Vacinação bivalente contra a Covid-19 começará no Ceará e pode se tornar anual

Para receber a vacina bivalente, a pessoa deverá ter tomado ao menos duas doses da vacina contra o coronavírus. A primeira etapa será para idosos acima de 75 anos, grupos com comorbidades e prioridades

20:43 | Fev. 24, 2023

Por: Bruna Lira
Ceará inicia aplicação da vacina bivalente contra a Covid-19 na próxima segunda, 27 (foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Com início na próxima segunda-feira, 27, a campanha da vacinação bivalente contra a Covid-19 será realizada em todos os municípios do Ceará. O governador Elmano de Freitas (PT) reforçou o anúncio na manhã desta sexta-feira, 24, em transmissão ao vivo nas redes sociais, ao lado da secretária da Saúde, Tânia Mara Coelho. A expectativa é de que a vacinação aconteça anualmente.

Para a nova vacina, a campanha será dividida em cinco etapas, sendo a primeira delas voltada ao grupo prioritário de idosos (acima dos 70 anos), pessoas imunocomprometidas, indígenas, quilombolas, ribeirinhos abrigados e trabalhadores de instituições de longa permanência.

O secretário executivo de Vigilância em Saúde do Ceará, Antônio Lima Neto (Tanta), explica que a vacina bivalente tem como característica a proteção contra a Ômicron e suas sub-linhagens.

“É uma vacina nova, ela induz anticorpos que a outra vacina não era capaz de induzir. Tivemos a primeira geração de vacinas, que foi toda produzida a partir do vírus original. Depois, entre o final de 2021 e início de 2022, houve a dominância de uma sub-variante chamada Ômicron, em cenário mundial. Então, a Pfizer e outras empresas, evidentemente, entraram em um movimento de atualização de vacina”, afirma.

Essa vacina, portanto, é entendida como sendo de “segunda geração”. Ela traz, em sua composição, a Ômicron e suas sub linhagens (BA1, BA4 e BA5). “Ela é capaz de dar uma proteção a mais nesse momento para as pessoas”, comenta Tanta.

O Ceará deve receber 770 mil doses da vacina, enviadas pelo Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde. Até o momento, 230 mil imunizantes já foram recebidas pelo Estado, conforme informado pela secretária da Saúde, Tânia Mara Coelho, durante a transmissão ao vivo. A meta é vacinar 90% do público-alvo.

Para receber a vacina bivalente, a pessoa deverá ter tomado ao menos duas doses da vacina contra o coronavírus. A logística da campanha de vacinação é desenvolvida por cada município. Os agendamentos e locais de vacinação ainda serão divulgados.

Vacina bivalente será tomada de forma anual?

 

Em entrevista ao O POVO, o secretário executivo de Vigilância em Saúde do Estado, Tanta, conta que já está sendo estudada a possibilidade de que a vacina bivalente se torne de caráter anual.

“Tem uma sinalização, que foi dada da Secretaria de Vigilância em Saúde ao Ministério da Saúde, de que é possível que essa vacina se torne anual. E o que seria uma vacina anual? Pensamos logo na Influenza, que todo ano você toma para se proteger contra a gripe. Seria uma vacina atualizada anualmente com as sub variantes dominantes no mundo inteiro. Então você receberia todos os anos uma vacina, em tese, diferente”, diz.

Desta forma, de acordo com o secretário, há prospecção de que talvez a Covid-19 se transforme em uma doença sazonal, isto é, que ocorre todos os anos e cuja proteção precisa ser renovada e fortalecida.

“É um vírus que realmente tem demonstrado uma força de permanência e de transmissão muito altas. Mesmo nesse momento, em que temos uma baixa transmissão, ainda temos casos. O número de fatalidades é baixo, por conta da vacina, sobretudo. O número de hospitalizações e complicações graves é bem pequeno no Brasil todo, por conta das nossas altas coberturas vacinais”, salienta.

“A Organização Mundial da Saúde (OMS) discutiu recentemente se haveria espaço hoje para iniciar o debate sobre o fim da pandemia como emergência sanitária internacional e foi decidido que, por enquanto, não. Porque a pandemia ainda não acabou. [...] É difícil dizer (se há chance de uma nova onda da Covid-19), mas, se acontecer, terá menos impacto se as pessoas estiverem vacinadas, que é o que temos visto”.

Segundo Tanta, cerca de 85% a 90% do público-alvo da vacina bivalente é representada por idosos, de 70 anos ou mais. “É o público que realmente é o nosso maior foco, pois é o mais propenso às formas graves, complicações, etc. Sem desmerecer nenhum grupo, mas esse é o mais numeroso”, diz.

Quanto aos efeitos colaterais da vacina bivalente, os mais comuns são dor no local de aplicação da dose, algum nível de exantema, aumento de gânglios. “É uma vacina que é muito segura, que tem demonstrado também eficácia. Apesar de que essas novas sub variantes têm uma capacidade de escape vacinal”, afirma Tanta.

E é por conta desse escape vacinal das cepas da Covid-19 que são criadas novas vacinas, de acordo com o secretário. “Quando elas escapam (no primeiro combate), você pode até adoecer ou ainda chegar a ter manifestações clínicas mais brandas, mas elas não evoluem para formas graves, porque são ativadas células de memória das vacinas que você recebeu que, por sua vez, fazem o bloqueio”, explica.

Já sobre traçar estratégias para que as pessoas busquem se vacinar, Tanta destaca a importância de a vacinação acontecer em momentos com baixa transmissão. "A vacina é uma prevenção, ela só funciona se for dada quando não estamos em epidemia”, comenta Tanta, relembrando que é neste momento em que o número de mortes por Covid-19 está reduzido que as pessoas devem buscar a imunização.

Vacina bivalente contra Covid: 5 etapas da vacinação

Primeira etapa - 27/02


Público: idosos (acima de 70 anos), imunocomprometidas, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, abrigados e trabalhadores de instituições de longa permanência.
Segunda etapa - Data não Divulgada
Público: pessoas de 60 a 69 anos de idade
Terceira etapa - Data não divulgada


Público: Gestantes e puérperas
Quarta etapa - Data não divulgada


Público: trabalhadores da saúde
Quinta etapa - Data não divulgada


Público: pessoas com deficiência permanente, adolescentes cumprindo medidas socioeducativas (12 a 17 anos), população privada de liberdade (a partir dos 18 anos), funcionários do sistema prisional.