Aumento de quase 50% dos incêndios em terrenos baldios no Ceará preocupa bombeiros
Em entrevista à rádio O POVO CBN Cariri, Humberto Júnior, capitão da 2ª Cia do Corpo de Bombeiros Militares do Ceará (CBMCE) ensina como prevenir e denunciar a queima ilegal de resíduos em monturo
17:58 | Jul. 27, 2023
Com o aumento significativo do período de incêndios em terrenos baldios em 2023 no Ceará, a rádio O POVO CBN Cariri convidou o capitão da 2ª Cia do Corpo de Bombeiros Militares do Ceará (CBMCE), Humberto Júnior, para debater sobre a temática.
Segundo dados da corporação, em relação a 2022, no período dos seis últimos meses, foram registradas 245 ocorrências. Em 2023, o número subiu para 374 ocorrências. É um aumento de quase 50% das ocorrências de incêndio em monturo no Ceará.
Pela projeção, a estimativa é que mais de três mil ocorrências de fogo em terrenos baldios só neste ano. “É um número muito alto, dá quase cinco ocorrências por dia”, comenta o capitão dos bombeiros, em conversa com o apresentador Farias Júnior.
Humberto esclarece que, com a chegada do verão, estação conhecida como a seca no Nordeste, é quando há o aumento dos casos.
Em vigor no Brasil desde 1998, a Lei N° 960598 assegura que crimes ambientais são práticas totalmente ilegais.
Ao observar qualquer princípio de incêndio, Humberto diz que o procedimento padrão é ligar imediatamente para os bombeiros, por meio do 193, que atende 24 horas por dia as ocorrências.
A princípio, os proprietários do terreno devem "murar, isolar, cercar, fazer uma limpeza, e botar aquelas placas de proibido colocar lixo”, atenta Humberto.
“Porque, de certa forma, no terreno baldio, as pessoas vão ali, passa o carroceiro, vê aquele terreno 'meio sem dono' e jogam mais entulho e mais lixo. Passa despercebido, mas este ato também vai gerar mais insetos, baratas, ratos, escorpiões", acrescenta.
No triângulo Crajubar, Região Metropolitana do Cariri, neste último sábado, 22, houve um incêndio em um terreno baldio ao lado do terminal rodoviário de Juazeiro, perto da garagem da empresa Guanabara. O incêndio gerou bastante preocupação por conta da região ser ocupada por alguns hospitais, clínicas e residenciais.
Caso alerta para riscos à saúde da população
Para Humberto Júnior, capitão da 2ª Cia do Corpo de Bombeiros Militares do Ceará (CBMCE), não se trata apenas de uma questão ambiental, mas também de saúde pública. "A folia e a fumaça, quando acontece em uma área de grande atividade, é prejudicial por conta da inalação ao corpo humano. "Ela tem um agente tóxico que, quando entra no seu pulmão, gera uma inflamação terrível", lembra o capitão.
Aos que tem sinusite, rinite, há o aumento do grau de dificuldade respiratória. As crianças, que estão em processo de desenvolvimento da imunidade (dos seis e sete anos de idade), quando entram em contato, também sofrem, assim como o idoso, que, por já ter um desgaste no próprio organismo, principalmente do pulmão.
Em casos de queima em locais onde há hospitais nas proximidades, o dano à saúde pública pode ser ainda maior por conta do lixo hospitalar, que pode vir a ocasionar: irritação nos olhos, inflamação de garganta, tosse, dor de cabeça, vômito, entre outros sintomas.
Queima de lixões é problemática no Ceará
Humberto afirmou, durante participação no programa da rádio O POVO CBN Cariri, que existem poucas guarnições disponíveis para as ações dos bombeiros. "Ainda é muito limitada, o que dificulta o atendimento e a locomoção para municípios cearenses". Além disso, ele exalta o problema de fogo em terrenos baldios, o Ceará passa por uma problemática maior: a queima dos lixões.
"Abrangemos uma área gigantesca. Uma que vai do Cariri até a divisa com Pernambuco, e outra que vai até Campos Sales. E temos outra viatura no Juazeiro e no Crato que serve para cobrir uma área também muito extensa“.
Sobre o problema dos lixões na cidade, ele avalia que este é um problema que as prefeituras já deveriam ter resolvido. Principalmente, dos lixões à céu aberto, que são livres de de contorno, pois qualquer pode chegar lá e atear fogo.
Conforme o capitão, somente no mês de julho de 2023, os municípios de Nova Olinda e Crato já solicitaram os bombeiros para este tipo de ocorrência.
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