Ceará sedia lançamento da Caravana Participativa do Plano Nacional Juventude Negra Viva

Iniciativa visita os estados brasileiros e dialoga com movimentos sociais para a consolidação de políticas públicas de combate à violência letal contra jovens negros

Pioneiro no Brasil, o Ceará foi palco do primeiro encontro da Caravana Participativa para construção do Plano Juventude Negra Viva, nesta quinta-feira, 18. O projeto tem como objetivo visitar todas as unidades federativas do País para a formulação de políticas públicas voltadas ao combate à violência contra a população negra. Durante os encontros, movimentos sociais poderão dar suas contribuições para a elaboração do Plano.

O encontro, sediado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, contou com a presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o diretor de Políticas de Combate e Superação do Racismo, Yuri Silva, o secretário nacional de Juventude da Secretaria Geral da Presidência da República, Ronald Luiz dos Santos, da vice-governadora Jade Romero, e das secretárias da Igualdade Racial, Zelma Madeira, e da Juventude, Adelita Monteiro.

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Durante a solenidade de lançamento da Caravana, a ministra Anielle Franco afirmou que o projeto surge para pensar não somente no combate à violência, como também sobre a garantia dos direitos fundamentais aos jovens negros.

“Quando a gente pensou o Juventude Negra Viva, consideramos vários eixos e demos uma aprimorada, eu diria. Era um programa que já tinha, além do conhecimento, algo muito bem articulado. Mas a gente queria trazer cultura e educação, porque não é só combater o genocídio da população preta, é pensar também a partir dali o que devemos fazer. Nossa ideia é, além de percorrer todos os estados do País e estar ali conversando com a juventude, dar esses espaços concretos futuros para como iremos seguir a partir daí”, conta.

A ministra elencou os primeiros passos a serem dados para a consolidação do Plano Juventude Negra Viva, destacando a importância do levantamento de dados sobre a violência oriunda do racismo estrutural.

“Os pontapés iniciais são, primeiramente, fazer o diagnóstico (por território), ir em todos os lugares, ouvir as demandas e pensar como que a gente pode fechar esse ciclo e construir a partir daí. A gente não consegue avançar sem ter dados e, como a boa professora que sou, pra gente saber onde está pior, precisamos avançar nessa coleta e saber a partir dali sobre a territorialidade e, por isso, a Caravana”, explica Anielle.

Ainda ao decorrer do evento, Anielle Franco relembrou a participação da irmã, a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada a tiros em março de 2018, na luta pela seguridade dos direitos das mulheres e do povo negro.

“No meu projeto, as mulheres não sofrem violência política porque corajosamente colocaram seus corpos à disposição para fazer política pública para a gente, pra pensar educação, pensar saúde. E esse é o meu projeto político, e ele é o mesmo que a minha irmã defendia", continua Anielle.

"Se esse projeto estivesse em curso, há alguns anos atrás, a Mari provavelmente ainda estaria viva aqui hoje com a gente, lutando tanto quanto nós estamos para que as mulheres sejam livres, para que as mulheres sejam protagonistas de suas histórias, para que as mulheres chegassem e permanecessem em espaços de decisão", declara a ministra da Igualdade Racial.

Pioneirismo cearense na Caravana Participativa

Sobre a escolha do Ceará para sediar o primeiro encontro da Caravana Participativa, o diretor de Políticas de Combate e Superação do Racismo, Yuri Silva, elucida que a escolha se deu a partir do protagonismo e preocupação do Estado com o genocídio negro.

“O Ceará, além de ser um Estado muito importante para o Brasil e para o Nordeste brasileiro, ele tem demonstrado — tanto na gestão Camilo Santana quanto agora na gestão Elmano de Freitas e Jade Romero — compromisso com a redução da violência letal. É um Estado que tem sim dados delicados, mas, mais do que isso, tem um governo comprometido em apresentar soluções para essas questões”, afirma o diretor.

A vice-governadora do Ceará, Jade Romero, salientou a satisfação em receber a ministra e os secretários para debater iniciativas de incentivo à criação de política públicas para a juventude.

“O governador Elmano criou uma secretaria de Igualdade Racial, criou a primeira secretaria de Estado de Juventude, a primeira secretaria do Estado de Diversidade e a secretaria das Mulheres, da qual sou titular. Então temos aí uma série de políticas que estão sendo articuladas com essa transversalidade da questão racial, que é tão importante em todo o Brasil e também aqui no nosso Estado”, destaca Jade.

Também presente na ocasião, a secretária estadual da Igualdade Racial, Zelma Madeira, reforçou a importância da formulação de um projeto político antirracista e que trabalhe a inclusão da negritude nos espaços de poder.

“A gente precisa saber qual é o lugar da gestão e onde nós precisamos chegar. E, assim, tecer alianças e construir pontes onde for possível. E aqui é possível pensar o povo negro, não só como beneficiário de uma política, mas com capacidade de formulá-la. Nós estamos em uma disputa de projetos e o nosso é de uma política antirracista, que faça com que essa racialidade, da forma como ela é posta, tenha fim. E ela só tem fim quando nós conseguirmos a nossa humanidade como um povo negro, como um povo originário e como povos e comunidades de terreiro”, conclui Zelma.

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