Jovens de 26 cidades do Ceará se reúnem para discutir as mudanças climáticas
Adolescentes do fim do ensino fundamental e do ensino médio, principalmente aqueles que já se mobilizam em prol do meio ambiente, foram os convidadosAdolescentes de 26 municípios do Ceará foram protagonistas no debate sobre mudanças climáticas em encontro promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta terça-feira, 17. O evento realizado no Parque do Cocó, em Fortaleza, promoveu rodas de conversas, trilha ecológica e palestras para os jovens.
De acordo com Rui Aguiar, chefe do escritório do Unicef em Fortaleza, o Encontro Estadual de Adolescentes pelo Clima tem como objetivo "estimular a liderança de jovens e criar também um ambiente favorável à discussão nos municípios".
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Rui explica que há diversos locais do Ceará sentindo o impacto das mudanças climáticas, o que resulta em áreas desertificadas, no desaparecimento de nascentes de rios, na perda de cobertura florestal, destruição da caatinga, entre outros.
"Os meninos e meninas às vezes têm informação de uma coisa que está acontecendo em outros países e não se dão conta de um fenômeno que está acontecendo no seu próprio município", diz Rui. Por isso, jovens que já participam de movimentos ambientais e se interessam por compartilhar conhecimento com outros adolescentes foram os escolhidos para participar do evento.
Aimara Pitaguary, 16, estudante de Pacatuba, estava entre as jovens lideranças. A adolescente indígena trabalha com turismo ecológico e participa do Núcleo de Cidadania do Adolescente (Nuca) do município.
"Nós indígenas temos a natureza como nossa mãe, então pra gente é algo muito sagrado, a nossa espiritualidade está envolvida nisso. Então quando a gente leva os grupos [para a área de preservação], é sempre para conscientizar", conta.
A jovem procura mobilizar outros adolescentes da aldeia em que mora e da cidade. "Eu acho que eu sozinha não vou conseguir mudar muita coisa. Eu vou começar um projeto que pode se alavancar muito mais em conjunto."
Apesar da importância do assunto, Aimara acredita que nem todos os adolescentes estão envolvidos no combate às mudanças climáticas e defende que o tema seja mais debatido nas escolas. "Infelizmente, não é uma grande porcentagem dos adolescentes que têm essa preocupação. Por isso, eu acredito na inclusão dentro da sala de aula, para trabalhar as questões indígenas, quilombolas e climáticas também. Acho que essas matérias deveriam ser acrescentadas no nosso dia a dia."
Do mesmo povo e cidade que Aimara, Nicolas Pitaguary, 15, começou a se interessar pelo tema ao ver a cachoeira da região, utilizada para lazer, ser deteriorada. “A gente estava se preocupando com isso, colocou até uma placa lá pedindo que se levar uma coisa para comer, pegar o saquinho e jogar no lixo. Mas mesmo assim eles estavam sujando”, conta o jovem. Depois disso, Nicolas passou a integrar grupos da juventude indígena e aprender mais sobre as mudanças climáticas.
A inclusão de crianças e adolescentes nas discussões sobre as mudanças climáticas foi um dos encaminhamentos da 22ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (COP 22), realizada no Egito em 2022. “Nós precisamos repensar a questão da educação ambiental, começando lá na base, dentro da escola com a criança”, opina o ambientalista e articulador do Selo Unicef de Pacujá, Jorge de Moura, também presente no evento.
Durante a programação, a secretária estadual de Juventude, Adelita Monteiro, visitou o Parque do Cocó para conversar com os jovens.
Veja a lista de municípios participantes:
- Aquiraz
- Aratuba
- Baturité
- Catunda
- Caucaia
- Crateús
- Cruz
- Eusébio
- Horizonte
- Iracema
- Itapipoca
- Itarema
- São Benedito
- Maracanaú
- Monsenhor Tabosa
- Pacatuba
- Pacujá
- Poranga
- Quiterianópolis
- Quixeramobim
- Salitre
- São Gonçalo
- Sobral
- Solonópole
- Tamboril
- Tauá