Fortaleza vence prêmio global de mobilidade para investir R$ 4,9 milhões em ciclofaixas

Capital cearense ficou em primeiro lugar e faturou o prêmio máximo do concurso, que contou com a participação de 275 cidades

Com a promessa de construir 180 quilômetros de malha cicloviária em três anos, Fortaleza venceu o prêmio global de ciclomobilidade da Bloomberg Initiative for Cycling Infrastructure (BICI). A Capital cearense ficou em primeiro lugar na lista das dez cidades selecionadas para receber financiamento com foco na promoção da infraestrutura cicloviária.

O resultado da premiação foi divulgado no último dia 3 de junho, data em que se comemora o Dia Mundial da Bicicleta. As dez cidades vencedoras (veja a lista no fim da matéria) foram escolhidas entre 275 inscrições. Participaram do concurso metrópoles de 66 países espalhados em cinco continentes.

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Única cidade brasileira da lista, Fortaleza levou o prêmio máximo de US$ 1 milhão (o equivalente a R$ 4,9 milhões). As demais selecionadas serão contempladas cada uma com UU$ 400 mil (R$ 1,9 milhão).

A proposta apresentada pela Capital foi elaborada pela Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova).

De acordo com o presidente da entidade, Luiz Alberto Sabóia, o plano está assentado em três eixos. O primeiro deles é infraestrutura, cuja meta é alcançar 600 quilômetros de malha cicloviária até 2026; o segundo é a inovação, que propõe o uso de metadados para estimular a adesão às bicicletas; por fim, o engajamento, focado na utilização de tecnologias para atrair novos públicos ao sistema cicloviário.

"Vamos criar um grande sistema de dados para que a gente consiga aferir diariamente o uso das ciclofaixas e consiga coletar informações para orientar políticas públicas, colocando a inovação na frente do processo", explica Sabóia, acrescentando que a ideia é disponibilizar os dados em um grande painel de LED para mostrar à população os impactos positivos do uso da bicicleta.

"A partir do monitoramento em tempo real, as pessoas poderão saber, por exemplo, a quantidade de carbono que deixou de ir para a atmosfera", adianta.

Com a expansão física do modal, a Prefeitura pretende aumentar a adesão de novos públicos ao sistema cicloviário, especialmente mulheres e idosos. Hoje, de acordo com o presidente da Citinova, a grande maioria das pessoas que pedalam em Fortaleza são do sexo masculino. "Os dados serão importantes para nos ajudar a formular estratégias específicas focadas nos grupos com menor incidência de uso".

O incentivo ao uso da bicicleta é estratégia central da política de mobilidade urbana de Fortaleza desde 2013. Nesses dez anos, a malha cicloviária da cidade cresceu mais de 500%, saltando de 68 km para 419,2 km.

Apesar do avanço, a descentralização da infraestrutura ainda é um desafio. Em vista disso, o plano elaborado pela Citinova prevê mais investimentos em bairros afastados do Centro, a exemplo da Messejana, do Cocó e da Parangaba.

O superintendente da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC), Antônio Ferreira, a premiação concedida a Fortaleza pela Bloomberg reconhece os bons indicadores de transporte cicloviário da Capital. Ele cita como exemplo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), em 2022, que apontou Fortaleza no topo do ranking nacional das cidades onde as pessoas vivem mais próximo à infraestrutura cicloviária.

"Só para ter uma ideia, a segunda cidade da lista é Vitória, no Espírito Santo, com 32%", frisou Ferreira durante entrevista à rádio O POVO CBN. As demais capitais brasileiras ficaram abaixo de 30%.

Além dos espaços exclusivos para a circulação dos usuários de bike, a Cidade também possui 205 estações de bicicletas compartilhadas, sendo 12 exclusivas para crianças. Ao todo, são mais de 1.300 bicicletas disponíveis em locais públicos para atender cerca de 400 mil usuários cadastrados.

Os 10 projetos vencedores do Bloomberg Initiative for Cycling Infrastructure (Bici)

Fortaleza, Brasil (vencedor do prêmio de US$ 1 milhão): Desenvolver 180 quilômetros de infraestrutura ciclável de ponta para convidar mais membros da comunidade a pedalar.

Adis Abeba, Etiópia: Dobrar o número de ciclovias protegidas para alcançar a maior rede cicloviária urbana da África.

Bogotá, Colômbia: Projeto conjunto de nova infraestrutura com crianças para revitalizar um bairro de baixa renda e envolver jovens residentes.

Lisboa, Portugal: Lançar novas soluções para aumentar a diversidade de residentes que pedalam pela cidade.

Milão, Itália: Construa ciclovias verdes e sustentáveis que conectem mais de 40 escolas.

Mombaça, Quênia: Proteja e conecte uma rede cicloviária ao longo de corredores importantes com alto volume de ciclismo.

Pimpri-Chinchwad, Índia: Lançar um modelo de bairro para uma cidade de 15 minutos, começando com o ciclismo.

Quelimane, Moçambique: Construir novas infraestruturas cicláveis que incluam ciclovias protegidas, espaços pedonais e estacionamentos únicos para bicicletas-táxi para apoiar viagens não motorizadas.

Tirana, Albânia: Criar uma rede de ciclismo para todas as idades por meio da implementação de um projeto de interseção segura.

Wellington, Nova Zelândia: Aumentar o número de ciclovias na cidade em 160%, usando informações dos residentes para informar o planejamento e o desenvolvimento.

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