Número de internações por infarto aumenta 250% no Ceará em 14 anos
Dados são de levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) com base em registros do Ministério da Saúde
06:00 | Ago. 02, 2023
O Ceará é o estado brasileiro com o nono maior aumento no número de internações por infarto em 14 anos. Número pulou de 1.619 em 2008 para 5.679 em 2022. Um aumento de 250,77%. Dados são de levantamento do Observatório de Saúde Cardiovascular do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) a partir de dados do Sistema de Internação Hospitalar do DataSUS, do Ministério da Saúde.
No Brasil, o acréscimo foi 130,55%, passando de 18.856 para 43.472. De 2017 a 2021, 7.368.654 brasileiros morreram devido a doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte entre homens e mulheres no país, conforme a entidade.
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Números abrangem todos os pacientes brasileiros do SUS (em hospitais públicos e hospitais privados que têm convênio com o SUS), o que representa de 70% a 75% do total de pacientes no Brasil.
O infarto é causado quando há uma obstrução das artérias coronárias que irrigam o coração, ou seja, levam sangue oxigenado até ele, explica a médica cardiologista Giselle Barroso, que atua no Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIDH).
A principal causa da obstrução são placas de gorduras, que formam um coágulo de sangue, que lesionam alguma artéria, mais precisamente o endotélio, que é a parte interna. Dessa forma, o coração deixa de receber o fluxo sanguíneo.
As causas do infarto estão associadas principalmente a "hipertensão arterial não controlada, colesterol alto e diabetes". "Existem condições que aumentam o risco da artéria obstruir, como obesidade, tabagismo, uso excessivo do álcool, drogas ilícitas, como cocaína, crack, sedentarismo, estresse", cita.
Para prevenir, ela cita cuidados como "cuidar da alimentação, fazer exercício físico, abandonar tabagismo, ir ao médico regularmente e fazer checkup, prevenir ou controlar a diabetes, controlar a hipertensão, o colesterol e o peso, diminuir o estresse, melhorar a qualidade do sono, diminuir ou retirar o álcool".
Seu Antônio Ferreira, 81, não tem diabetes, hipertensão, nem problema do coração. Embora sem doenças relacionadas, ele teve um irmão que já passou por uma cirurgia cardiovascular. Por isso, faz exames anuais e cuida para ter uma alimentação saudável. "Fazia caminhada e parei, mas vou voltar a fazer academia", acrescenta sobre os cuidados.
A cardiologista Giselle Barroso destaca que o fator familiar é muito importante, se tiver familiar de primeiro grau (pai, mãe, irmãos) com histórico de doenças cardiovasculares, é preciso muito mais cuidado.
"É importante o tempo de chegar ao hospital para abrir a artéria. Se deixar para ir 'amanhã', pode ficar sequelado para o resto da vida", alerta. A médica detalha que nem sempre os sinais são típicos. O mais comum é uma dor no peito na frente do esterno, com sensação de peso e ardor.
"Pode ir para a região maxilar, costas, pescoço ou para os braços. É associada a sudorese, palidez, falta de ar. Às vezes, o paciente só tem uma fadiga, um cansaço maior para fazer atividades comuns. Por isso, é importante procurar a assistência médica, verificar a pressão, fazer um eletrocardiograma, principalmente se tiver um fator de risco", reforça.