Com 16 casos, Ceará tem quase um feminicídio por semana em 2023

Número pode ser ainda maior, porque dados oficiais sobre esse crime não são disponibilizados pela SSPDS. São ocorrências do primeiro quadrimestre. Caso mais recente aconteceu neste domingo no município de Farias Brito, no Cariri

O Ceará encerrou o primeiro quadrimestre de 2023 com registro de pelo menos 16 feminicídios. A estatística tem como base os assassinatos de mulheres por motivação de gênero noticiados pela imprensa entre os dias 1º de janeiro e 30 de abril. Contando o total de semanas do ano, 17, a média é de quase um caso a cada semana.

O número pode ser ainda maior, já que a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não disponibiliza dados oficiais sobre este tipo de crime.

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O caso mais recente foi registrado neste domingo, 30, último dia do mês, em Farias Brito, na região do Cariri, a 518 quilômetros de Fortaleza, onde uma mulher de 30 anos foi morta a tiros pelo companheiro, de 42 anos, que em seguida tirou a própria vida. O crime aconteceu no sitio Monte Alegre, zona rural do município, em uma via pública da localidade. A vizinhança acionou a Polícia Militar logo após ouvir o barulho dos estampidos. Os dois foram encontrados sem nenhum sinal vital. A Delegacia Regional do Crato abriu inquérito para apurar o crime.

Cinco dias antes, na mesma região, uma mulher de 35 anos foi morta a facadas pelo ex-marido em Missão Velha. O homem, de 40 anos, que trabalha como frentista em um posto de combustíveis na cidade, tentou suicídio após o crime, mas sobreviveu. Ele foi socorrido ao Hospital Regional do Cariri (HRC), em Juazeiro do Norte, onde permanece internado sob escolta policial.

Testemunhas relataram à Polícia que o casal tinha se separado recentemente, por decisão da vítima, mas o homem não aceitava o fim da relação. Sem conseguir reatar o casamento, ele foi até a residência da mulher e desferiu vários golpes de faca contra ela, que morreu na hora, antes da chegada do socorro médico. A vítima, identificada como Maria Tereza Xavier, era servidora pública municipal e mãe de três filhos, fruto de um relacionamento anterior. O crime comoveu a cidade e a Prefeitura decretou luto oficial de três dias em sinal de pesar.

Ainda em abril, outros três feminicídios foram registrados no mesmo fim de semana. Em Fortaleza, duas mulheres foram assassinadas no dia 15. Uma delas, de 46 anos, foi morta dentro da própria casa, no bairro Guajeru. O namorado da vítima, um homem de 50 anos, foi preso quatro dias após o crime e é apontado como o principal suspeito do assassinato. No segundo caso, a mulher assassinada tinha 25 anos. Ela sofreu disparos de arma de fogo na rua Senador Alencar, no Centro da Capital, após sair de uma casa de shows.

A vítima, identificada como Bárbara Bessa, tinha terminado o relacionamento há pouco tempo. Testemunhas relataram aos policiais que o ex-namorado dela tentava insistentemente reatar o namoro. No dia da morte de Bárbara, inclusive, ele a teria encontrado do lado de fora da casa de shows em que ela estava. O homem é apontado como principal suspeito do crime e está foragido da Justiça. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

No dia 16, um terceiro feminicídio foi registrado em Ubajara, na Serra da Ibiapaba. A vítima tinha a mesma idade de Bárbara, 25 anos, e também foi morta a tiros pelo ex-companheiro, de 30 anos. Nesse último caso, porém, o suspeito foi preso em flagrante. Vizinhos contaram à Polícia que o homem não aceitava o fim do relacionamento com Maria Jaqueline Rodrigues.

No total, abril registrou cinco feminicídios. O mês com mais ocorrências deste tipo de crime foi janeiro, com sete assassinatos. Em fevereiro, não houve casos noticiados. Já em março, foram quatro mortes. Considerando todo o quadrimestre, foram 16 mulheres assassinadas pela condição de gênero em um período de 17 semanas.

Dados consolidados da SSPDS apontam que entre janeiro e março, o Ceará registrou cerca de 5,6 mil ocorrências de violência contra mulheres. Todas enquadradas como casos tipificados pela Lei Maria da Penha. Foram 1.920 casos em janeiro, 1.764 em fevereiro e 1.950 em março. Os números são calculados a partir das denúncias registradas nas Delegacias dos 184 municípios do Estado. Os dados de abril ainda não foram divulgados.

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