Arboviroses: casos devem se manter ou diminuir em 2023, projeta SMS

Fortaleza manteve a estabilidade de casos de chikungunya e dengue em 2022, apesar do surto no Cariri. A SMS projeta diminuição dos casos em 2023 na Capital

18:04 | Dez. 29, 2022

Por: Camila Garcia
Agentes de controle endêmico fazem visitas domiciliares em bairros de Fortaleza com maiores números de diagnósticos de arboviroses. (foto: Aurelio Alves)

Em 2023, a expectativa da Secretaria Municipal de Saúde é de estabilidade ou diminuição no número de casos confirmados de arboviroses em Fortaleza. É o que informa Atualpa Soares, gerente da Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos do órgão.

De acordo com Soares, o período chuvoso é um dos fatores de risco para a contração de doenças como a  dengue, a zika e a chikungunya, conhecidas como arboviroses. Tais doenças são adquiridas pela transmissão de vírus pela picada de mosquitos. Nesses casos, o vetor é o Aedes aegypti.

Nos últimos anos, não foi configurado um quadro epidêmico de dengue na Capital, apesar do número elevado de casos e da reintrodução do tipo 2 da dengue, um dos mais agressivos; no total, a doença possui 4 tipos, que variam em sintomas.

Portanto, a hipótese da SMS é de que, em 2023, o número total de arboviroses diagnosticadas diminua ou se mantenha o mesmo, devido aos saldos positivos dos últimos quatro anos, com a contenção de diagnósticos de chikungunya e dengue em Fortaleza.

Chikungunya: epidemia de 2017 levantou alerta para áreas da Capital

"A gente viu esse ano um quadro de chikungunya muito preocupante no Cariri. Lá, esse ano, foi o berço pra ocorrência", explica Soares. "Não por acaso começou no Cariri e logo depois veio a Fortaleza. A gente lembra que, em geral, quando algum município do Interior tem um problema muito grande com arboviroses, isso acaba se refletindo em menor ou em maior escala em Fortaleza, porque é o local de atendimento da população cearense."

A introdução dos vírus na Capital acontece em decorrência da internação de pacientes nas unidades de saúde locais. Direcionados para Fortaleza quando precisam de tratamento mais especializado, os pacientes infectados com arboviroses propagam o contágio para além dos seus municípios de origem.

A contaminação por doentes vindos do interior do estado também é um fator a ser estudado, diz a SMS. A contenção da curva epidêmica nos últimos anos, por meio da vacinação, das campanhas publicitárias de conscientização e das ações sanitárias é também responsável pela expectativa positiva para 2023.

Em 2017, Fortaleza sofreu com uma epidemia de chikungunya. Mais de 60 mil casos da doença foram confirmados, e mais de 100 pessoas morreram em consequência da doença.

A perspectiva de manutenção no número de casos da virose acontece devido, principalmente, às análises da SMS, que detectou algumas áreas na Cidade que não haviam sido afetadas de forma tão intensa pelo vírus. O que se esperava era que, em 2018, tais áreas apresentassem números altos de contaminação, o que não aconteceu.

Cinco anos após a epidemia, os números continuam mostrando a "barreira sanitária" que se construiu em Fortaleza contra a dengue e a chikungunya, as arboviroses mais numerosas.

SMS: Município espera números otimistas para arboviroses; pandemia pode ter agravado situação

Apesar da perspectiva positiva, fatores como a centralização do tratamento de arboviroses, que é feito em grande parte pelo sistema de saúde de Fortaleza, causam preocupação.

Devido à pandemia, os agentes de controle endêmico ficaram impossibilitados de realizar o controle vetorial, ou seja, a identificação domiciliar dos focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti. A ausência dos dados sobre locais com mais focos pode dificultar o trabalho de análise dos agentes, segundo a SMS.

Em conjunto, atuam os agentes de endemias e os educadores sociais, conscientizando a população sobre o cuidado com os focos de proliferação do mosquito, o que ele é e o que as doenças que transmite podem causar.

Gradativamente, a Secretaria Municipal de Saúde vem adotando a abordagem preventiva no combate às arboviroses. "É o trabalho com inteligência, para prever o que vai acontecer. Já há alguns anos começamos a estudar a cidade e ver quais são aqueles bairros, aqueles locais que, no momento da chuva, podem se apresentar como um local ideal pra que haja uma proliferação muito rápida do Aedes," diz Soares.

"Desde setembro, outubro, estamos na Operação Inverno, buscando focos com antecedência, pela propensão do crescimento de focos nessa época do ano. Os esforços envolvem Secretaria de Educação, de Serviço Público e Limpeza Urbana, por exemplo, então é um trabalho abrangente," conclui.