Quem é Majestade, condenada a 15 anos de prisão, e qual o papel dela na facção criminosa
Por meio da quebra de sigilo de dados do aparelho celular de Valeska, a Draco obteve um mapeamento das áreas e dos responsáveis pelo tráficoFrancisca Valeska Pereira Monteiro, a "Majestade", como é conhecida, foi condenada a 15 anos de prisão no último dia 12 de julho pelo crime de organização criminosa. A mulher é apontada pela investigação da Delegacia de Repressão às Organizações Criminosas (Draco), da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), como responsável pela contabilidade do Comando Vermelho (CV).
Também estaria ligada a uma das maiores lideranças do CV, Max Miliano Machado da Silva, conhecido como "Lampião". No dia 26 de agosto de 2021, Majestade foi presa em Gramado, no Rio Grande do Sul, por meio do trabalho investigativo da Draco. A atuação dela na organização criminosa foi descoberta por meio de interceptação de dados telemáticos, que apontaram a administração financeira realizada por Valeska.
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A mulher possui antecedentes criminais por tráfico de drogas, roubo, crime contra a fé pública e associação criminosa. Valeska havia rompido a tornozeleira eletrônica duas vezes e era alvo de investigação há aproximadamente um ano. Na época, o delegado Clever Farias afirmou que a investigação em relação a Majestade foi desencadeada há aproximadamente um ano.
O aparelho celular de Valeska foi apreendido por meio de autorização judicial de quebra de sigilo de dados. Foram encontrados grupos de WhatsApp do CV e conversas privadas com integrantes da facção.
Os registros dessas pessoas estavam relacionados a "biqueiras", que são áreas da organização criminosa que determinado membro do grupo é responsável pelo tráfico de drogas.
A investigação policial apontou que Valeska teria pedido, um a um, aos responsáveis pelo tráfico, que enviassem os respectivos cadastros. Os dados extraídos do aparelho apontavam uma estrutura controlada e hierarquizada do CV. Havia cargos de diferentes escalonamentos em diversos municípios cearenses.
Eram mais de 1.700 mensagens com informações sobre donos de biqueiras, o "vulgo" (apelido) do padrinho do respectivo dono, o endereço do local da biqueira e a frente (chefe) da biqueira.
A defesa de Valeska apontou ausência de justa causa e falta de individualização das condutas. Ainda sustentou a falta de provas suficientes em relação à condenação dela, mas o juiz decidiu pela condenação de Majestade a 15 anos e três meses de reclusão.
A operação "Annulare", considerada a maior ofensiva da história da Polícia Civil contra uma só facção, aconteceu a partir da prisão de Valeska e apreensão do celular dela e do seu companheiro. Na decisão, a Justiça considerou frágeis as provas encontradas no aparelho de Valeska.
A "Annulare", que teve início após a prisão de Majestade, foi fruto de uma investigação que gerou mais de 800 mandados judiciais.
Número de mulheres envolvidas com facções cresceu em 2021
Em 2021, O POVO verificou, por meio da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), um aumento de 65,1% no número de mulheres envolvidas com organizações criminosas. Foram 71 prisões em flagrante pelo artigo 2º da Lei 12.850 (organização criminosa) entre janeiro e outubro de 2020, segundo dados da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública.
Majestade foi citada na matéria pela Draco. O delegado Clever Farias afirmou que a entrada de mulheres como lideranças nas facções ocorreu, na época, como substituição dos chefes das facções que foram presos. O POVO verificou que, em 2021, o tráfico de drogas representava 52,5% da população carcerária feminina. (Colaborou Lucas Barbosa)