Rio Choró transborda e deixa comunidades ao redor de Itapiúna ilhadas

Canoa requisitada por moradores foi entregue na tarde desta segunda-feira, 10. Alunos do Ensino Médio ficaram sem acesso às aulas presenciais por quase um mês

10:42 | Abr. 11, 2023

Por: Gabriel Gago
Moradores de três comunidades ao redor de Itapiúna, no Ceará, ficam ilhados após transbordamento do Rio Choró (foto: Reprodução/WhatsApp O POVO)

Os moradores das comunidades de Queixada, Vila Nova e Bom Jardim, localizadas na zona rural da região do Maciço de Baturité, sentiram o temor de ficarem ilhados após o transbordamento do Rio Choró, que atravessa a principal estrada de acesso à sede do município de Itapiúna — a 109,6 km de Fortaleza.

Segundo moradores, a passarela foi invadida pelo rio desde o início de março, quando as chuvas começaram a ficar mais intensas, fazendo com que o nível da água ficasse muito elevado e nenhum veículo automotivo conseguisse trafegar pelo local.

Sendo assim, serviços triviais, tais como de saúde, educação, comércio, entre outros, por estarem no centro de Itapiúna, se tornaram inatingíveis a estes moradores. Para tanto, alguns civis tiveram que se arriscar a andar pelo Rio, como mostra o vídeo abaixo:

 

 

Agora, com o nível um pouco menor, motos e picapes já são capazes de se locomover pela região, mas com muitos esforços e cuidados com pedras e ladeiras.

Evilaudo Silva, de 35 anos, pai de três filhos, saiu da comunidade Queixada para ficar em Maracanaú, a 23,6 km de Fortaleza, até que o problema fosse solucionado. Durante a mudança, ele conta que não conseguiu atravessar o Rio de carro. “E de moto, quase não passa. Fica muita pedra, muita areia, ainda sim é muito arriscada a travessia”, conta.

Canoa

Assim como revela o morador Simão Freitas, 26, “uma canoa resolveria tudo”. Simão pediu, na semana passada, à Prefeitura de Itapiúna, pelo transporte. A demanda foi atendida na última quarta-feira, 5, mas não era eficiente o bastante para suportar a correnteza do Choró.

“Uma canoa chegou, mas não era boa para rio corrente, é boa para água parada. Tinha que botar uma força enorme para segurar ela. A tendência é que ela fosse levada, aí não tinha condições. Veio e não serviu de nada”, revelou.

Rochely Ferreira, secretária de Gabinete da Prefeitura de Itapiúna, salienta que o pedido de troca da canoa imprópria foi feito e entregue na tarde desta segunda-feira, 10. Ainda conforme Rochely, os civis terão direito a duas canoas. No entanto, ainda não há previsão para sua entrega.

A secretária também afirmou que está “acompanhando a situação das comunidades”. “Pedimos desculpas à população por qualquer transtorno causado e nunca deixaremos os munícipes sem assistência”, pontuou trecho da fala.

Ensino Médio

Ana Vitória, de 17 anos, estudante do 3° ano do ensino médio e moradora de Queixada, ficou quase um mês sem aulas devido ao transbordamento. “Nós precisávamos atravessar o rio por conta própria. Eu, que não tenho moto, não tenho nada, fiquei sem ir para o colégio”, detalha.

Ela, e cerca de mais 10 alunos que estudam na Escola Estadual Franklin Távora, localizada no centro de Itapiúna, ficaram sem frequentar as aulas presencialmente. Com a canoa, ela e os demais alunos terão como pegar o ônibus escolar, que fica situado do outro lado do Choró — na comunidade Bom Jardim.

Os alunos que residem na comunidade Bom Jardim dependiam da elevação da água para ir até o colégio, haja vista que o motorista, quando o Rio estava com menos água, passava de moto e levava os passageiros até a Cidade.

Durante o tempo afastada da unidade escolar, ela pedia aos professores para que enviassem, de forma remota, as atividades de casa, no entanto, isto não a impediu de perder alguns exames. “Nem sei como vou recuperar isto”, lamenta.