Chacina de Camocim: policial recebeu atestado para afastamento três dias antes de crime

Antônio Alves Dourado, 42, fazia acompanhamento psicológico há pelo menos um ano. O inspetor da Polícia Civil matou quatro colegas neste domingo, 14

Três dias antes da chacina na qual um inspetor da Polícia Civil matou quatro colegas, nesse domingo, 14, uma psicóloga emitiu atestado de 15 dias de afastamento para o policial. Crime aconteceu na Delegacia Regional de Camocim, no Litoral Norte do Ceará. Conforme o documento, Antônio Alves Dourado, 42, fazia acompanhamento psicológico há pelo menos um ano. 

Na última quinta-feira, 11 de maio, a psicóloga de uma clínica particular do município emitiu atestado que o inspetor precisava de 15 dias de afastamento dos serviços laborais. 

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Em outro laudo, outra psicóloga atesta, em 4 de junho de 2022, que Dourado tinha transtorno de ansiedade e depressão. Conforme o documento, ele fazia sessões quinzenais e era atendido pela profissional desde 4 de março de 2022. 

Conforme a psicóloga que o acompanhava, "não houve contribuição suficiente por parte do envolvido, o que interfere de forma significativa na qualidade de vida do mesmo, desconstruindo o trabalho de reconstrução psíquica, além de adoecer principalmente a parte interessada".

Junto ao auto do crime também foi anexado um encaminhamento "urgente" da Secretaria Municipal da Saúde de Camocim para acompanhamento psiquiátrico no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) por "crises de ansiedade associado a insônia e pânico", em 7 de fevereiro de 2022. 

Chacina de Camocim: acompanhamento psicológico para agentes de segurança 

Durante o sepultamento de um dos policiais mortos, no Eusébio, Samuel Elânio de Oliveira Júnior, secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), afirmou que a pasta "já tem uma grande estrutura de apoio biopsicossocial com várias pessoas da área da saúde".

"Não só a Secretaria de Segurança Pública, a própria Polícia Civil tem um setor direcionado para isso, com vários profissionais, inclusive, médicos. Esse pessoal está hoje lá em Camocim, vai ficar vários dias para acompanhar os familiares e os próprios colegas que se viram naquela situação, perderam amigos", disse.

O POVO questionou à secretaria como a pasta monitora esses casos, nos quais agentes de segurança têm problemas psicológicos ligados diretamente ao exercício da profissão. Também foi questionado: "Que tipo de acompanhamento é feito com os agentes de segurança? Há algum protocolo?". Não houve retorno, contudo, para essa demanda. 

Sobre a chacina de Camocim

Segundo as investigações, o suspeito teria pulado o muro da delegacia durante a madrugada. Três das vítimas foram mortas enquanto dormiam. Outro policial tentou fugir, mas também recebeu tiros e morreu.

Foram mortos os escrivães Antonio Claudio dos Santos, Antonio Jose Rodrigues Miranda e Francisco dos Santos Pereira e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira.

Após o crime, Dourado foi para casa, onde gravou um vídeo pedindo desculpas e afirmando que destruiu a própria família e a dos policiais que morreram. No vídeo, ele afirma ter passado por assédio moral e ter sido perseguido. 

O policial acionou os órgãos de segurança e foi preso em casa. Ele foi transferido para Sobral, onde segue preso aguardando a audiência de custódia.

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