Incêndios residenciais crescem quase 15% no Ceará em 2023; veja dicas de prevenção

Instalações elétricas precárias e descuidos domésticos são causas mais associadas aos incidentes domiciliares

10:00 | Jul. 02, 2023

Por: Luciano Cesário
Fogo pode causar danos maiores em residências multifamiliares, cuja chance de alastramento é aumenta em relação a imóveis individuais (foto: WhatsApp O POVO)

O número de incêndios em residências cresceu quase 15% nos primeiros cinco meses de 2023 no Ceará em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 524 ocorrências entre janeiro e maio deste ano, contra 456 em 2022. Os dados, fornecidos ao O POVO pelo Corpo de Bombeiros, refletem a tendência de alta observada nos últimos anos nesta modalidade de sinistro.

Conforme os dados repassados pela corporação, em 2019 o Estado registrou 935 ocorrências. No ano seguinte, o número subiu para 1.040. Em 2021 houve uma pequena oscilação para baixo, com 1.020 incêndios. No ano passado, as estatísticas voltaram a aumentar, chegando a 1.184 casos. Em todos os anos analisados, houve mais sinistros em Fortaleza do que nos municípios do Interior.

Um dos casos mais recentes na Capital foi registrado no dia 25 de junho, em uma residência do bairro Montese. Uma criança de dois anos morreu carbonizada durante o incidente. Ela estava sozinha em casa com três irmãos pequenos, mas estes conseguiram escapar antes que o fogo se alastrasse. O incêndio foi causado por um curto-circuito em um ventilador.

As panes elétricas ocasionadas por esse tipo de eletroeletrônico, inclusive, são causa frequente para os incêndios residenciais, segundo destaca o tenente-coronel Mardens Vasconcelos, comandante do Batalhão do Corpo de Bombeiros em Itapipoca. “Geralmente, após muitas horas de uso, o motor esquenta e pode originar a chama, que se espalha pela camada de plástico”, explica.

Vasconcelos, que é engenheiro eletricista, também aponta o uso incorreto do ar-condicionado como um dos principais fatores de risco para os incêndios em residências. Geralmente, destaca ele, os proprietários dos imóveis não se atentam a checar se a potência do aparelho é ou não compatível com a voltagem do circuito elétrico. O descuido pode provocar sobretensão na rede enquanto o aparelho estiver ligado à tomada, aumentando consideravelmente as chances da ocorrência de um sinistro.

Uma das estratégias de prevenção mais recomendadas, conforme o bombeiro, é o uso do Dispositivo Residual (DR) nas instalações elétricas. O objeto ajuda a detectar fugas de corrente e desativa todo o circuito diante de instabilidades incomuns na rede. “Quando tem uma sobrecarga, ele [DR] desliga a eletricidade e impede que haja o curto-circuito e choques elétricos”, pontua o tenente-coronel.

O perigo também mora em um comum no dia a dia de muitas pessoas: carregar o celular. “Não é recomendado deixar o aparelho carregando quando for dormir, principalmente em cima de uma superfície que pode facilitar a propagação de chamas, como madeira, sofás, poltronas e cama”, alerta o bombeiro, acrescentando que as chances de incêndio aumentam consideravelmente havendo utilização de carregadores piratas.

Os incêndios domiciliares também estão frequentemente associados a causas domésticas, como vazamentos de gás, esquecimento de panelas no fogão, uso inadequado de velas e descarte de bitucas de cigarro próximo de materiais inflamáveis. O fogo pode causar danos maiores em residências multifamiliares, como condomínios e conjuntos habitacionais.

Nesses imóveis, a atenção com as medidas preventivas deve ser redobrada, conforme salienta o presidente da Associação das Administradoras de Condomínios (Adcon), Marcus Melo.

“O condomínio deve manter em dia a documentação exigida pelo Corpo de Bombeiros, junto com revisões periódicas das instalações elétricas e ter equipamentos e outros itens de segurança obrigatórios em pleno funcionamento, como é o caso dos extintores, hidrantes, e porta corta-fogo", especifica. As providências são responsabilidade do síndico ou das administradoras dos condomínios.

Nas residências unifamiliares, tipo de edificação individual, medidas simples podem afastar o risco de incêndios. O desligamento de equipamentos eletrônicos e do registro do botijão de gás são as precauções mais importantes antes de sair de casa. De acordo com Vasconcelos, a maioria dos incêndios acontece quando não há pessoas dentro das residências.

Incêndios residenciais: veja medidas preventivas recomendadas pelo Corpo de Bombeiros

  • Realizar, a cada cinco anos, uma manutenção na rede elétrica;
  • Evitar ligar vários aparelhos em uma mesma tomada;
  • Não carregar o aparelho celular apoiado em sofá, cama, colchão e travesseiros;
  • Retirar o celular da tomada após a carga completa;
  • Ao sair de casa, desligar o registro do gás de cozinha e todos os equipamentos elétricos;
  • Trocar o registro e a mangueira do botijão de gás dentro do prazo de validade, após cinco anos de uso.

Incêndios em residências de janeiro a maio no Ceará

2022
Janeiro: 91
Fevereiro: 82
Março: 123
Abril: 121
Maio: 107

2023
Janeiro: 77
Fevereiro: 74
Março: 105
Abril: 113
Maio: 87

Incidência territorial dos incêndios residenciais no Ceará

2019
Capital: 707
Interior: 128

2020
Capital: 816
Interior: 224

2021
Capital: 777
Interior: 243

2022
Capital: 904
Interior: 280

Fonte: Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBM-CE)