Com bom quadro hídrico, SRH decide não usar águas do Castanhão em Fortaleza e RMF
Reservatórios que abastecem a Capital e municípios limítrofes operam em situação muito confortável, com reservas acima de 70%Fortaleza e Região Metropolitana (RMF) encerram o primeiro semestre de 2023 com estabilidade no quadro hídrico e garantia de abastecimento humano por, pelo menos, mais dois anos. A afirmação é do secretário-executivo da Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará (SRH), Ramon Rodrigues, que atribui o cenário favorável ao bom volume de chuvas registrado entre fevereiro e maio, no período da estação chuvosa.
Com os reservatórios que abastecem a RMF praticamente cheios, o Conselho dos Recursos Hídricos do Ceará decidiu que as águas do Açude Castanhão, maior reservatório hídrico do Estado, não serão usadas para o abastecimento humano da Capital e de cidades limítrofes até o fim de janeiro de 2024.
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De acordo com o secretário, dois fatores levaram o Conselho a tomar essa decisão. O primeiro considera o volume hídrico confortável da bacia metropolitana, cuja reserva atual é de 80,49%. O outro está ligado à economia de recursos públicos, uma vez que o bombeamento das águas requer maior gasto com eletricidade e mão de obra especializada.
“Aqui em Fortaleza e na Região Metropolitana temos um sistema hídrico que consegue armazenar quase um bilhão de metros cúbicos em anos chuvosos, e com isso a gente não precisa trazer água do Castanhão. Além do que, seria caro esse transporte e não há necessidade, no momento”, destacou Ramon Rodrigues em conversa com O POVO.
Com 31,25% da capacidade total, o equivalente a dois bilhões de metros cúbicos (m³), o Castanhão acumula o maior volume desde 2014. Conforme o representante da SRH, as águas do reservatório foram bombeadas pela última para a RMF em 2020, quando a situação hídrica da bacia estava abaixo de 60%, faixa classificada como “situação de alerta”.
Agora, com o estágio “muito confortável”, faixa acima de 70% de reserva, Ramon aponta que há condições para abastecimento humano até o fim de 2024 na região, mas alerta que, apesar do quadro favorável, a SRH pretende lançar campanhas de conscientização pelo uso responsável da água.
“Não podemos esbanjar porque o cenário está bom. Evitar o desperdício tem que ser um dever de cada cidadão. Temos que usar a água sempre com parcimônia, porque não sabemos como serão as chuvas do ano seguinte, e aqui a gente depende muito da água que vem do céu”, enfatizou.
O abastecimento humano na Capital e RMF é provido por pelo menos seis reservatórios de grande porte. De acordo com dados do Portal Hidrológico, da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), todos eles estão em situação muito confortável. Dois, inclusive, ainda registram sangria das águas.
Veja a evolução hídrica de cada reservatório entre o início da estação chuvosa, em 1º fevereiro, e esta quinta-feira, 29 de junho.
Pacoti
Fevereiro: 53,65%
Junho: 86,91%
Riachão
Fevereiro: 53,67%
Junho: 86,58%
Gavião
Fevereiro: 85,80%
Junho: 86,96%
Pacajus
Fevereiro: 87,08%
Junho: 100%
Aracoiaba
Fevereiro: 97,76%
Junho: 100%
Sítios Novos
Fevereiro: 69,93%
Junho: 100%
Mesmo sem abastecer a RMF pelos próximos sete meses, o Castanhão continuará provendo água para comunidades rurais localizadas no entorno do Canal do Trabalhador, na região Jaguaribana, principalmente nos municípios de Morada Nova, Jaguaribara, Limoeiro do Norte, Russas e Quixeré.
Apesar da estação chuvosa no Ceará ter se encerrado no fim de maio, 20 açudes monitorados pela Cogerh permanecem com as águas vertendo e 51 estão na iminência de sangrar. Por outro lado, 34 reservatórios operam em nível crítico, com menos de 30% da capacidade. Os açudes Salão e Sousa, localizados em Canindé, têm os menores acumulados, ambos com 0,03%.