Gêmeas siamesas usam as redes sociais para combater tese do corpo perfeito
Ruthellen e Ruth têm o objetivo de expandir atuação nas redes sociais e escrever livroAs gêmeas siamesas Ruthiellen Pereira de Lima e Ruth Pereira de Lima, de 21 anos, compartilham, além de suas trajetórias, aspirações em comum. Afastar teses do corpo perfeito e mostrar ao público que as condições físicas não as impedem de buscar os seus sonhos são alguns dos objetivos das duas.
Naturais de Fortaleza, as gêmeas nasceram ligadas pelo abdome e tiveram de passar por uma cirurgia de separação quando tinham um ano de idade — as duas dividiam aparelhos urinário, reprodutor e digestivo.
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Como forma de se desvencilhar de estereótipos, Ellen (como prefere ser chamada Ruthellen) e Ruth mantêm uma rotina ativa nas redes sociais, onde compartilham vídeos de seus hábitos e de momentos de lazer — juntas, elas têm mais de 108 mil seguidores no Instagram.
Em entrevista ao O POVO, as duas esmiúçam de que maneira gostariam de atingir a vida das pessoas com a divulgação dos seus vídeos e o que esperam conquistar com o trabalho desenvolvido. Iniciar uma graduação e confeccionar um livro estão entre os sonhos do futuro.
“Quero quebrar o tabu da perfeição. Não dá para ficar perfeita por meio de uma cirurgia estética ou coisa do tipo. Muitas pessoas estão ficando doentes por causa disto. Também tenho o desejo de escrever um livro para contar a nossa história de vida e as coisas que estão acontecendo agora no nosso cotidiano. Já tenho até ideia para a capa ”, afirma Ruthellen.
Já Ruth quer tracionar a sua atuação nas redes sociais — um empecilho para a tarefa é sua necessidade de ficar muito tempo deitada, o que dificulta a mobilidade. Ela também tem o interesse em iniciar uma graduação em Psicologia, sonho plantando desde a sua época de colégio — ela sublinha ser seu objetivo ajudar pessoas que sofrem com ansiedade e depressão.
“Tinha e tenho o sonho de ser psicóloga. Mas, para isto, era necessário muito estudo e uma rotina muito puxada [no colégio], algo que não podia ter naquele momento. Na época da escola, faltava muitas aulas por causa das dores que sentia”, disse Ruth.
Além de planos para o futuro, as gêmeas siamesas lembram das dificuldades enfrentadas durante o colégio. Ademais a necessidade de se ausentaram das aulas para tratarem problemas de saúde, as duas sofreram com bullying e com a falta de amparo de professores e diretores.
“Acontecia todas as semanas, praticamente. Sempre chegava em casa chorando e minha mãe tinha que me consolar. Isto nos afetou bastante, porque era muito difícil conseguir amigos. Acabei repetindo de ano, não foi nada fácil”, aponta Ruthiellen.
Vidas separadas
Depois de passarem toda a vida juntas, as gêmeas agora lidam com a situação de morarem separadas — Ruthiellen vive, há oito meses, na casa de seu namorado. A partida, de início, foi sentida por Ruth, que agora garante estar mais acostumada com a distância entre as duas.
"No início, fiquei triste por estar longe da minha família. Chorava muito mesmo. A minha irmã sempre foi a minha companheira. Mas, mesmo tendo sofrido muito, precisei continuar com a minha vida. Precisei voar. Mas nunca deixei de voltar para minha casa para rever as duas", diz Ruthiellen.