Duas meninas do Ceará concorrem a prêmio nacional de iniciativas científicas
Projeto visa incentivar iniciativas desenvolvidas nas comunidades das candidatas, principalmente voltadas para a liderança e participação feminina na ciênciaDuas jovens estudantes moradoras de Fortaleza concorrem ao prêmio "Mude O Mundo Como Uma Menina", que premia soluções transformadoras elaboradas por meninas de 13 a 21 anos de todo o Brasil. A premiação, que acontece neste sábado, 3, conta com a participação das jovens Nicole Oliveira de Lima Semião, a Nicolinha, de 9 anos, alagoana radicada no Ceará; e Maria Larissa Pereira Paiva, a Larittrix, de 17 anos.
O projeto visa incentivar iniciativas desenvolvidas nas comunidades das candidatas, principalmente voltadas para a liderança e participação feminina na ciência. A premiação é realizada pela plataforma educacional Força Meninas, que visa fortalecer o potencial das garotas.
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Foram indicadas cinco concorrentes em cada uma das categorias: criativa, líder, determinada, pioneira, visionária, mobilizadora (categoria a ser disputada apenas por ex-premiadas). Além da categoria "Juntos Somos Força", que premia seis projetos de meninas em fases iniciais.
As ganhadoras das categorias individuais serão premiadas com R$ 5 mil, a serem investida em sua liderança, e a participação em um programa de 12 semanas que engloba curso e mentoria. Já a jovem Mobilizadora vai receber um notebook para facilitar a execução de seus trabalhos e também ganhará um convite para a mentoria.
"A menina precisa ter a possibilidade de enxergar todas as oportunidades que se apresentam para ela no mundo (...) A gente tem algumas áreas, como a área de tecnologia, de engenharia, áreas tão importantes pra o crescimento econômico (...) E a gente ainda tem poucas mulheres nessas áreas. Mostrar pras meninas que elas podem desenvolver habilidades e serem protagonistas dessas áreas é gerar um resultado que faz diferença na sociedade inteira", destaca Déborah De Mari, fundadora da plataforma educacional Força Meninas.
Paixão pelas ciências desde criança
Nicolinha integra a categoria Pioneira, aberta a meninas que conseguem inspirar outras, sendo precursoras de ideias, projetos e iniciativas autênticas impactantes, além de explorarem campos ainda pouco trabalhados.
Natural de Maceió (AL), a pequena se interessou cedo pelas ciências, mais precisamente pela astronomia, com menos de seis anos. "Ela desde pequenininha é muito delicada (...) Ela tem essa questão também de divisão, da generosidade, de passar todo o conhecimento dela pras outras crianças", conta Zilma Janaca, mãe da pequena.
Atualmente Nicole mantém, com ajuda da família, dois projetos sociais. Um deles é o Telescópio na Praça, onde um telescópio é colocado em praças de Fortaleza para que as crianças e o público geral tenham acesso ao equipamento. "A maioria (das pessoas) nunca viu pelo telescópio, então a gente coloca, ela (Nicole) vai explicando também sobre astronomia pras crianças", conta Zilma.O segundo projeto é um curso de ciências online, que já é internacionalmente conhecido. "As crianças têm acesso a aulas de química, física, matemática, a benefícios como o projeto de robótica espacial (...) Cursos de paleontologia, de astronomia, tudo pras crianças mesmo, sabe?", conta Janaca, que diz acreditar que o prêmio a que sua filha está concorrendo é em decorrência de um "conjunto de todas as ações que ela já fez".
Para a pequena Nicole, concorrer ao prêmio é uma conquista. "Sim, eu tô muito feliz por isso, é uma grande conquista pra mim", conta. Quando perguntada sobre o que quer seguir fazendo no futuro, não hesita: "continuar estudando mais pra poder construir foguetes".
Em agosto, Nicolinha viajou aos Emirados Árabes Unidos para receber o prêmio que a reconhece como uma das 100 crianças prodígio do mundo.
Democratizando o acesso a ciência
A história de Maria Larissa Pereira, 17 anos, é parecida com a de Nicole, pois também foi na infância que a paixão por astronomia começou a despertar em seu peito. Ela conta que morava no Interior do Ceará, e, curiosa, tinha como hábito olhar para o céu e ficar perguntando aos familiares sobre o nome dos fenômenos e das estrelas que via.
"Acho que essas sãos as Três Marias", respondeu uma vez sua vó, quando Larissa indagou como se chamavam as três estrelas que apareciam próximas. Aquele nome ficou em sua cabeça por um tempo e, quando teve acesso ao primeiro computador, foi correndo pesquisar sobre as estrelas.
O que ela não sabia, contudo, é que aqueles três pontinhos no céu a apresentariam um universo inteiro de conhecimento e de oportunidades. Larittrix, como gosta de ser chamada, nunca mais parou de se interessar pelos "mistérios do céu" e hoje tem diversos grupos, projetos e comunidades de divulgação científica, incentivando, inclusive, mulheres que desejam migrar em profissões da área.
Quando perguntada sobre sua missão, dispara: "Democratizar o acesso a ciência". Esse é um objetivo que tem alcançado não apenas por meio dos projetos e grupos que mantém e participa, mas também por meio das palestras que dá.
"Eu nunca fiz nada pensando em prêmio. Nunca fiz nada pensando na minha autopromoção. Todas as aulas que eu dou são voluntárias, são gratuitas, porque por mais que eu e minha família a gente precise do dinheiro, eu sei que no momento eu não tenho condição de cobrar e as escolas que eu frequento não estão em condição de me pagar", conta ela, que concorre na categoria Visionária.
Ainda assim, mesmo sem nunca ter pensado sobre, Larittrix conta que a premiação é uma oportunidade que ajudaria muito sua carreira no futuro, pois o valor ganho com o prêmio seria usado para arcar com sua educação no exterior. "Esse prêmio veio como um raio de esperança", destaca, afirmando que quando completar os estudos pretende "voltar e desenvolver algo que inclua de verdade o ensino da astronomia nas escolas públicas do Brasil".
Categoria Pioneira: Aberta a meninas que conseguem inspirar outras a irem além, sendo as primeiras a abrirem caminho e desbravar novas fronteiras. Incluem-se aqui as precursoras de ideias, projetos e iniciativas que avançam sobre o senso comum, que desenvolvem projetos autênticos, que exploram campos ainda pouco trabalhados e que impactam uma comunidade. Não temem ser as primeiras e sabem que não serão as últimas. As concorrentes são:
Fernanda Matsumoto Lima de Andrade, de São Paulo (SP)
Mariana Vale Taveira, de Brasília (DF)
Millena Xavier Martins, de Juiz de Fora (MG)
Nicole Oliveira de Lima Semião, de Fortaleza (CE)
Raquel Emilia Jardim Lima, de Pinki (Babite/Letônia)
Categoria Visionária: Designada às meninas que idealizam projetos inovadores, são vistas como “à frente do seu tempo” e, assim, causam transformações revolucionárias com ideias originais. As finalistas são:
Bianca Gajardoni Bearare, de Birigui (SP)
Dandara Medeiros Da Silva, de Carapicuíba (SP)
Manuella Lorena Felinto Do Nascimento, de Natal (RN)
Maria Larissa Pereira Paiva, de Fortaleza (CE)
Natalhia Da Costa Viana, de Rio de Janeiro (RJ)
Colaborou Gabriela Almeida
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