Duas cidades da Grande Fortaleza estão entre as 50 mais violentas do Brasil

Maracanaú e Caucaia são, respectivamente, os 21ª e 29ª municípios com maior taxa de assassinatos do País, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública

16:59 | Jul. 20, 2023

Por: Lucas Barbosa
Cena de homicídio em Maracanaú. Imagem meramente ilustrativa (foto: Reprodução/ WhatsApp O POVO)

Atualizado às 19h45min

O Ceará aparece no Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, divulgado nesta quinta-feira, 20, com dois municípios entre os 50 com maiores taxas de homicídios do Brasil. Maracanaú e Caucaia, ambos na Região Metropolitana de Fortaleza, estão, respectivamente, na 21ª e 29ª posições do ranking elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Conforme o Anuário, que utilizou dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Maracanaú teve, em 2022, uma taxa de 55,9 Mortes Violentas Intencionais (MVIs) por 100 mil habitantes. Os MVIs incluem homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes por intervenção policial.

Já Caucaia teve uma taxa de 51,2 MVIs por 100 mil habitantes. O líder do ranking é o município baiano de Jequié, com uma taxa de 88,8 mortes por 100 mil habitantes. Os dados são referentes apenas aos municípios com mais de 100 mil habitantes.

O Nordeste é a região com o maior número de municípios entre aqueles que têm a maior taxa de assassinatos. São 26 municípios da região entre os 50 mais violentos. Apesar disso, o Nordeste apresentou uma redução de 4,5% no número de homicídios, a maior redução do País.

Enquanto em 2021 foram 21.011 assassinatos, em 2022, foram 20.122. O Nordeste, porém, segue liderando o ranking de regiões mais violentas, seguido do Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste.

Confira o ranking das 50 cidades com maior taxa de homicídios do País:

 

Posicionamento da SSPDS

Em nota, a SSPDS destacou que o Estado saiu de seis municípios entre os 50 mais violentos (em 2020, última vez que o levantamento foi feito pelo Anuário) para dois. Também mencionou que nem Caucaia, nem Maracanaú estão entre os 20 municípios com maior taxa de homicídios do País. Em 2020, Caucaia havia sido apontado como o município mais violento do Brasil.

A pasta também reforçou que o Estado teve, em 2023, uma redução de 7% no número de homicídios no primeiro semestre. Enquanto no ano passado foram registrados 1.481 casos, em 2023, foram 1.377. Confira a nota da SSPDS na íntegra:

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS/CE) informa que as ações de enfrentamento à criminalidade realizadas pelas Forças de Segurança do Ceará têm resultado na redução de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) no Ceará. Devido às estratégias e aos investimentos feitos pelo Governo do Ceará na Segurança Pública, além do trabalho integrado das Forças de Segurança, Fortaleza apresentou uma redução de 28,4% nos índices de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs). O resultado é referente ao primeiro semestre de 2023, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Ao todo, foram 323 casos registrados, na Capital, nos primeiros seis meses deste ano, contra 451 no mesmo período de 2022. Esse foi o melhor semestre, em Fortaleza, da série histórica que vem desde 2009. A redução foi presente também em todo o Estado, quando foram contabilizados 1.377 casos, no 1º semestre deste ano, enquanto no primeiro semestre do ano passado foram 1.481 registros; o que representou uma redução de 7%. Em junho deste ano, o Ceará apresentou o menor número de CVLIs desde o mês de dezembro de 2019.

A redução também é presente no quadro comparativo do mês de junho deste ano em relação a junho de 2022, tanto para Fortaleza como para todo o Estado. Nos dados compilados, por meio da Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp) da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), foram registradas 44 mortes violentas em junho deste ano, na Capital cearense. A queda é de 36,2%, já que no mesmo período de 2022 foram 69 casos. A redução neste período, no Ceará, foi de 3,3%, com 207 mortes, no sexto mês deste ano, e 214, no mesmo período do ano passado. Os CVLIs englobam homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.

