Governo do Ceará assina termo de cooperação em defesa da população LGBTQIA+

Entidades da segurança pública serão reeducados para trabalhar com mais respeito e responsabilidade social. Solenidade confirma cooperação das secretarias da Cidadania e da Diversidade e da Segurança Pública

Em ação de combate à discriminação contra a população LGBTs, as secretarias da Diversidade (Sediv), da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) do Ceará assinaram termo de cooperação para a defesa de pessoas LGBTQIA+ que sofram algum tipo de violência e precisam de acolhimento. Evento foi nesta terça-feira, 16, no Palácio da Abolição.

Jade Romero, vice-governadora do Ceará, afirma que o protocolo busca reforçar, principalmente, os fluxos de acolhimento, dar encaminhamento a este tipo de denúncia e mudar a abordagem policial, que, segundo ela, "precisa ser realizada da forma adequada". 

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A gestora ressalta que a Sediv do Ceará é a primeira a ser incorporada no Brasil: "Estamos na vanguarda, abrindo espaço para que outros estados também possam valorizar esta política". 

Para Mitchelle Meira, secretária da Sediv, a luta contra a LGBTFobia é fundamental para a formação de uma sociedade melhor.

Conforme a secretária, os crimes de LGBTfobia têm como principal motivação o ódio. “A LGBTfobia é crime e precisa ser reconhecida como tal. A defesa não tem cor, não tem gênero, não tem raça, o direito da proteção é de todos, todas e todes”, disse. “Muitos dos crimes sequer terminam de ser investigados porque temos uma homofobia institucional. LGTBfobia institucional”, complementa.

“Estou indo para a Comissão de Direitos Humanos, na Câmara Federal, para fazer parte de uma mesa que a gente vai falar do LGBTcídio, é um crime direcionado para a população LGBT. Precisamos dialogar sobre isto”, complementa.

Segundo Mitchelle, o pacto também colocará à disposição da Sediv um monitoramento — em tempo real — dos crimes de LGBTfobia, a fim de saber se o crime está sendo investigado ou não. "Poderei entrar no meu gabinete e saber se aquele crime está tendo ocorrência, para sentar-me com o secretário e falar: 'preciso que este crime seja investigado'", conta a titular da pasta.

Samuel Elânio, titular da SSPDS, aponta que o pacto objetiva, também, a troca constante de informações entre ambas as pastas. Elânio também prometeu que toda a academia estadual de policiais e militares passarão por uma "reeducação, para que todos os profissionais saibam tratar sobre a causa”.

Também entram na cooperação as secretarias da Igualdade Racial, das Mulheres, dos Diretos Humanos, do Trabalho e da Juventude.

Manifestação por representatividade 

Durante a cerimônia, uma ouvinte se levantou e cantou um trecho da música “Preciso Me Encontrar”, do Cartola, e ainda recitou um poema de autoria dela. Ela foi aplaudida pela plateia e parabenizada pela mesa presente.

Stefany Mendes, de 31 anos, é atriz, cantora e figurinista cearense travesti. Ela faz parte do Coletivo TLGB Polo Trans, no Conjunto Ceará, e também é conselheira estadual do combate à LGBTfobia.

O poema, segundo ela, trata sobre corpos que estão "em plena transição, que fazem parte da revolução, que procuram transgredir e transbordar a partir do seu conhecimento, vivência e experiência".

Stefany afirma que o poema aborda a falta de representatividade da população LGBT dentro dos poderes públicos. “É sobre voar sem ter asas, como, de certa forma, a gente faz”, ressalta.

Veja, na íntegra, o momento:

 

 

"TRANSPASSADA(DOS)"

Somos corpos/em plena transição/
Vinhemos aqui fazer parte da revolução/
Resistimos nas rotinas que já não são mais em vão/
Nosso grito,
Nosso brado,
Aqui já foi declarado, nosso bonde tá formado e tá chegando mais irmãos.

- Muitos anos passei calada, sendo alvo criticada/

Enquanto perdem tempo/
Se lamentando/
Se identificando/
Vou tentando/
Seguindo/
Firme e forte me reinventando/
Procurando novos ares para respirar/ se ligue no plano deles, de nos matar!
Prepare-se para combate seja um fiel guerreiro/
Onde sua arma é educar,

Atrito atrito atrito/
Meu corpo sente medo, e o cé-re-bro
Diz não ter perigo

Atrito atrito atrito/
Meu corpo sente medo, e o cé-re-bro
Diz não ter perigo.

Olha o preço que pagamos pra ser/
A mente para/ Num desligamento sem proceder/ Digerir/
eu sempre fui afetada por isso me recolhi/
E voltei, transtornada/
Não tenho nada que me sustente/
A não ser a arte em ser/
Eu não quero sofrer por isso
Mas não dá pra sorrir pra sempre
Lembro do início.
Eu me joguei em um abismo/
Mas não estou falando de quedas, me projetei/
E mesmo sem asas, eu voei."

*Poema por Stefany Mendes*

 


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segurança pública LGBTfobia violência contra população LGBT acolhimento grupos LGBTQIA+ Secretaria da Cidadania e Diversidade (Sediv) Governo do Ceará crime de ódio

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