El Niño pode influenciar quadra chuvosa de 2024 no Ceará; entenda fenômeno
Última vez que o fenômeno impactou o tempo no Estado, choveu 40% a menos que o esperadoA tendência de formação do fenômeno El Niño já preocupa os meteorologistas da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Com isso, o Ceará pode registrar menos chuvas em 2024 e o alerta para boa alocação de recursos hídricos continua, mesmo após uma quadra chuvosa com precipitações dentro da média e bons aportes para os principais reservatórios.
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O El Niño é caracterizado pelo aquecimento acima do normal das águas do oceano Pacífico. Esse aumento de temperatura influencia na atmosfera, criando áreas com ventos mais quentes e úmidos.
“Isso impede a formação de nuvens, porque o vapor quente e úmido não consegue se elevar, se condensar com o resfriamento das temperaturas das mais altas altitudes, e não consegue formar nuvens para eventualmente precipitar”, explicou o presidente da Funceme, Eduardo Sávio, durante coletiva de imprensa sobre a quadra chuvosa de 2023.
Os modelos de previsão usados pelos meteorologistas já apontam a probabilidade de 85% do El Niño se formar e influenciar as chuvas da pós-estação, de junho a agosto. Caso o aquecimento das águas oceânicas se mantenha até o fim de 2023, o fenômeno poderá interferir negativamente na quadra chuvosa de 2024.
Histórico do El Niño no Ceará
A última vez que o fenômeno foi observado, no fim de 2015 e em 2016, o Ceará teve uma quadra chuvosa com 40% de chuva a menos do que o esperado para o período. A menor quantidade de precipitações impactou diretamente os açudes do Estado.
“Em termos de aporte, [o impacto] é drástico. Mesmo em anos normais, nós temos 50% de chance do aporte ser abaixo da média. Em anos secos, é quase certo ser abaixo da média”, afirma o presidente.
A intensidade do fenômeno, no entanto, ainda é incerta. “Não dá ainda pra dizer se vai ser um El Niño bem intenso, como foi de 2015 para 2016. Se for, o impacto vai ser tão intenso quanto”, diz Meiry Sakamoto, gerente de meteorologia da Funceme.
Em 1998, o El Niño também influenciou as chuvas do Ceará. Choveu 54,7% a menos do que o esperado para o período de fevereiro a maio.
“Embora que esse ano a gente tenha um bom aporte dos nossos reservatórios, se a gente tem essa preocupação, que o ano que vem pode ter chuvas não muito boas, então tem que gerenciar bem as águas dos reservatórios”, explica Meiry.
Ceará termina quadra chuvosa com 51% de reserva hídrica
Os reservatórios hídricos do Ceará estão com 51% da capacidade após a quadra chuvosa de fevereiro a maio. De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), essa é a maior reserva desde dezembro de 2012.
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Seis das doze bacias hidrográficas do Estado estão em situação “muito confortável”, segundo a companhia. Isso quer dizer que é possível atender todas as demandas de consumo humano e irrigação. São elas: Acaraú, Coreaú, Litoral, Região Metropolitana, Baixo Jaguaribe e Serra da Ibiapaba. Todas estão com volumes acima de 70%.
Apesar do cenário positivo, quatro bacias continuam em "alerta", com armazenamento de 30% a 50% da capacidade total: Curu, Sertões de Crateús, Médio Jaguaribe e Banabuiú. Já as bacias do Salgado (Cariri) e Alto Jaguaribe (Centro-Sul) operam na zona "confortável", com mais de 50% de reserva hídrica acumulada.
Os três maiores reservatórios do Estado atingiram grandes aportes durante o quadrimestre, ainda que as reservas atuais correspondam à categoria alerta. O Açude Orós, com capacidade para 1,9 bilhão de metros cúbicos (m³), elevou o nível de armazenamento de 43,93% para 67,5%, o melhor volume desde 2013.
No Açude do Banabuiú, cuja capacidade é de 1,6 bilhão de m³, o ganho foi ainda maior, passando de 9,4% para 41%, acumulado recorde dos últimos dez anos. Na mesma linha, o Açude Castanhão, com nível de armazenamento de até 6,7 bilhões de bilhão de m³, chegou a 32% de sua capacidade, o melhor resultado em nove anos.
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