Entenda o que diz a defesa dos quatro réus da Chacina do Curió
Todos os advogados defendem a tese de negativa de autoria. O julgamento do processo chega a 16 horas de duração.
20:38 | Jun. 21, 2023
As defesas dos quatro policiais militares que se tornaram réus da Chacina do Curió apontam negativa de autoria. A tragédia aconteceu nos dias 11 e 12 de novembro de 2015 e resultou na morte de 11 pessoas, entre adolescentes e adultos.
O julgamento começou nessa terça-feira, 20, e segue para o terceiro dia nesta quinta-feira, 22. O tribunal do júri já dura cerca de 24 horas. Foram ouvidas três vítimas sobreviventes e duas testemunhas de acusação, no primeiro dia. A previsão dos advogados para esta quarta-feira, 21, era de que 11 pessoas fossem ouvidas, mas apenas sete prestaram depoimento. Os réus são Marcus Vinícius Sousa da Costa, Antônio José de Abreu Vidal Filho, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio.
Leia: Veja acusações dos PMs que serão julgados
De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), o processo foi desmembrado em três partes para facilitar e agilizar a análise dos documentos. Um colegiado de três juízes está conduzindo os trabalhos que leva a julgamento quatro acusados do processo 1. Eles respondem à ação penal sob a acusação de crime de homicídio consumado contra 11 pessoas.
Antônio José de Abreu Vidal Filho
Os advogados Delano Cruz e José Maria fazem a defesa do réu Antônio Abreu, que está nos Estados Unidos para acompanhar a esposa que está fazendo um curso de pós-graduação. A filha do casal nasceu lá há quatro meses e o interrogatório de Antônio será por videoconferência.
Há três anos o agente de segurança está licenciado e morando nos EUA. Como a licença permitida só pode ser estendida por até dois anos, o réu voltou para o Brasil, se apresentou e viajou novamente para os EUA. Se for condenado com trânsito em julgado, ele terá de voltar para o Brasil novamente.
Conforme o advogado Delano Cruz, há provas de que ele estava em outros locais e fotografias do carro dele em outros endereços, cerca de 15 a 20 quilômetros do local.
"Nas fotografias que tem dos nove episódios, ele não aparece, nem ele ou o carro. Ele tinha cinco meses de Polícia, não possuía armamento e foi para o local para fazer uma varredura na região. Como estava desarmado e tinha pouca experiência, o oficial que estava lá disse que fosse embora, que não adiantava", comentou a defesa.
Ideraldo Amâncio
Conforme a defesa de Ideraldo Amâncio, representada pelo advogado Sandro Dias, ele é inocente e a investigação foi mal conduzida. Contra o réu há uma suposta evidência: a imagem de um fotossensor que identificou um veículo com as características semelhantes ao que ele possuía na época. Não foi feita perícia no veículo, no aparelho celular ou na arma de fogo. Ideraldo é um policial que realizou um parto e salvou uma criança de 15 dias de vida que estava engasgada.
"Ele foi arrastado para a calçada penal desse processo, todos os policiais que passaram na região foram arrastados e acusados de forma irresponsável. Ele foi absolvido na CGD", destaca.
De acordo com o advogado Sandro Silva, "o processo penal é o que se tem provas, e as provas que têm nesse processo jamais colocam nosso cliente nesse crime".
Marcus Vinícius
Conforme o advogado Carlos Bezerra Neto, que faz a defesa de Marcos Vinícius, desde o início do processo que não existe prova contundente da autoria do crime por parte do réu. "Existe indicação que ele estava lá e ele diz, em depoimento, que foi ao Curió mas não tem indicação dele em cometimento de crime", comenta.
"A nossa defesa será pela negativa de autoria, pois não existe prova de que ele participou desses crimes. Desde o primeiro ato do processo que a defesa se manifestou, nós nos manifestamos nesse sentido. Achamos a acusação desproporcional, em que não existe razoabilidade", afirma o advogado.
O advogado defende que "a própria denúncia do Ministério Público mostra que, nos momentos do crime, não existia relação com o veículo" de Marcos Vinícius. Bezerra Neto fala ainda em "divergências que levam a crer na inocência" do réu.
O advogado Walmir Medeiros, que também faz a defesa do policial Marcos Vinicius, acredita que o réu deveria ter sido retirado dos processos. "As provas mostram que ele não estava no local na hora do crime", afirma.
Wellington Veras
Em entrevista com o jornalista Lucas Barbosa, a advogada Fabrícia de Castro, que representa Wellington, afirma que "a pressa da acusação em dar resposta" fez com que fossem acusados policiais que apenas estiveram nas proximidades do crime.
A advogada diz que muitos passaram pelo local, pois havia um policial internado no hospital da região e que houve uma situação de solidariedade aos companheiros de farda.
Conforme a defesa, policiais que conseguiram pagar por perícia técnica particular conseguiram comprovar teses de defesa e foram impronunciados.