Investigação do MP aponta que facção usa dinheiro para obter denúncias contra SAP
Dinheiro enviado ao núcleo da facção seria para atingir a meta, que era obter 70 denúncias por visitante. "O firme trabalho de valorização e cuidado da Polícia Penal cearense não cederá espaço para as tentativas intimidatórias e acusatórias do crime organizado", diz a SAP.O Primeiro Comando da Capital (PCC) estaria enviando valores ao núcleo da facção no Ceará para que a organização criminosa obtivesse denúncias contra a gestão da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). O objetivo seria obter o fim da gestão de Mauro Albuquerque, da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). As informações fazem parte de uma investigação do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE).
Entre os anos de 2022 e 2023, foram registradas 33 denúncias por meio do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF), que é ligado ao Tribunal de Justiça do Ceará. A gestão da antiga CPPL 4 foi afastada após denúncias de maus tratos. Em setembro de 2022, foi deflagrada a operação Martírio, do MPCE, que teve início com em uma audiência e descobriu 72 presos lesionados em uma unidade prisional. Há quatro dias, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, se reuniu com a SAP para discutir a implantação de câmeras corporais nos policiais penais.
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Depois do afastamento da gestão da CPPL 4, a defesa da direção afastada apresentou ao O POVO vídeos de um motim na unidade, que conforme os advogados, seria um dos principais motivos do afastamento. A defesa apontou que o amotinamento seria da facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Os presos do PCC, que eram da antiga CPPL 3, foram levados para a CPPL 4 e houve o motim em que os internos tentaram roubar as armas dos policiais, inclusive, quebrando um dos armamentos.
PCC envia dinheiro ao Ceará para incrementar denúncias que prejudiquem Mauro Albuquerque
Conforme a fonte ligada ao MPCE, o Ceará está entre os estados que receberia repasse de verbas da organização criminosa. A "Sintonia dos Bravatas" tinha o objetivo de que fossem incrementadas denúncias de crimes dentro das unidades e que fosse prejudicada a gestão do atual secretário Mauro Albuquerque. Esses valores seriam destinados para incentivar as denúncias e pagamento de advogados.
A meta da facção seria de obter 70 denúncias por visitante, pois ,dessa forma, seria possível chamar a atenção da imprensa e, consequentemente, da sociedade para a situação dos detentos. Em abril deste ano, O POVO mostrou o trabalho do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), que identificou "salves" divulgados em tampas de quentinhas. As ações aconteciam na Casa de Privação Provisória de Liberdade (antiga CPPL 3).
Essas investigações começaram em abril de 2022, quando foi apreendido um material na ronda noturna da unidade prisional. As informações divulgadas nos "salves" eram sobre o funcionamento da facção e orientações para serem compartilhadas com familiares. Havia uma campanha para cooptar integrantes para a organização criminosa.
De acordo com a fonte, todas as organizações criminosas compartilham do mesmo movimento das denúncias, no entanto, a que mais estava organizada em relação ao movimento seria o PCC. Os valores não foram informados pela fonte.
A SAP, por meio de nota, informou que segue seu trabalho de organização e disciplina do sistema prisional no Ceará com transparência, legalidade e respeito as instituições. Os projetos em larga escala de ressocialização de pessoas egressas e privadas de liberdade
"O firme trabalho de valorização e cuidado da Polícia Penal cearense não cederá espaço para as tentativas intimidatórias e acusatórias do crime organizado", diz a SAP.
"A rotina passada das unidades prisionais cearenses de assassinatos, tráficos de drogas, estupros e uso criminoso de telefones celulares foi substituída por um cotidiano de internos e internas com fardas do Senai em cursos de capacitação, capacetes de construção civil através da dignidade do trabalho e recordes sucessivos de aprovação em exames nacionais de educação", informou o órgão.