Semana Estadual de Proteção aos Manguezais promove ações para preservação do bioma
Ações acontecem diante do Dia Mundial de Proteção ao Mangue, 26 de julho, e têm como objetivo conscientizar sobre a preservação dos manguezais, que ocupam 19 mil hectares do território cearense
21:07 | Jul. 26, 2023
A Semana Estadual de Proteção aos Manguezais, na qual são desenvolvidas diferentes atividades para preservação do bioma, foi oficialmente aberta nesta quarta-feira, 26 de julho, em evento no Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba, promovido pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudanças do Clima (Sema).
As ações vão acontecer até o dia 5 de agosto. Nos próximos dias serão realizadas sessões de cinema e ações educativas, além de imersão no manguezal, limpeza do mangue, realizada nesta quarta-feira, 26, e um mutirão de limpeza de resíduos sólidos, que acontecerá no dia 3 de julho.
A semana, que acontece anualmente por volta do dia 26 de julho, Dia Mundial de Proteção ao Mangue, foi instituída pela Lei Estadual nº 16.996, de 2019, que é de autoria do então deputado estadual, Acrísio Sena, do PT.
Acrísio explica que a lei foi idealizada pela população nativa da Sabiaguaba e pelo Museu do Mangue, e que vem no sentido de sensibilizar a juventude para a preservação do ecossistema. O Ceará foi o primeiro estado brasileiro a instituir uma semana de proteção aos manguezais.
“O Ceará foi pioneiro, ofertou para o Brasil e para os países que ainda têm mangues ou manguezais essa grande contribuição, essa grande referência de luta em defesa dos manguezais,” relata Acrísio, que atualmente preside o Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec).
O Ceará é o oitavo estado com maior área de mangues no Brasil, segundo o Atlas dos Manguezais do Brasil, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O estado tem mais de 19 mil hectares desse bioma.
Nesse território estão localizadas 27 unidades estaduais de conservação administradas pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima, entre elas o Parque Estadual do Cocó, que compreende o complexo ambiental da Sabiaguaba.
Segundo o secretário executivo da Sema, Fernando Bezerra, a Sabiaguaba é um dos pontos de limpeza do Rio Cocó. “É impressionante a quantidade de lixo que eles apanham. Chegam a apanhar três ou quatro sacos grandes só de garrafas pets. Isso é uma inconsciência muito grande e precisa que seja feito um trabalho de educação ambiental, principalmente nessa zona onde fica o acesso principal ao rio,” afirma.
Ele conta que, durante a primeira limpeza realizada na atual gestão foram encontrados, além da poluição proveniente dos esgotos e demais resíduos sólidos, fogões, sofás, colchões e geladeiras.
“A quantidade de resíduos que são jogados no rio causa destruição do mangue porque sufoca ele, ele precisa respirar, e principalmente essa fauna existente que existe aí e também precisa desse material para sobreviver”, afirma.
Além disso, o secretário também acredita que a grande população de Fortaleza, apesar de ter acesso a esgotamento, não faz a ligação de esgoto em suas casas devido ao valor pago pelo serviço.
“Essa preservação passa também por essa fase de você tentar resolver pela população porque os moradores da área não são os culpados disso, eles procuram preservar, mas porque ao longo do rio, no rio Cocó especificamente, desde Pacatuba já vem sendo intensamente poluído por resíduos”, coloca Bezerra.
Conscientizar a população é um dos objetivos das ações realizadas durante a Semana Estadual de Proteção aos Manguezais. Nesta sexta-feira, 28, duas ações educativas devem acontecer, uma no Parque Estadual Botânico do Ceará e outra no Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba.
O secretário executivo também afirma que, atualmente, há uma preocupação maior com a preservação da Amazônia e pouco se escuta falar sobre a destruição dos manguezais, que têm também uma grande captação do carbono.
Para Acrísio Sena, a conscientização deve ser uma preocupação permanente e um trabalho realizado desde a infância até o ensino superior. “Nós encontramos problemas em várias faixas etárias de degradação do meio ambiente, de degradação dos manguezais, inclusive por incompreensão do seu papel estratégico dentro da natureza, dentro do equilíbrio do clima e da preservação de espécies estratégicas para todos nós”.
Bete Araújo, que trabalha como produtora cultural no complexo, explica que o espaço costuma fazer trabalhos em parceria com escolas e que busca conscientizar as crianças sobre a preservação do mangue, berçário da fauna marítima.
O Complexo Ambiental e Gastronômico recebe um grande público, especialmente aos domingos, de famílias e banhistas. Atendendo aos comerciantes do espaço, o Acrísio Sena informou que o Centec deve disponibilizar capacitações em gestão de negócios e inglês instrumental aos àqueles que trabalham no local.
Bete conta que os trabalhadores do Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba foram capacitados para instruir o público. “A gente conversa muito com as crianças que vêm, mostra para eles que esse é o futuro deles, que eles têm que cuidar, que têm que fiscalizar os pais porque eles vão herdar isso aqui,” diz.
Um dos problemas que Bete tem percebido no local é a pesca de siri azul, o siri mole utilizado em pratos típicos, fora da época de caça. A pesca no local é permitida somente por pessoas autorizadas. A Polícia Ambiental realiza fiscalizações a barco na região para coibir irregularidades.
Serviço:
A programação completa da Semana Estadual de Proteção aos Manguezais foi divulgada pela Sema e pode ser acessada pelo site da secretaria.
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