El Niño e La Niña: entenda o que influencia a quadra chuvosa no Ceará

Fenômenos oceânicos no Pacífico e no Atlântico influenciam a atmosfera terrestre e são considerados ao traçar o prognóstico da quadra chuvosa no Ceará

10:15 | Jan. 16, 2023

Por: Marcela Tosi
(Foto de apoio ilustrativo) Fortaleza registra chuvas intensas (foto: FÁBIO LIMA)

As temperaturas globais e os padrões de chuva são afetados por fenômenos oceânicos e atmosféricos. Os mais conhecidos, o El Niño e La Niña, podem influenciar a quadra chuvosa no Ceará. "Mas há uma diversidade de fatores e todos devem ser levados em consideração", explica Meiry Sakamoto, gerente de meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). 

No últimos meses, as condições de temperatura no oceano Pacífico têm sido mais baixas que a média. "Os modelos de previsão mostram que a La Niña permanece nos primeiros meses de 2023 e que a condição de neutralidade, nem quente, nem frio no Pacífico deve prevalecer durante a nossa estação chuvosa", explica Sakamoto.

O cenário, entretanto, não garante uma quadra de chuvas consideráveis. Nesse contexto, as condições do oceano Atlântico são fundamentais, pois influenciam a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). "Por enquanto, ele está com características mais próximas da neutralidade. Mas o Atlântico é um oceano bem menor que o Pacífico, e as mudanças podem ocorrer de forma mais rápida", diz a meteorologista.

Com este panorama, as expectativas são mais positivas do que seriam caso o mundo estivesse sob efeito do El Niño. O fenômeno que é determinado pelo aquecimento das águas do Pacífico cria áreas de umidade e movimentos atmosféricos que inviabilizam a formação de nuvens de chuva no Nordeste. 

"No El Niño, é como se as correntes atmosféricas ascendentes se deslocassem até chegar ao Nordeste e cair sobre as nossas cabeças", explica descontraidamente. Esse fluxo dificulta que haja precipitações. 

El Niño e La Niña: o que são

El Niño e La Niña são partes de um mesmo fenômeno atmosférico-oceânico que ocorre no oceano Pacífico Equatorial e na atmosfera adjacente. São situações nas quais o Pacífico Equatorial está mais quente (El Niño) ou mais frio (La Niña) do que a média histórica. A mudança na temperatura das águas acarreta efeitos globais na temperatura e precipitação.

Conforme o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as previsões para janeiro-fevereiro-março de 2023 indicam que as águas sobre o Pacífico Equatorial devam permanecer mais frias do que a média histórica (La Niña).

A previsão realizada por institutos internacionais dedicados ao fenômeno já evidenciam uma condição de transição: 50% de permanência da La Niña e 50% de início de condições neutras.

Prognóstico da quadra chuvosa 

O prognóstico da Funceme para a quadra chuvosa de 2023 será divulgado na próxima sexta-feira, 20, em evento no Palácio da Abolição.