Chacina do Curió: "Mãe nenhuma colocou o filho no mundo para passar por essa situação"

MPCE pede condenação e prisão imediata dos réus

Durante o julgamento do processo referente ao caso Curió, que chega ao quarto dia, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) pediu pela condenação e prisão imediata dos réus, ainda como a perda dos cargos públicos. A defesa dos quatro policiais militares, por sua vez, questionou as respectivas investigações. "Essas mulheres, essas mães, merecem todo o respeito e dignidade. Mãe nenhuma colocou o filho no mundo para passar por situação dessas", afirmou a assistente de acusação, defensora pública Gina Moura. 

Leia: entenda as acusações dos réus da Chacina do Curió 

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A assistente de acusação frisou aos jurados que nenhuma das vítimas do caso Curió possuía qualquer envolvimento com o episódio que envolveu o latrocínio do policial militar Serpa. A morte do agente de segurança é apontada como o estopim para a chacina na Grande Messejana. Ela classificou o crime como uma "ação de terror" e faz a diferenciação do justiçamento.

A defensora pública diz que o justiçamento ocorre quando as pessoas tentam fazer justiça "à sua maneira" contra a pessoa que fez algo. No entanto, no crime que vitimou as 11 pessoas, foi uma ação simbólica para medir forças, já que as vítimas não possuíam envolvimento com o latrocínio.

Leia: entenda o que diz a defesa dos réus 

A defensora descreve, com base no convívio com a comunidade do Curió, durante os oito anos acompanhando as famílias, que a calçada é a extensão de suas casas. A maioria das pessoas foram mortas nas calçadas e outras arrancadas de suas casas e arrastadas para a rua. Ela cita vítimas que tiveram os filhos arrancados dos braços, no momento da execução, de pessoas que voltavam do trabalho quando foram mortas e de um feirante que foi chamado de traficante.

"Todas essas pessoas que foram vítimas dentro de um contexto que envolve a mobilização de policiais encapuzados, homicídios cometido dentro de territórios, dentro de casas", destaca.

A promotora pontua a situação de uma das testemunhas que saiu de casa sob o barulhos dos tiros com os filhos enrolados no lençol e tentou acalmar as pessoas que corriam falando. "Calma, é Polícia". Além disso, ela descreveu o caso de um pai que acompanhou a sessão de espancamento do próprio filho e depois o encontrou caído morto. Na descrição, ela afirma que o homem correu gritando e xingando os homens armados, que ainda, os homens atiraram contra o pai. 

Por fim a defensora pública se dirigiu a falar sobre a solidariedade e respeito em relação as mães que perderam os filhos para a tragédia e apontou que mãe nenhuma cria seus filhos para morrer da forma que foram mortos. 

 


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