Hospital de Messejana atinge marca de 500 transplantes cardíacos realizados
A unidade é a segunda em todo o Brasil que mais realiza o procedimento, apenas atrás do Instituto do Coração, localizado em São PauloO Hospital de Messejana (HM) chegou a marca de 500 transplantes cardíacos concluídos. O anúncio do feito foi realizado pelo governador Elmano de Freitas (PT) em suas redes sociais. A última cirurgia foi completa na terça-feira, 21.
A unidade, que está sob a égide da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), torna-se a primeira no âmbito estadual a atingir a marca. Em nível nacional, o HM é superado apenas pelo Instituto do Coração — responsável por mais de mil transplantes —, situado em São Paulo.
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Ao O POVO, o coordenador da Unidade de Transplante e Insuficiência Cardíaca do HM, João David de Souza Neto, sublinha a importância do serviço para a população. “Alcançando esta marca de 500 transplantes, nos consolidamos como o segundo hospital no Brasil que mais realiza este tipo de procedimento. É importante salientar que o público-alvo são aqueles que mais necessitam”.
Mesmo voltado ao estrato populacional mais desassistido, João David reforça que o hospital está disponível para todo o público. “Existem transplantados que possuem plano de saúde, mas que não conseguiram atendimento [em instituições particulares]. Muitos foram para São Paulo, mas o custo naquele estado é muito alto. Eles foram acolhidos pela unidade”.
De acordo com o HM, o atendimento é realizado por uma equipe multidisciplinar, que conta com 33 profissionais de diferentes expertises, como cirurgiões, cardiologistas e anestesistas. Todo o conjunto atua de forma a tratar clinicamente a insuficiência cardíaca, já que o transplante consiste no tratamento final.
Todos os integrantes da Unidade de Transplante e Insuficiência Cardíaca, além do trabalho voltado ao público portador de problemas no coração, reforçam a estrutura de atendimento do hospital.
Dos 500 pacientes transplantados — muitos não cearenses —, 77 eram crianças, afirma João David. O coordenador também aponta que mais de 50% dos atendidos sobreviveram à cirurgia. “A antepenúltima pessoa a ser transplantada é de Rondônia. Antes de vir ao Ceará, ela tinha tentado ser atendida em São Paulo. Hoje, a paciente mora aqui de forma temporária, junto com a família”.
Além do sucesso em relação aos transplantes cardíacos, o HM também é referência em atendimento em pneumologia. Em junho de 2011, a unidade se tornou a primeira em todo o Norte e Nordeste a realizar um transplante pulmonar. Ao todo, o Hospital de Messejana realizou 2.675 procedimentos cirúrgicos em 2022.
Ainda no ano passado, a unidade se converteu na primeira do País a conseguir certificação de qualidade para serviços de ecocardiografia. O reconhecimento foi realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Transplantados
O primeiro transplante cardíaco na unidade foi realizado em 1999. O paciente inaugural foi o marceneiro Antônio Pereira de Moura, na época com 37 anos. Ele era portador de miocardiopatia isquêmica e foi acompanhado por uma equipe médica destacada pelo Hospital de Messejana.
Seis anos depois, contudo, o novo órgão do marceneiro começou a apresentar problemas. Foi quando ele precisou passar por um retransplante. Depois de uma espera de aproximadamente dois meses, Antônio Moura recebeu mais um coração, o terceiro em sua vida — também se tornando a primeira pessoa no Ceará a passar pelo procedimento.
Em 2003, com o incremento do número de cirurgias cardíacas e o sucesso que as sucederam, a unidade iniciou o processo de divulgação das experiências obtidas com o atendimento dos pacientes. A partir daí, pessoas de outros estados começaram a procurar o HM para a realização do procedimento cirúrgico.
Natural de Alvorada do Oeste, no estado de Rondônia, a professora Ester Emerick Cheron, de 37 anos, é um exemplo de paciente residente fora das fronteiras cearenses contemplado com a cirurgia — realizada em dezembro do ano passado.
A docente viu uma insuficiência cardíaca evoluir em 2017, quando procurou atendimento em São Paulo. No estado sudestino, foi instalado em Ester um Cardioversor Desfibrilador Implantável (CDI) para que fosse possível detectar arritmias graves e tratá-las com estímulos elétricos. Na época, não era possível encontrar o dispositivo na rede pública de saúde de Rondônia.
Ao ser detectado que a bateria do CDI havia acabado, Ester conseguiu substituí-la no seu estado natal. Mesmo assim, médicos que a acompanhavam apontaram para a necessidade do transplante. Por ter a menor fila de espera, o Ceará foi o destino escolhido pelo quadro de profissionais.
A professora passou pelo procedimento cirúrgico no HM e teve alta no começo de fevereiro, sendo levada em seguida para os cuidados e acompanhamento da Unidade de Transplante e Insuficiência Cardíaca.