Cearense é diplomado como novo membro da Academia Brasileira de Ciências

Pedro Pedrosa Rebouças Filho recebeu, na noite desta quinta, 15, a honraria. O cargo estará em vigor até 2026. Ele conta que dará seguimento aos projetos em andamento e buscará aumentar o incentivo às pesquisas científicas no Estado

21:24 | Dez. 15, 2022

Por: Gabriel Gago
Cientistas recebem diplomação de novos membros afiliados da ABC após simpósio em Natal/RN (foto: Cyro Lucas Souza/IIF-UFRN)

A fim de evidenciar as grandes mentes do cenário nacional científico, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) promoveu, nesta quinta-feira, 15, no Instituto Internacional de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal, o simpósio e diplomação dos membros afiliados no Nordeste e Espírito Santo. O cearense Pedro Pedrosa Rebouças Filho está entre os diplomados.

Quem presidiu a mesa de abertura foi o vice-presidente regional da ABC, Anderson Gomes, ao lado dos professores José Renan de Medeiros, Sibele Berenice Castella Pergher, Maria Lúcia Pessoa Sampaio e Paulo Gustavo da Silva.

Anderson Gomes fez questão de ponderar o compromisso, e a relevância, da ciência na sociedade. “Pela falta de alfabetização científica, algumas pessoas não percebem que tudo que você imaginar, seja na saúde, no meio ambiente, até na economia, tem um impacto gerado pela ciência. O nosso papel, enquanto cientistas, é disseminar este conhecimento para todos”.

Diante de uma acirrada disputa entre 18 candidatos, para as cinco vagas disponíveis, Domingos Benício Oliveira Silva Cardoso (Ciências Biológicas, UFBA), Elisama Vieira dos Santos (Ciências Químicas, UFRN), Josiane Dantas Viana Barbosa (Ciências Biomédicas, SENAI/BA), e Rafael Chaves Souto Araujo (Ciências Físicas, UFRN), se diferenciaram pela pluralidade de pesquisas, que viajavam desde a conservação das árvores gigantes da Mata Atlântica, à aplicabilidade de energias eletroquímicas inserida no conceito de economia circular, produção de biomateriais e o mundo quântico.

O destaque, no entanto, para o Ceará, foi o fortalezense Pedro Pedrosa Rebouças Filho, 38, formado em mecatrônica pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), e mestre em teleinformática pela Universidade Federal do Ceará (UFC), onde aperfeiçoou os conhecimentos na área da inteligência computacional e da engenharia biomédica.

Perito na área da tecnologia aliada a medicina, ele atua como líder técnico do grupo Laboratório de Processamento de Imagens, Sinais e Computação Aplicada (Lapisco), onde realiza diversas pesquisas relacionadas ao diagnóstico médico de pessoas usando a Inteligência Artificial (IA).

Na pandemia da Covid-19, o profissional foi um dos responsáveis por desenvolver o sistema utilizado pelo Governo do Ceará que analisava o índice da doença, por meio de gráficos analíticos, dados hospitalares, simulador, entre outras funções. Em meio ao sucesso, foi entregue para outras regiões do País.

No discurso, o pai de uma filha de 4 anos, esposo há 12 anos, não hesitou em abordar as dificuldades enfrentadas pelo nordestino no campo da ciência: “Ouvi várias vezes ser impossível fazer pesquisa no Brasil, no Nordeste, no Ceará, ainda mais dentro de um Instituto Federal”.

Em tom emotivo, Pedrosa pontuou que “receber essa honraria faz acreditar que o nosso grupo de pesquisa [Lapisco] está no caminho certo, mesmo diante de tantos obstáculos durante o trajeto”, disse. “Mas, agora, com espírito renovado depois desse reconhecimento”, completou.

Com permanência por cinco anos, de 2022 até 2026, ele afirma que este período servirá de consolidação dos trabalhos já iniciados. “Iremos aproveitar, também, para aumentar as colaborações entre IFCE, UFC e ABC, assim, iniciando novas áreas de atuação em conjunto, e fortalecendo ainda mais a pesquisa no Ceará", adianta.