Justiça autoriza retificação no nome de 22 indígenas de etnia nativa do Ceará
Ações foram protocoladas pela Defensoria Pública, após mutirão realizado em abril deste anoA Justiça do Ceará proferiu sentenças favoráveis para a retificação das certidões de nascimento de 22 indígenas da etnia Jenipapo-Kanindé. As decisões atendem a pedidos formulados pela Defensoria Pública do Ceará (DPCE).
O órgão ingressou com as ações após a primeira edição do mutirão “Povos do Siará”, realizado em abril deste ano, no Dia dos Povos Indígenas (19), em que 56 indígenas deram entrada em pedidos para incluir a etnia a qual pertencem em seus registros de nascimento.
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Com as sentenças favoráveis da Justiça, a Defensoria afirma que irá procurar o Cartório onde cada um foi registrado, a maioria na cidade de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza, para a expedição das novas certidões.
A defensora geral do Ceará, Elizabeth Chagas, comemorou a divulgação das primeiras sentenças e ressaltou que o reconhecimento é a base para garantir acesso às políticas de direito à terra, cultura, educação, saúde, identidade e direitos humanos aos membros da etnia.
“Essa é uma conquista dos povos indígenas, uma forma de honrar esse povo na construção da nossa história, conferindo a eles o que lhes é de direito: o nome de sua etnia no seu registro de nascimento”, destacou a chefe da DPCE.
João Batista Alves, mais conhecido na comunidade como Pajé João Alves, foi o primeiro a receber a decisão. Cacique Pequena, matriarca da comunidade, explica a importância da ação. “Eu sempre fui bastante consciente de quem sou e de onde vim, mas a retificação da minha certidão ultrapassa a minha identidade, alcança os que virão, os que perpetuarão a nossa história”.
De acordo com a supervisora do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas da Defensoria, Mariana Lobo, a ação de retificação será oferecida, nos próximos meses, para outras etnias.
“A importância desta conquista diz respeito, principalmente, ao pertencer. Para os povos originários, ser daquele território e daquela árvore genealógica tem valor não só cultural, mas é bandeira de luta para exercer direitos”, afirma Lobo.
De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas e com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, o Ceará tem hoje 20 etnias de povos originários. São elas: Anacé, Cariri, Gavião, Jenipapo-Kanindé, Kalabaça, Kanindé, Kariri, Kariri-Quixelô, Karão, Paiacu, Pitaguari, Potiguara, Quixará-Tapuia, Tapeba, Tabajara, Tapuia-Kariri, Tremembé, Tubiba-Tapuia, Tupinambá e Warao.
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