de mandados. "São de extrema importância ações como essa", afirmou.
Conforme a delegada, quando há uma ampla divulgação das operações nacional, as mulheres procuram a delegacia para denunciar vários tipos de violência. A partir da divulgação a vítima toma ciência de diversos tipos de violência e procura ajuda, pois sabe que há rede de proteção e acolhimento.
"Após essas operações o número de denúncias aumenta. Esse reflexo é percebido pela quantidade de boletins de ocorrência, são denúncias de lesão corporal dolosa, descumprimento de medida protetiva e ameaça", comenta.
Violência contra a mulher: ações policiais foram intensificadas
A delegada Janaina Braga, diretora do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis, afirmou que a PC-CE participou ativamente da operação que teve inicio dia 21 de agosto, terminando na data de hoje, 15 de setembro.
Ao longo desse período foram intensificadas ações policiais com instaurações de inquérito, oitivas de vítimas, visitas a mulheres que possuíam medidas protetivas de urgência.
Para além das atividades policiais, também foram realizadas campanhas educativas e informativas. Levando a população o conhecimento da Lei Maria da Penha e como proceder diante de uma denúncia e de situações de violência, mostrar os canais de denúncia.
"No mês de agosto, o agosto Lilás, o sistema de medidas protetivas foi colocado a disposição da população e a mulher que necessita de uma medida protetiva ela pode pedir uma medida protetiva sem sair de casa", explica.
"Estivemos juntos cumprindo a missão do Ministério da Justiça. Na operação Shamar, que o nome já traduz o espírito, que é cuidar, zelar e proteger", afirma o coronel Kilderlan, coordenador geral de operações da Polícia Militar do Ceará.
Conforme o coordenador, para além das 70 cidades, houve um trabalho em rede com 184 municípios. "Todas as equipes estavam voltadas a proteger a mulher cearense e as mulheres que estão nos visitando, nós somos um estado turístico. Já fazemos esse trabalho e reforçamos nessa operação", comenta o oficial.
O comandante ressalta o trabalho do Grupo de Apoio a Vítimas de Violência (GAVV), que é coordenado pelo Comando de Proteção e Apoio às Comunidades (Copac), da PMCE. "Neste período o GAVV fortaleceu as ações proteger e cuidar das mulheres que estão nesse contexto. Trabalhamos em rede com a Polícia Civil e com a Supesp", comenta.
Operação Shamar: trabalho estratégico
De acordo com o coordenador da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), Nabupolazar Feitosa, o papel da Supesp antecede o papel que é feito pela Polícia. "Nós fazemos levantamento territorial, onde tem mais necessidade de atuação das forças publicas, nenhum agente sai sem saber para onde vai e o está fazendo", descreve o gestor.
De acordo com Nabupolazar, há um levantamento com os municípios que apresentam maior quantidade de ocorrências. "Fazemos isso por região e AIS de maneira precisa para que todo o esforço do estado do Ceará seja bem feito e seja gasto de maneira pontual para que não gaste energia a toa", ressalta.
O gestor da Supesp fala sobre a sincronia com as forças de segurança da SSPDS e do balanço positivo da operação. "A gente está contente com o resultado da operação Shamar. São 262 pessoas presas, pois significa mais paz e mais segurança para a mulher cearense, explica Nabupolazar.
Acompanhamento das vítimas
Operação Shamar: acompanhamento das vítimas
O coronel Kilderlan aponta que o GAVV funciona da seguinte forma: a partir do momento que é registrado Boletim de Ocorrência (B.O) relacionado a violência doméstica ou familiar, independente da mulher demonstrar o interesse no acompanhamento, a autoridade policial, verificando que ela precisa de um acompanhamento, entra em contato com o Copac, que passa a atendê-la. "Nenhuma vítima que está o GAVV está acompanhando ela foi perdida", comenta.
Há uma sintonia do GAVV com a Delegacia de Defesa da Mulher, a Casa da Mulher Brasileira, todo o sistema de proteção. "O acompanhamento é célere, ele funciona 24 horas por dia. É uma rede. Na hora que ela se sente ameaçada, uma medida protetiva que foi violada, ela entra em contato. Ela recebe visitas rotineiras dessa equipe", afirma.
Conforme o oficial, o Grupo também visita os agressores. "Muitas vezes existe um contexto que ele também foi vítima de violência em algum momento na vida e essa violência está reverberando. Então existe esse cuidado na vítima como no agressor", afirma.
Violência contra a mulher: importância das denúncias
A delegada Janaina Braga explica que a mulher vítima de violência precisa de acolhimento e pode procurar a delegacia mais próxima ou a delegacia especializada. Em agosto último foi lançado o sistema de medidas protetivas on-line. "A partir do momento que ela denuncia, a Polícia Civil tem condições de investigar e o agressor ser responsabilizado", descreve.
A delegada explica que a participação da sociedade é fundamental. "No momento em que presenciar violência doméstica, uma agressão contra mulher ou tomar ciência pode denunciar pelos mesmos canais ou comparecendo em uma delegacia mais próxima. É importante a sociedade tomar consciência da violência doméstica para evitar o feminicídio", afirma.
Uma pesquisa da Defensoria Pública do Estado do Ceará, com 518 mulheres, retrata o perfil das vítimas atendidas pelo órgão. Quatro em cada dez vítimas sofrem há mais de seis anos com as agressões. A reportagem da jornalista Alexia Vieira ainda apontou que em 88% dos casos começam com violência psicológica. (Colaborou: Kleber Carvalho/Especial para O POVO)
Violência contra a mulher: canais de denúncia
As denúncias de violência contra a mulher podem ser feitas pelo número 180, que atende em todo o território nacional, 24 horas por dia.
Disque-Denúncia: 181
WhatsApp da SSPDS: (85) 3101 0181
Solicite seu pedido de medidas protetivas on-line