Rio Choró transborda e deixa comunidades ao redor de Itapiúna ilhadas

Canoa requisitada por moradores foi entregue na tarde desta segunda-feira, 10. Alunos do Ensino Médio ficaram sem acesso às aulas presenciais por quase um mês

Os moradores das comunidades de Queixada, Vila Nova e Bom Jardim, localizadas na zona rural da região do Maciço de Baturité, sentiram o temor de ficarem ilhados após o transbordamento do Rio Choró, que atravessa a principal estrada de acesso à sede do município de Itapiúna — a 109,6 km de Fortaleza.

Segundo moradores, a passarela foi invadida pelo rio desde o início de março, quando as chuvas começaram a ficar mais intensas, fazendo com que o nível da água ficasse muito elevado e nenhum veículo automotivo conseguisse trafegar pelo local.

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Sendo assim, serviços triviais, tais como de saúde, educação, comércio, entre outros, por estarem no centro de Itapiúna, se tornaram inatingíveis a estes moradores. Para tanto, alguns civis tiveram que se arriscar a andar pelo Rio, como mostra o vídeo abaixo:

 

 

Agora, com o nível um pouco menor, motos e picapes já são capazes de se locomover pela região, mas com muitos esforços e cuidados com pedras e ladeiras.

Evilaudo Silva, de 35 anos, pai de três filhos, saiu da comunidade Queixada para ficar em Maracanaú, a 23,6 km de Fortaleza, até que o problema fosse solucionado. Durante a mudança, ele conta que não conseguiu atravessar o Rio de carro. “E de moto, quase não passa. Fica muita pedra, muita areia, ainda sim é muito arriscada a travessia”, conta.

Canoa

Assim como revela o morador Simão Freitas, 26, “uma canoa resolveria tudo”. Simão pediu, na semana passada, à Prefeitura de Itapiúna, pelo transporte. A demanda foi atendida na última quarta-feira, 5, mas não era eficiente o bastante para suportar a correnteza do Choró.

“Uma canoa chegou, mas não era boa para rio corrente, é boa para água parada. Tinha que botar uma força enorme para segurar ela. A tendência é que ela fosse levada, aí não tinha condições. Veio e não serviu de nada”, revelou.

Rochely Ferreira, secretária de Gabinete da Prefeitura de Itapiúna, salienta que o pedido de troca da canoa imprópria foi feito e entregue na tarde desta segunda-feira, 10. Ainda conforme Rochely, os civis terão direito a duas canoas. No entanto, ainda não há previsão para sua entrega.

A secretária também afirmou que está “acompanhando a situação das comunidades”. “Pedimos desculpas à população por qualquer transtorno causado e nunca deixaremos os munícipes sem assistência”, pontuou trecho da fala.

Prefeitura de Itapiúna concede canoa apta para águas mais fortes
Prefeitura de Itapiúna concede canoa apta para águas mais fortes (Foto: Divulgação/Whatsapp O POVO)

Ensino Médio

Ana Vitória, de 17 anos, estudante do 3° ano do ensino médio e moradora de Queixada, ficou quase um mês sem aulas devido ao transbordamento. “Nós precisávamos atravessar o rio por conta própria. Eu, que não tenho moto, não tenho nada, fiquei sem ir para o colégio”, detalha.

Ela, e cerca de mais 10 alunos que estudam na Escola Estadual Franklin Távora, localizada no centro de Itapiúna, ficaram sem frequentar as aulas presencialmente. Com a canoa, ela e os demais alunos terão como pegar o ônibus escolar, que fica situado do outro lado do Choró — na comunidade Bom Jardim.

Os alunos que residem na comunidade Bom Jardim dependiam da elevação da água para ir até o colégio, haja vista que o motorista, quando o Rio estava com menos água, passava de moto e levava os passageiros até a Cidade.

Durante o tempo afastada da unidade escolar, ela pedia aos professores para que enviassem, de forma remota, as atividades de casa, no entanto, isto não a impediu de perder alguns exames. “Nem sei como vou recuperar isto”, lamenta.

 

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