Ceará reduz mortes no trânsito causadas pelo álcool, mas fica acima da média nacional

O Estado ocupa a 14º posição no ranking nacional de mortes por alcoolemia no trânsito, segundo estudo do Cisa

A mortalidade no trânsito causada pelo consumo de bebida alcoólica diminuiu 27,9% no Ceará entre 2010 e 2021. No período, a taxa de óbitos por 100 mil habitantes associadas a essa infração passou de 8,6 para 6,2 no Estado. Apesar da queda, o índice mais recente supera a média nacional, que é de 5 mortes na proporção analisada.

Os números constam no estudo "Panorama dos acidentes de trânsito por uso de álcool no Brasil", sobre os 15 anos de aprovação da Lei Seca, elaborado pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa).

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No ranking nacional de mortes associadas à alcoolemia no trânsito, o Ceará ocupa a 14ª posição entre as 27 Unidades da Federação. O Tocantins figura no topo da lista, com 11,8 mortes a cada 100 mil habitantes. Na outra ponta está o Rio de Janeiro, cuja taxa é 1,6, a menor do País.

Os cálculos têm como base dados oficiais fornecidos pelo Datasus, do Ministério da Saúde. No geral, os óbitos provocados por acidentes de trânsito associados em que os condutores tinham ingerido bebida alcoólica caíram 32% em onze anos no Brasil.

Na contramão, houve crescimento das internações relacionadas a acidentes de trânsito com condutores alcoolizados. Segundo o estudo, a média de hospitalizações por 100 mil habitantes no País aumentou de 26,6 para 36 entre 2010 e 2021. O movimento de alta também foi observado no Ceará, onde a taxa subiu de 38,7 para 49,4 durante o período.

A socióloga e coordenadora do Cisa, Mariana Thibes, avalia que a evolução inversamente proporcional entre mortes e internações reflete os efeitos positivos de uma série de fatores, como maior adesão ao uso do cinto de segurança, redução dos limites de velocidade das vias urbanas e uso da tecnologia para aumentar a segurança em veículos. "Acidentes que antes eram fatais hoje resultam 'apenas' em hospitalizações", sublinha ela.

A Lei Seca, na visão de Thibes, é o elemento principal para a redução da mortalidade nos acidentes associados ao álcool no Brasil. Contudo, a socióloga acrescenta que a discrepância de indicadores entre os estados revela que o efeito prático da legislação ainda está aquém dos esperado.

Ela cita como exemplo a redução observada no Ceará. “É um resultado expressivo, mas não suficiente. Se ele [Ceará] ainda está acima da média nacional, significa que tem muito a melhorar”, pontua. O reforço na fiscalização e a promoção de atividades educativas são apontadas pela coordenadora como estratégias complementares à lei que podem ampliar a eficácia da norma jurídica.

“Se o motorista sabe que não vai ser punido, ele não vai mudar o comportamento”, frisa Thibes, destacando ainda a importância de os gestores públicos desenvolverem planos de ação focados nos problemas a partir de dados específicos sobre a realidade de seus territórios.

Bebida não é único agravante

De acordo com o Cisa, no Ceará há uma tendência de aumento nas internações entre motociclistas que trafegam sob efeito de álcool. Mas a bebida não é o único agravante para essa realidade. O professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Flávio Cunto, aponta que a alcoolemia geralmente está relacionada a outros tipos de infrações.

“Quando a gente junta a combinação de ingestão de bebidas alcoólicas, excesso de velocidade e o não uso do capacete, entendemos as causas desse problema”, explana. Cunto também pondera que a proporção cada vez maior de veículos de duas rodas circulando nas vias urbanas desafia os órgãos de trânsito a desenvolver estratégias focadas na mitigação da incidência das infrações.

Mesmo com a Lei Seca, o estudo do Cisa mostra que cerca de 5,4% dos motoristas brasileiros têm o hábito de beber antes de dirigir. No recorte por capitais, Fortaleza tem a menor frequência deste tipo de comportamento (5,2%). Na contramão, Palmas, no Tocantins, apresenta o maior indicador (21,1%).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que no Brasil o consumo de álcool seja responsável por 36,7% de todos os acidentes de trânsito entre homens e 23% entre as mulheres. As punições para embriaguez ao volante no Brasil vão de multa no valor de R$ 2,9 mil à suspensão do direito de dirigir por um ano. O motorista também pode ser conduzido para a Delegacia e ter o veículo apreendido, caso não haja outro condutor habilitado no local da ocorrência.

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