Pipas causaram mais de 400 descargas elétricas no Ceará em 2022
Enel afirma que os casos começam no segundo semestre do ano, quando há aumento do vento. Médico atenta para acidentes por uso do cerol ou outros objetos cortantes presentes nas pipas. Funceme fala sobre quilometragem do vento neste períodoDe janeiro a dezembro de 2022, o Ceará registrou cerca de 411 ocorrências de quedas de energia por conta de pipas em fiações de energia. O número equivale a 203.107 clientes prejudicados. Fortaleza é a cidade onde há maior registro de ocorrências no Estado, somando 213 ocorrências e 160.474 unidades afetadas no respectivo ano. As informações são da Enel Distribuição Ceará.
Nas demais regiões do Estado, os mesmos dados apontam o Norte do Ceará com 125 ocorrências e 21.806 unidades comprometidas, e o Sul com 73 ocorrências e 20.827 unidades.
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No último domingo, 9, um motoqueiro morreu após ser atingido no pescoço por uma linha de pipa com cerol. O acidente aconteceu na BR-116, altura do quilômetro 13, no bairro Messejana, em Fortaleza.
Durante janeiro a maio de 2023, foram registradas 27 ocorrências, afetando 4.112 unidades. No entanto, segundo a Enel Ceará, a partir de junho é quando começa a ter registros mais significativos de casos. Na Capital, onde há o maior número de ocorrências, os bairros mais afetados em 2023 são, respectivamente, Bom Sucesso, Bom Jardim, Pici e Mondubim.
A empresa ressalta que soltar pipas perto da rede elétrica é extremamente perigoso, sob risco da linha ou da pipa enroscar nos fios e causar uma descarga elétrica. O mais indicado é que as crianças empinem pipas em espaços abertos, como parques e campos de futebol, e com supervisão de algum responsável.
De acordo com o diretor do núcleo de educação em urgências do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do Ceará, Yury Tavares, acidentes com linhas de pipa com resíduos cortantes — como o cerol, rabiolas, materiais metálicos ou linha chilena — costumam ser graves.
Yury destaca que o principal agravante é porque a lesão pelo fio é imprevisível, já que a pessoa que se machuca não consegue visualizá-la até que o objeto cortante atinja alguma parte do corpo.
“Algumas áreas do corpo são mais comuns, como a cabeça ou os braços, por serem mais vulneráveis. O problema é que, no pescoço, temos algumas estruturas vitais, vasos sanguíneos que levam sangue para a cabeça e que, se lesados, podem ocasionar um sangramento grave o suficiente para levar ao óbito”, ressalta o profissional.
Yury ressalta que existe uma lei estadual, sancionada em junho de 2020, que proíbe o uso do cerol em ambiente recreativo ou não. “As pessoas que ainda insistem em infringir esta lei precisam ser punidas seriamente para que não ocorra acidentes deste tipo, que podem ser fatais, mas podem ser evitáveis”.
O mero ato de empinar pipa fazendo uso da linha com cerol pode configurar delito de perigo para a vida ou saúde de outrem, previsto no Art. 132 do decreto de Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). A punição é de três meses a um ano de detenção.
O que fazer caso um cabo seja partido
A Enel Distribuidora informa que, em casos de cabos partidos, os clientes devem manter-se afastados e avisar imediatamente à distribuidora pela Central de Atendimento: 0800 285 0196, ou pelos perfis nas redes sociais Facebook e Twitter.
Acidente com objetos cortantes presentes em pipas
A principal maneira é tentar parar o sangramento até chegar a um serviço de saúde, como a UPA. Para isto, basta comprimir (apertar) em cima do ferimento com um pano limpo e seco. A partir do momento que começa a apertar, a orientação é não retirar o pano para verificar se o sangramento parou ou não.
Em seguida, é importante colocar o pano em cima do ferimento, apertar com a mão aberta por cima e contra o ferimento, e levar o ferido para o serviço de saúde onde será dito se o ferimento precisa ser fechado por meio de pontos ou cirurgia.
Metereologista da Funceme comenta aumento de vento de agosto a outubro
Vinicius Oliveira, meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), aponta que os ventos no segundo semestre de fato “são mais fortes do que no primeiro, em especial, nos meses de agosto, setembro e outubro”.
Segundo Vinicius, a média da quilometragem dos ventos entre este período gira em torno de 29 a 25 nós, o que significa 36 a 45 km por hora no litoral, e não dentro do continente, e as rajadas de vento que podem chegar a 30 a 33 nós, o que corresponde a 50 e 70 km por hora.
“A gente segue tendo chuvas normais, assim como no primeiro semestre, mas a diferença de agosto, setembro e outubro, é que as rajadas de vento são mais frequentes e os ventos são mais fortes. Um pouco mais fortes do que estamos vendo agora”, afirma.
De acordo com o meteorologista, são fatores meteorológicos e atmosféricos que fazem com que os ventos fiquem mais intensos nesta época do ano por conta da aproximação de um centro de alta pressão norteando o Atlântico, que passa ao Leste e Nordeste do Brasil. Os especialistas categorizam como ”Centro de Alta Pressão Subtropical do Atlântico Sul”.
Ele também explica que os ventos que se originam lá neste sistema central e se aproxima mais ao leste do Brasil, ao Nordeste, não tendo qualquer relação apenas com Ceará mas toda a costa do Norte e Nordeste.