Ventilador explode? Saiba quais cuidados seguir para evitar acidentes com o aparelho

Corpo de Bombeiros aponta que pelo menos 88 incêndios foram registrados em janeiro deste ano, sendo a principal motivação o uso inadequado de eletrônicos

Após a tragédia envolvendo a morte de duas crianças devido a um incêndio causado por um curto-circuito em um ventilador, em Tururu, a 128 km de Fortaleza, no último domingo, 5, O POVO conversou com especialistas sobre cuidados a serem tomados com relação ao uso de ventiladores.

De acordo com informações do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE), pelo menos 88 incêndios foram registrados em janeiro deste ano, sendo a principal motivação o uso inadequado de eletrônicos.

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Como é possível saber que é tempo de abandonar o ventilador?

Segundo o professor do departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Clodoaldo Carvalho, é difícil afirmar com segurança o tempo de abandonar um ventilador.

“O abandono pode ocorrer por diversos motivos, mesmo antes de esgotar a vida útil do aparelho. Vai depender do uso, tempo de funcionamento, qualidade de fabricação e outros. Além disso, a limpeza e manutenção periódicas do aparelho podem estender sua vida útil por muito tempo (anos)”, explica.

Marcelo Puertas, responsável de Operação e Manutenção da Enel Distribuidora, destaca também que é importante dar a manutenção correta aos aparelhos eletrodomésticos e eletroeletrônicos de maneira periódica.

“Com ajuda de um profissional habilitado, é importante realizar manutenção periódica nas instalações da sua residência, checando se a rede existente está antiga e a necessidade de substituição. É importante que ninguém tente fazer isso sozinho sem habilitação, pois energia elétrica pode matar”, diz o especialista.

É possível que um ventilador venha a explodir?

O professor Clodoaldo pontua que os ventiladores não explodem no sentido de haver uma “combustão abrupta”, seguida de uma violenta expansão do ar que pode comprometer a integridade física do aparelho.

No entanto, o aparelho pode pegar fogo por diferentes motivos. São eles:

  • Sobrecarga de energia elétrica da rede;
  • Aquecimento excessivo do motor;
  • Falha do capacitor de partida;
  • Contatos elétricos frouxos ou isolados e outras causas.


“O ‘estouro’ ou ‘explosão’ presenciada pelas pessoas se deve, na verdade, à falha do capacitor ou ao centelhamento elétrico ocorrido no motor ou nos contatos”, afirma Clodoaldo.

Portanto, a Enel recomenda alguns cuidados para evitar possíveis acidentes envolvendo o uso de aparelhos eletrodomésticos em geral, especialmente ventiladores:

- O cliente deve observar a condição de cada aparelho antes do uso e ficar atento a fios desencapados ou descascados, que aumentam o risco de choque e também de curto-circuito.

- O uso dos benjamins, popularmente conhecidos como T’s, devem ser evitados. Isso porque o acúmulo de equipamentos em uma mesma tomada concentra os níveis de corrente naquele único ponto, o que pode causar superaquecimento, derretimento dos T’s e dos cabos e até um princípio de incêndio.

- Observar se as tomadas ou os cabos dos equipamentos estão chamuscados ou se apresentam algum sinal de dano. Isso pode ser um sinal de sobrecarga.

- O ideal é dimensionar a rede da sua casa de forma que cada equipamento possua um ponto de conexão à energia. Se for necessário, o cliente deve dar prioridade a réguas com interruptores, devidamente certificado pelo INMetro.

Quando estão perto de falhar o aparelho dá “sinais”?

Para o professor, é preciso dizer primeiro que o aparelho pode falhar sem dar "sinais", como no caso de falha em aparelhos novos. “O desgaste natural decorrente do uso continuado, acelerado pelo mal uso e problemas na instalação, vai originar o funcionamento do aparelho com ruído e/ou vibração excessiva, odor de queimado etc”, menciona.

Mediante qualquer um destes sinais, recomenda-se que o usuário desligue o aparelho imediatamente e leve a um técnico de confiança para manutenção.

Já ao fazer a ligação do aparelho na tomada, é preciso verificar se a instalação elétrica da edificação é adequada à tensão e corrente elétrica requeridas pelo aparelho, cuidar para que o fio não fique esticado ou dobrado de modo a comprometer os contatos e/ou provocar rompimento da fiação, e certificar-se que o contato elétrico na tomada é justo, sem folga ou interferência excessiva.

Além disso, é importante evitar ligar o aparelho em linhas que alimentem simultaneamente outros aparelhos, especialmente aqueles com consumo elevado de energia elétrica e uso frequente (chuveiro elétrico, ferro elétrico, forno microondas etc), ou em "tês" (ou benjamins) juntamente com outros aparelhos na mesma tomada.

“A maioria destes cuidados pode ser observada por qualquer usuário, mas se ele não se sentir seguro quanto à instalação elétrica, deve consultar um eletricista de confiança”, diz o professor.

Em que tipo de suporte o ventilador deve ser colocado para evitar acidentes?

Para essa questão é preciso observar o tipo de ventilador considerado. O professor Clodoaldo explica que, para cada tipo de ventilador (mesa, parede, teto, coluna/torre) há suportes próprios que acompanham o produto, manufaturados pelo próprio fabricante do ventilador.

“Há também suportes fabricados por terceiros, comercializados para reposição. Neste caso, o consumidor deve verificar se o suporte é realmente indicado para o modelo do seu ventilador e, preferencialmente, se foi testado e homologado pelo fabricante do ventilador. Caso contrário, pode haver risco de mal funcionamento, queda ou tombamento do aparelho”, conta.

Qual a melhor forma de fazer o descarte das peças após o abandono do aparelho?

Conforme o professor de Engenharia Mecânica, os ventiladores são fabricados com diversos materiais: metais como cobre, aço, ferro, plásticos de engenharia etc, que requerem transporte, armazenagem e reciclagem mais complexas e que podem causar impactos ambientais duradouros.

“Visando mitigar este problema, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) exige a aplicação da logística reversa, com responsabilidade compartilhada entre fabricantes, importadores, distribuidores e consumidores. O cidadão interessado em saber onde e como descartar adequadamente seu eletrodoméstico pode consultar os portais da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree)", conclui o professor.

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