Taxa de Mortes Violentas por 100 mil habitantes

Neste ano de 2023 (dados de 2022), o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em seu anuário, colocou as 50 cidades, com população acima de 100 mil habitantes, mais violentas do país, segundo a taxa de Mortes Violentas Intencionais - MVI. Conforme análise feita pela Geesp da Supesp, quando comparado com o anuário de 2021 (dados de 2020), que também coloca apenas os municípios com mais de 100 mil habitantes, o Ceará passou de seis municípios, entre os 50 com as maiores taxas do Brasil, para apenas dois municípios entre os 50, em 2023. Na publicação deste ano (dados de 2022), o Ceará não apresenta nenhum município entre os 20 com maior taxa.

Caucaia, que liderava o ranking do anuário de 2021 (dados de 2020), no anuário de 2023 (dados de 2022) caiu para a 29ª posição. Uma queda bastante relevante, reduzindo a taxa em quase 50% (de 98,6 por 100 mil habitantes para 51,2). Já o outro município que aparece na lista - Maracanaú, figura em 21º lugar, com taxa de 55,9. Não se mostrou adequado comparar com o ranking do anuário de 2022 (dados de 2021) pelo anuário de 2022 ter utilizado metodologia diferente, considerando todos os municípios, independente da população.

O Ceará passou da 5ª posição em taxa de 2021 para a 8ª com os dados de 2022 (taxas de 39,01 e 35,52 MVI por 100 mil habitantes, respectivamente). Entre as capitais, Fortaleza também melhorou seus resultados e foi refletido no ranking, saiu do 5º lugar em 2021 para o 9º em 2022, com taxas de 38,39 e 35,90 MVI por 100 mil habitantes, respectivamente.

Resultados positivos

Para chegar a esses resultados de reduções consecutivas, as Forças de Segurança realizam, de forma permanente, operações de combate à criminalidade em bairros de Fortaleza, na Região Metropolitana e em todo o Estado. As ações são realizadas por órgãos vinculados à SSPDS, principalmente, pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) e pela Polícia Militar do Ceará (PMCE), em parceria com os setores de inteligência da própria SSPDS e dessas vinculadas, com apoio de órgãos parceiros. O combate às organizações criminosas é reforçado pelas investigações conduzidas pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da PC-CE. A SSPDS realiza “Operação Focus”, que tem como objetivo coibir Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) e os Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVPs) em pontos estratégicos de Fortaleza, da Região Metropolitana e do interior do Estado. Sob a coordenação da Coordenadoria Integrada de Planejamento Operacional (Copol) da SSPDS, as composições da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) e da Polícia Militar do Ceará (PMCE) realizam, durante as operações, saturações pelos bairros escolhidos por meio de dados analisados pela Geesp da Supesp.

Apreensão de armas de fogo

O aumento das apreensões de armas de fogo no Ceará se deve ao empenho das Forças de Segurança do Ceará que, de forma estratégica, desenvolvem ações integradas em todo o Estado. Os trabalhos conjuntos da Polícia Militar do Ceará (PMCE), da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE), do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) e da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) contribuem também para a redução dos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs). A intensificação de abordagens feitas pela PMCE, a partir de indicadores georreferenciados pela Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) e as investigações conduzidas pela PC-CE, com suporte dos setores de inteligência, tem resultado no crescimento das apreensões de armas de fogo.

As ações seguem em andamento para garantir a continuidade dos bons índices. Durante o mês de junho de 2023, as Forças de Segurança do Ceará recolheram 623 armas de fogo em todo o Estado. O resultado representa um aumento de 26,4%, em comparação com o mesmo período em 2022, quando 493 armas foram apreendidas. Os dados foram extraídos pela Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp) da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) da SSPDS. Entre janeiro e junho deste ano, foram recolhidas 3.343 armas no Ceará. Conforme estudos da Supesp, o 1º semestre foi encerrado com média mensal de 557 armas apreendidas.

A SSPDS destaca a importância da denúncia para as apreensões. As denúncias podem ser repassadas para o 181, o Disque-Denúncia da SSPDS, ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp. O sigilo e o anonimato são garantidos.