Perita cearense sugere método de identificação para novas drogas; entenda
Número de novas drogas psicoativas aumentou seis vezes na última década. Às vezes, são pequenas alterações feitas para driblar as forças de segurança. Pesquisadora cearense sugere, em artigo científico, uso de raio X para identificação das substâncias psicoativas
16:24 | Mai. 01, 2023
Segundo relatório feito pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, o número de novas substâncias psicoativas nos mercados de drogas ilícitas aumentou seis vezes na última década. O cenário apresenta um desafio mundo afora, pois algumas destas substâncias não são exatamente "novidade": são compostos pré-existentes com pequenas mudanças moleculares, suficientes para que as drogas continuem com os mesmos efeitos, mas consigam driblar as forças de segurança.
Perita criminal federal e vice-diretora regional da Associação Nacional de Peritos Criminais Federais (APCF), Conceição Lucena explica ao O POVO que o impacto dessas alterações está na identificação. “Surgiu a necessidade de criar técnicas para identificar essas drogas, porque às vezes as metodologias disponíveis em laboratório não conseguem decifrá-las rapidamente, o que dificulta a perícia”, relata.
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A principal rota de chegada dessas substâncias ao Ceará ocorre via Correios, diz Conceição. Ela destaca que os bloqueios para identificar as novas drogas têm implicações na segurança pública, e exemplifica: “A pessoa chega no hospital porque passou mal em uma festa e os amigos levam as drogas para mostrar o que ela ingeriu, e muitas vezes a droga ainda não existe, não possuem identificação, impedindo que a equipe médica possa diagnosticar e salvar aquela vida”.
Um dos métodos possíveis para a identificação é o raio X de monocristal, sobre o qual Conceição discorre e sugere, junto de outros pesquisadores, em artigo publicado pela Sociedade Brasileira de Química. O processo induz um feixe de raio X através de um cristal da substância que está sendo estudada, criando um padrão a ser interpretado. Com isso, é possível entender a estrutura atômica e molecular das substâncias, e ajudar na compreensão e comunicação entre os órgãos responsáveis. (Colaborou Karyne Lane)