Incêndios residenciais crescem quase 15% no Ceará em 2023; veja dicas de prevenção

Instalações elétricas precárias e descuidos domésticos são causas mais associadas aos incidentes domiciliares

O número de incêndios em residências cresceu quase 15% nos primeiros cinco meses de 2023 no Ceará em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 524 ocorrências entre janeiro e maio deste ano, contra 456 em 2022. Os dados, fornecidos ao O POVO pelo Corpo de Bombeiros, refletem a tendência de alta observada nos últimos anos nesta modalidade de sinistro.

Conforme os dados repassados pela corporação, em 2019 o Estado registrou 935 ocorrências. No ano seguinte, o número subiu para 1.040. Em 2021 houve uma pequena oscilação para baixo, com 1.020 incêndios. No ano passado, as estatísticas voltaram a aumentar, chegando a 1.184 casos. Em todos os anos analisados, houve mais sinistros em Fortaleza do que nos municípios do Interior.

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Um dos casos mais recentes na Capital foi registrado no dia 25 de junho, em uma residência do bairro Montese. Uma criança de dois anos morreu carbonizada durante o incidente. Ela estava sozinha em casa com três irmãos pequenos, mas estes conseguiram escapar antes que o fogo se alastrasse. O incêndio foi causado por um curto-circuito em um ventilador.

As panes elétricas ocasionadas por esse tipo de eletroeletrônico, inclusive, são causa frequente para os incêndios residenciais, segundo destaca o tenente-coronel Mardens Vasconcelos, comandante do Batalhão do Corpo de Bombeiros em Itapipoca. “Geralmente, após muitas horas de uso, o motor esquenta e pode originar a chama, que se espalha pela camada de plástico”, explica.

Vasconcelos, que é engenheiro eletricista, também aponta o uso incorreto do ar-condicionado como um dos principais fatores de risco para os incêndios em residências. Geralmente, destaca ele, os proprietários dos imóveis não se atentam a checar se a potência do aparelho é ou não compatível com a voltagem do circuito elétrico. O descuido pode provocar sobretensão na rede enquanto o aparelho estiver ligado à tomada, aumentando consideravelmente as chances da ocorrência de um sinistro.

Uma das estratégias de prevenção mais recomendadas, conforme o bombeiro, é o uso do Dispositivo Residual (DR) nas instalações elétricas. O objeto ajuda a detectar fugas de corrente e desativa todo o circuito diante de instabilidades incomuns na rede. “Quando tem uma sobrecarga, ele [DR] desliga a eletricidade e impede que haja o curto-circuito e choques elétricos”, pontua o tenente-coronel.

O perigo também mora em um comum no dia a dia de muitas pessoas: carregar o celular. “Não é recomendado deixar o aparelho carregando quando for dormir, principalmente em cima de uma superfície que pode facilitar a propagação de chamas, como madeira, sofás, poltronas e cama”, alerta o bombeiro, acrescentando que as chances de incêndio aumentam consideravelmente havendo utilização de carregadores piratas.

Os incêndios domiciliares também estão frequentemente associados a causas domésticas, como vazamentos de gás, esquecimento de panelas no fogão, uso inadequado de velas e descarte de bitucas de cigarro próximo de materiais inflamáveis. O fogo pode causar danos maiores em residências multifamiliares, como condomínios e conjuntos habitacionais.

Nesses imóveis, a atenção com as medidas preventivas deve ser redobrada, conforme salienta o presidente da Associação das Administradoras de Condomínios (Adcon), Marcus Melo.

“O condomínio deve manter em dia a documentação exigida pelo Corpo de Bombeiros, junto com revisões periódicas das instalações elétricas e ter equipamentos e outros itens de segurança obrigatórios em pleno funcionamento, como é o caso dos extintores, hidrantes, e porta corta-fogo", especifica. As providências são responsabilidade do síndico ou das administradoras dos condomínios.

Nas residências unifamiliares, tipo de edificação individual, medidas simples podem afastar o risco de incêndios. O desligamento de equipamentos eletrônicos e do registro do botijão de gás são as precauções mais importantes antes de sair de casa. De acordo com Vasconcelos, a maioria dos incêndios acontece quando não há pessoas dentro das residências.

Incêndios residenciais: veja medidas preventivas recomendadas pelo Corpo de Bombeiros

  • Realizar, a cada cinco anos, uma manutenção na rede elétrica;
  • Evitar ligar vários aparelhos em uma mesma tomada;
  • Não carregar o aparelho celular apoiado em sofá, cama, colchão e travesseiros;
  • Retirar o celular da tomada após a carga completa;
  • Ao sair de casa, desligar o registro do gás de cozinha e todos os equipamentos elétricos;
  • Trocar o registro e a mangueira do botijão de gás dentro do prazo de validade, após cinco anos de uso.

Incêndios em residências de janeiro a maio no Ceará

2022
Janeiro: 91
Fevereiro: 82
Março: 123
Abril: 121
Maio: 107

2023
Janeiro: 77
Fevereiro: 74
Março: 105
Abril: 113
Maio: 87

Incidência territorial dos incêndios residenciais no Ceará

2019
Capital: 707
Interior: 128

2020
Capital: 816
Interior: 224

2021
Capital: 777
Interior: 243

2022
Capital: 904
Interior: 280

Fonte: Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBM-CE)

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