Pré-estação chuvosa termina com acumulados dentro da média no Ceará

Precipitações de dezembro e janeiro são influenciadas por frentes frias que chegam até a Bahia e Alagoas, trazendo umidade para o Ceará

Entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, o Ceará acumulou média de chuva de 147,4 milímetros (mm). O volume representa um desvio de 13% em relação ao esperado para o período – 130,3 mm. Com a variação, os dados preliminares da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos indicam que a pré-estação no Estado ficou dentro da média.

Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme, aponta que o clima no Ceará é caraterizado entre os períodos que têm chuva e os que não têm chuva. Por sua vez, o período de chuvas é separado em três momentos: a pré-estação, que abrange dezembro e janeiro; a estação chuvosa, que vai de fevereiro a maio; e a pós-estação, que abrange junho e julho.

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"Essa separação tem a ver com a quantidade de chuvas, claro, mas é principalmente por causa do tipo de sistema meteorológico que vai provocar as chuvas observadas", explica Meiry.

"Na pré-estação chuvosa, a gente tem influência de frente fria. A frente fria chega ali pela Bahia e Alagoas e, conforme se desloca, empurra o ar quente e úmido, o que favorece a formação das nuvens de chuva."

O fenômeno alcança especialmente o Sul do Estado, por isso as primeiras chuvas do ano costumam acontecer na região do Cariri, ainda na pré-estação. A meteorologista acrescenta que um outro sistema traz as chuvas de dezembro e janeiro: o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis. "A parte das bordas desse vórtice tem nuvens de chuva e chuva intensa, inclusive", diz.

Os dados da Funceme mostram ainda que a média de chuvas obtida nesta pré-estação foi impulsionada pelas precipitações de janeiro. Em dezembro de 2022, as chuvas tiveram desvio positivo de 2,4% em relação ao esperado. Já no primeiro mês de 2023, essa variação foi de 16,4%. 

"Não há uma relação direta entre essas chuvas e a quadra chuvosa", enfatiza Meiry. "Cada período é influenciado por sistemas meteorológicos distintos. Um exemplo evidente é de 2015 para 2016: a gente estava sob influência de um El Niño superforte. Janeiro teve um desvio de 92%. E a estação chuvosa foi horrível", lembra.

Regionalmente, a pré-estação teve desvios mais significativos no Litoral Norte, Litoral de Fortaleza e Maciço de Baturité, onde as chuvas foram, respectivamente, 42,9%, 40% e 36,1% superiores ao esperado para o bimestre.

Em termos absolutos, o maior acumulado foi no Cariri, com média de 231,5 mm no período. "Como a normal climatológica do Cariri é mais alta que as demais macrorregiões, cerca de 100 mm a mais, o desvio foi só de cerca de 8%", expõe a meteorologista. O segundo maior acumulado foi no Litoral Norte, com 188 mm.

 

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