Em reta final do Censo 2022, IBGE foca em áreas de difícil acesso no Ceará

Cidades com menos de 170 mil habitantes devem ter coleta finalizada até o dia 23 de dezembro

15:17 | Dez. 06, 2022

Por: Alexia Vieira
Cada funcionário do IBGE atua com o auxílio do Dispositivo Móvel de Coleta (DMC) (foto: IBGE/Reprodução)

Com pelo menos 80% da população do Ceará recenseada, o Censo Demográfico de 2022 entra na reta final de coleta. Nas próximas semanas, áreas do Estado de difícil acesso receberão mais atenção. Domicílios em que moradores estavam ausentes no momento da visita do recenseador ou se recusaram a responder o questionário terão novas chances de participar.

De acordo com o superintendente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Ceará, Francisco Lopes, até o dia 23 de dezembro os dados dos municípios de até 170 mil habitantes serão finalizados. A coleta, que deveria ter sido finalizada em outubro, teve prazo estendido em todo o Brasil devido à dificuldade inicial de contratar e reter recenseadores.

O restante das cidades — Fortaleza, Caucaia, Juazeiro do Norte, Maracanaú e Sobral — ainda demanda mais tempo. A estratégia, segundo Lopes, é remanejar recenseadores e contratar novas pessoas para atuarem em áreas específicas, como as de difícil acesso. Além disso, o IBGE deve fazer Processos Seletivos Reduzidos (PSR), com foco em contratar pessoas que sejam moradoras das localidades.

A territorialidade imposta pelas facções criminosas é um dos fatores que dificultam o trabalho dos recenseadores. Nesses locais, o profissional geralmente precisa ser acompanhado de pessoas conhecidas na comunidade. O problema não é exclusivo da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), tendo “se espalhado” para outros municípios, conforme Lopes.

“Quando nós não conseguimos alguém que mora nessas áreas, a gente observa quem é que tem acesso maior a essas comunidades. São os líderes comunitários, são aquelas lideranças religiosas, são os agentes de saúde. Então, a gente mantém o contato através dos nossos coordenadores com essas pessoas”, afirma Lopes.

O superintendente explica que as áreas que apresentam mais dificuldades foram deixadas para o fim da pesquisa propositalmente. “A gente também não podia perder recenseador por medo. Por isso colocamos os recenseadores nessas áreas mais fáceis, e agora que elas foram feitas a gente está trabalhando nas áreas mais difíceis”, afirma.

Segundo ele, houve 41 furtos do equipamento utilizado pelos profissionais, chamado de Dispositivo Móvel de Coleta (DMC). No entanto, após o furto, o aparelho é imediatamente bloqueado e fica inutilizável. Além dos furtos, casos de ameaça foram registrados.

Esse método de contratação deve incluir ainda a coleta feita em locais onde moram povos e comunidades tradicionais. Cerca de 41.525 indígenas e 21.284 quilombolas foram recenseados no Ceará até esta fase. No entanto, o trabalho em áreas indígenas de Aquiraz e Caucaia ainda não foi concluído.