Atenção primária e regionalização são focos de planejamento da Saúde do Ceará até 2027
Evento de planejamento ocorre na Escola de Saúde Pública, no bairro Meireles, em Fortaleza
16:31 | Jun. 05, 2023
Dirigentes da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) se reúnem nesta segunda-feira, 5, e nesta terça-feira, 6, para planejar as estratégias da gestão de 2024 a 2027. As prioridades, como o fortalecimento da atenção primária e a regionalização da saúde, serão discutidas para compor o documento que guiará as ações pelos próximos quatro anos.
Tânia Mara Silva Coelho: Regionalizar a saúde é prioridade no Cearé; LEIA
Além de levar em conta os desafios do pós-pandemia, como a fila de cirurgias eletivas, o planejamento foca na resolução de problemas mais antigos no Ceará. A regionalização da saúde, que leva atendimentos especializados para mais pontos do Estado, se mostrou ainda mais necessária durante a emergência sanitária causada pela Covid-19.
Nos próximos anos, aperfeiçoar a descentralização de serviços seguirá sendo um objetivo da gestão. De acordo com a secretária executiva de Planejamento e Gestão Interna da Sesa, Paíta Façanha, a pasta pretende desenvolver Planos Regionais de Saúde para “melhorar a governança em nível territorial”.
“A metodologia que nós iremos usar é pegar os resultados dos grandes problemas regionais, suas causas e consequências e daí definir diretrizes para 2024 a 2027. Não vamos inventar a roda, nós vamos trabalhar à luz da realidade regional”, afirmou.
A atenção primária, que compreende desde a promoção do bem-estar do cidadão até a prevenção de doenças, também é um ponto elencado como prioridade. “Fortalecendo a atenção primária, a gente fortalece toda a atenção secundária e terciária”, afirma o vice-presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), João de Castro.
Para ele, a proporção de financiamento da atenção primária, dividida principalmente entre Governo Federal e municípios, deveria mudar. “A necessidade prioritária da atenção primária é a financeira. A gente vai propor nesta reunião de hoje e amanhã que o Estado aumente a linha de financiamento”, afirma João.
A atenção básica, de acordo com a superintendente do Ministério da Saúde no Ceará, Kelly Arruda, pode influenciar na diminuição da incidência de doenças graves. O esforço de aumentar o financiamento dessa área é nacional, segundo ela.
“Existia na gestão anterior uma dificuldade muito grande de se aproximar, inclusive pela forma de condução e das acreditações que se tinham naquele momento político. Agora estamos nos reaproximando e estreitando laços para que a gente consiga potencializar recursos que vem pra saúde, que ainda é insuficiente para a quantidade de demanda que a gente tem”, afirma Kelly.
Durante o evento, que ocorre na Escola de Saúde Pública, em Fortaleza, os dirigentes terão mesas e grupos de estudo para identificar os macroproblemas da saúde no Estado. O secretário executivo de Vigilância em Saúde, Antônio Lima Silva Neto (Tanta), apresentou dados sobre o cenário epidemiológico do Ceará.
Panoramas sobre doenças transmissíveis, como as arboviroses, hanseníase, tuberculose e sífilis, foram apresentados. Dados sobre doenças não transmissíveis e seus impactos, como AVC, infarto e câncer, também foram debatidos.
“A morte antes dos 70 anos é um indicador utilizado internacionalmente que a gente chama de taxa de mortalidade prematura de doenças não transmissíveis. Isso também fala da necessidade que a gente tem de controle maior dessas doenças, e isso também faz parte da atenção básica”, diz Tanta.
Na terça-feira, a secretária da Saúde do Estado, Tânia Mara Silva Coelho, fará uma palestra sobre os desafios da gestão do SUS no Ceará.