IBGE: Acesso a condomínios dificulta finalização do Censo 2022

Capital cearense apresenta quase o dobro dos índices de recusa e ausências em um comparativo com o restante do Estado

20:26 | Fev. 10, 2023

Por: Gabriel Borges
Censo Demográfico 2022 ainda não foi concluído (foto: Thais Mesquita)

Mais de 40 dias após o início de 2023, a coleta de dados para o Censo 2022 ainda não chegou ao fim. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o acesso aos condomínios é um dos maiores desafios para a conclusão do processo.

Até a última segunda-feira, 6, Fortaleza apresentava uma taxa de 5,66% de domicílios onde foram registradas ausências, mesmo após as cinco visitas obrigatórias do recenseador. O índice supera em mais de duas vezes o que foi registrado no Ceará, que possui 2,62% de ausências.

Somente na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) são mais de 241 mil apartamentos, sejam em condomínios horizontais ou verticais. O número representa 18,2% dos domicílios do Estado, segundo dados de 2019 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad).

O comunicado do IBGE avalia que, nos condomínios, são encontrados empecilhos que vão desde o impedimento por parte do síndico ou do porteiro, além de situações em que as edificações possuem apenas portaria eletrônica.

 

Disque-Censo: 137

 

O superintendente do IBGE no Ceará, Francisco Lopes, explica que, para contornar a dificuldade de acesso em condomínio, novas estratégias estão sendo traçadas. “Abrimos o Disque-Censo, com o número 137, a pessoa liga e indica o nome e o endereço, e assim vamos contatá-la para realizar a entrevista. Esse número ficará disponível até o dia 20 de fevereiro”, diz.

Segundo o superintendente, há ainda um número significativo de cerca de 4% de recusas em responder ao questionário. “São pessoas que por determinada opinião, receio de golpe ou devido à violência e insegurança, não estão querendo receber o Censo. Então, estamos fazendo um trabalho para que essas pessoas que estão recusando, venham a receber o Censo do IBGE”, destaca.

Já para aqueles que são moradores ausentes, os recenseadores são instruídos a ir em horários diferentes para realizar a entrevista. Para além do Disque-Censo e das cinco visitas obrigatórias dos recenseadores, Lopes lista as possibilidades de responder à entrevista.

“O morador tem três formas à escolha dele para responder ao questionário. Pode ser presencial, que é aquela que o nosso recenseador está com ele para fazer a entrevista direta; pela internet, em que o recenseador gera um voucher e o morador pode responder de onde estiver; e por telefone, pelo número 137”, pontua.

Conforme Lopes, praticamente todos os municípios do Ceará foram concluídos. Agora, o foco está em finalizar a parte da Região Metropolitana de Fortaleza. A previsão para que o Censo 2022 seja concluído está para o dia 28 de fevereiro. Já a divulgação ampla dos dados deve ser feita em abril deste ano.

A psicóloga Alexia Giffoni, 27, mora em um condomínio no bairro Luciano Cavalcante, e conta que tomou conhecimento da visita do recenseador por meio de aviso do síndico do prédio.

"Ele avisou no grupo do Whatsapp. Foi fundamental ele ter explicado, já que ninguém tinha entrado em contato diretamente comigo", explica. Ela conta que, após o aviso no grupo, entrou em contato com o recenseador e respondeu o questionário.

Já a advogada Amanda Moura, 29, que reside em um condomínio no bairro de Fátima, diz que ainda não respondeu ao questionário. "Não fiquei sabendo se houve ou não visita ao prédio, mas vou tentar me informar". A advogada Mariana Santos, 23, é mais uma moradora de condomínio que ainda não respondeu ao questionário. "Ainda não respondi, mas ainda não foi informado nada no meu prédio", conta a residente do bairro Aldeota.

Outro número que se destaca negativamente na Capital é o índice de recusa. Em Fortaleza, 4,36% dos moradores se recusaram a responder ao Censo. No restante do Estado, o índice é de 2,29%. Segundo o IBGE, o receio de perder algum benefício governamental, o medo de golpes e a falta de tempo são os principais motivos alegados pelos moradores. (Colaborou Bruna Lira)