Duas escolas cearenses são indicadas ao Prêmio Melhores Escolas do Mundo
Unidades estão entre as representantes brasileiras em categorias que reúnem instituições de outros paísesDuas escolas do Ceará estão entre as dez melhores do mundo em categorias do prêmio internacional Melhores Escolas do Mundo 2023. A escola campeã receberá 50 mil dólares.
As Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Jaime Tomaz de Aquino, do município de Beberibe, e Joaquim Bastos Gonçalves, de Carnaubal, foram destaques nas categorias de “Ação ambiental” e “Apoiando vidas saudáveis”, respectivamente.
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As instituições concorrem nas categorias com escolas de outros países, como Argentina, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Índia e Malásia.
Ação Ambiental
Criada em 2019, a Jaime Tomaz de Aquino desenvolve ações ambientais e de sustentabilidade desde o início do funcionamento, realizando o plantio de árvores nativas, jardins suspensos com produtos recicláveis e teto verde.
A instituição criou uma Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida, intensificando as iniciativas, que são realizadas com a participação ativa dos estudantes, e garantindo o selo Escola Sustentável, do Governo do Estado do Ceará.
A partir disso, a agenda verde na escola ganhou forças, com iniciativas como a criação de um biodigestor, coleta da água do ar condicionado e dos bebedouros — que são utilizados para aguamento das plantas — construção de uma horta escolar, de onde são extraídos produtos para a merenda dos alunos, como o cheiro verde e a pimentinha, e um clube de reciclagem.
Além das ações promovidas dentro do ambiente escolar, a unidade realiza ações que levam os alunos para além dos muros da instituição e até comunidades vizinhas. Os estudantes já visitaram as associações de catadores e recicladores, ONGs e parques.
Segundo o coordenador escolar Cojardo Silva, a implementação dessas ações gerou impactos positivos no espaço dos alunos. A escola, que tem cerca de 10 mil m², conta com poucos cestos de lixo espalhados e há baldes de coleta seletiva próximos ao refeitório, sendo suficiente para manter o espaço limpo e com pouca produção de lixo.
A diminuição dos gastos de água e de energia também foi observado pelo coordenador, que aponta ainda a conscientização dos alunos como responsável por essas mudanças.
“Nós conseguimos inspirar e motivar os nossos alunos a terem essa preocupação com a limpeza do ambiente escolar. É uma questão sustentável também”, pontuou.
A instituição também realiza iniciativas que promovem a acessibilidade, com a construção de rampas, e a diversidade. Para o coordenador, ser reconhecido pelas iniciativas de sustentabilidade também é de grande importância.
“O trabalho que a gente faz aqui não é com vistas a ganhar um prêmio monetário. É um trabalho feito para a vida, porque a questão ambiental é muito importante e muitos de nós estamos desligados dela. Os alunos têm a missão de replicar isso nas comunidades onde eles estão e a gente vê isso repercutindo. A nossa responsabilidade, agora, aumenta, porque nós temos que manter todas essas ações”, explicou.
Caso a escola de Beberibe seja a campeã da categoria, o coordenador aponta que o objetivo é reforçar e aprimorar os trabalhos já realizados e ampliar as ações para outras regiões.
“Nós poderíamos ter um galpão, com melhores ferramentas e telas, para poder produzir o material reciclável, porque nós ainda fazemos de uma forma muito primitiva. O nosso intuito seria melhorar e reforçar essas ações e replicar para outras escolas”, explicou.
Apoiando vidas saudáveis
Com o aumento do número de alunos que enfrentavam problemas relacionados à saúde mental na escola Joaquim Bastos Gonçalves, principalmente com a pandemia, o professor de Educação Física Guilherme Barroso criou o projeto “Adote um Estudante”.
Após entrar em contato com uma rede de psicólogos pelas redes sociais e convidar os profissionais para o projeto, a ação iniciou os trabalhos de atendimentos on-line gratuitos voltados aos alunos da instituição.
De acordo com Guilherme, psicólogos de vários estados do Brasil atuam voluntariamente na iniciativa. Ele explica que, a partir de uma divulgação e apresentação do projeto nas salas de aula, os alunos procuram o atendimento. O docente conta que, em 2020, muitos alunos da instituição estavam ansiosos, deprimidos, com a autoestima baixa e dificuldades de socialização em grupo.
“Nós, professores em sala de aula, encontramos uma realidade totalmente diferente. A gente teve necessidade de criar esse projeto e botar em prática. A gente fala que tem psicólogos disponíveis. Quando o aluno vai atrás, é porque sente a necessidade, vê que está precisando, e a gente encaminha o termo de autorização para os pais”, contou.
Atualmente, mais de 30 psicólogos fazem parte do projeto Adote um Estudante. No total, cerca de 33 estudantes já receberam atendimento e alguns alunos seguem com o acompanhamento mesmo após a conclusão do ensino médio.
Por conta da repercussão, escolas de outros estados, como Paraíba, Piauí e Paraná, chegaram a procurá-lo para implementar a iniciativa nas unidades escolares.
Uma das psicólogas que buscaram o projeto é Daiana Cristina, da cidade de Londrina. A especialista deseja implementar a ação no município onde mora e em regiões vizinhas, como Cambé, onde ocorreu o ataque à escola que deixou dois estudantes mortos.
“A demanda é muito grande para a quantidade de psicólogos que se encontra nas escolas. Não é todo mundo em uma escola pública que consegue pagar uma psicoterapia. Se cada profissional adotasse três adolescentes, ou um que seja, já seria a diferença. Se fosse um projeto que caminhasse para outras regiões, com certeza poderia evitar o que aconteceu em Cambé”, explicou.
Além dos atendimentos, o projeto promove oficinas de teatro, aulas de crochê e bateria, atividades esportivas e passeios para pontos turísticos do Estado.
Desde o surgimento da ação, o professor Guilherme Barroso analisa que os alunos tiveram grande progresso.
“A gente tinha alunos que não conseguiam socializar, nem para falar o nome deles em sala de aula. Hoje, tenho alunos que conseguem se comunicar, com a autoestima mais alta, que retornaram à escola. Temos alunos que hoje são capazes de andar com as próprias pernas”, considerou.
Para ele, estar na categoria do Prêmio Melhores Escolas do Mundo 2023 é gratificante. O professor considera que o projeto tem grandes chances de ganhar a categoria, mas destaca que o objetivo maior é levar a iniciativa para outras instituições do País.
Caso garantam o prêmio, o diretor da escola Joaquim Bastos Gonçalves estabeleceu que parte do valor será destinada para a construção de uma sala de acolhimento para os alunos.
Promovido pela T4 Education, as três melhores escolas de cada categoria deverão ser anunciadas pela organização global em setembro e as unidades campeãs serão divulgadas em outubro.