Na 1ª semana de abril, Ceará registra um terço da chuva esperada para o mês

Estado registra precipitações há sete dias consecutivos. Chuvas causam transtornos na Capital e preocupam população que vive perto de barragens, no Interior

20:21 | Abr. 07, 2023

Por: Luciano Cesário
Seis carros ficaram parcialmente submersos na avenida Heráclito Graça, após chuvas de ontem (foto: FÁBIO LIMA)

Na primeira semana de abril, o Ceará já registrou um terço do volume de chuva esperado para o mês. De acordo com dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o acumulado do dia 1º até a noite desta sexta-feira, 7, era de 63,3 milímetros (mm). O índice corresponde a 33,5% da normal climatológica mensal, projetada em 188 mm.

Terceiro mês da estação chuvosa no Ceará, abril registra precipitações há sete dias consecutivos e tem previsão de mais chuva para as próximas horas. As chuvas são distribuídas em todas as macrorregiões do Estado, com variações de tempo e intensidade.

A Sexta-Feira Santa foi chuvosa em pelo menos 66 municípios, conforme o último balanço divulgado pela Funceme. O município de Coreaú, na Serra da Ibiapaba, teve o maior acumulado em 24 horas, cerca de 69 mm.

Em Fortaleza, de acordo com os indicadores fornecidos pelo órgão meteorológico, choveu apenas 24 mm. O volume, no entanto, foi suficiente para causar transtornos e alagamentos em vários pontos da cidade.

Na avenida Heráclito Graça, no Centro, seis motoristas ficaram presos dentro dos carros em que trafegavam devido ao grande acúmulo de água na via. Eles conseguiram sair dos veículos graças à solidariedade de moradores da região, que se organizaram em grupo para resgatar os condutores.

Outro ponto bastante afetado foi o cruzamento das avenidas Almirante Barroso e Almirante Tamandaré, no bairro Praia de Iracema, onde a água cobriu calçadas e o canteiro central. Com o trecho intrafegável, agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) estiveram no local para bloquear a passagem de veículos durante quase toda a manhã. No começo da tarde, a situação foi normalizada. 

Também foram registrados alagamentos em ruas e avenidas do bairro Vicente Pinzón, mas sem ocorrências graves. A Defesa Civil de Fortaleza informou que entre a madrugada e o começo da manhã desta sexta, não houve casos de desabamento, deslizamento ou de outras emergências relacionadas às chuvas na Capital.

No Interior, a preocupação é com a possibilidade de inundações no entorno de grandes reservatórios que estão próximos de sangrar, além do risco de rompimento de barragens que vêm recebendo grande volume de água nos últimos dias. Em Pedra Branca, no Sertão Central, moradores das adjacências do Açude do Povo convivem com o medo de enchentes diante de um eventual transbordo do reservatório.

Na última quarta-feira, 5, as residências da área chegaram a ser evacuadas após a Prefeitura emitir um alerta de desastre. No dia seguinte, contudo, técnicos da Defesa Civil do Estado fizeram uma vistoria no local e avaliaram que, por ora, não existe risco que justifique a desocupação das casas. De acordo com Capitão Araújo, responsável técnico do órgão, o trecho está seguro para habitação. Ele destaca que a probabilidade de rompimento da barragem é baixa, mas "não é zero", já que no período chuvoso as precipitações podem superar as projeções meteorológicas.

Em Quixeramobim, também no Sertão Central, moradores estão aflitos com a rápida evolução da reserva hídrica do Açude Fogareiro, que atingiu o maior nível em doze anos. Na primeira semana de abril, a cota do reservatório quase triplicou, passando de 32,99% da capacidade máxima no dia 1º para 89% nesta sexta-feira, 7.

A barragem está a apenas 6 centímetros de verter. Apesar disso, a Defesa Civil afirma que não há risco inundações nas residências situadas próximas do açude. Um técnico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) atua em regime de plantão no local para inspecionar a segurança da barragem e informar autoridades e a população sobre a situação.

Após os sete dias consecutivos de chuva em abril, o Ceará atingiu a marca de 60 açudes sangrando nesta sexta-feira, recorde dos últimos doze anos. Esse é o maior número desde 2011, ano em que 67 barragens verteram. Com o cenário favorável para mais chuva nos próximos dias, é possível que o indicador seja superado ainda este mês. A previsão do tempo da Funceme indica que o fim de semana deve ser chuvoso em todas as macrorregiões do Estado. Atualmente, segundo a Cogerh, oito açudes estão na iminência de transbordar, com níveis hídricos acima de 90%.