Primeira quinzena de novembro tem recorde histórico de chuvas no Ceará

Estado já registra volumes 10 vezes maiores que média esperada para o mês. Áreas de instabilidade trazem precipitações atípicas para regiões Sul e Oeste do Ceará

14:42 | Nov. 17, 2022

Por: Marcela Tosi
Chuvas devem seguir acima da média até o início de dezembro no Cariri, na Ibiapaba e no sul do Sertão Central e Inhamúns (foto: THAÍS MESQUITA/ O POVO)

As duas primeiras semanas de novembro registram recorde de chuvas no Ceará. No balanço parcial da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), até as 7 horas desta quinta-feira, 17, o Estado acumula uma média de 67,2 milímetros (mm) de chuva. O volume é mais de 10 vezes maior que a média para o mês (5,8 mm). A Funceme ressalva que o valor atual pode variar a depender das precipitações dos próximos dias.

"Temos até o momento o maior volume de chuva acumulado em um mês de novembro desde 1974, quando começaram os registros de chuva aqui no Ceará pela Funceme", aponta o meteorologista Lucas Fumagalli. Ele explica que as precipitações estão concentradas no Sul e no Oeste do Estado, nas macrorregiões do Cariri e da Ibiapiaba, além do sul do Sertão Central e Inhamúns. 

Em alguns municípios, as médias acumuladas nestes primeiros dias chegam a ultrapassar os 200 mm. Campos Sales, na macrorregião do Sertão Central e Inhamúns, registra média de 246,3 mm. Granjeiro, no Cariri, tem o acumulado de 235,4 mm.

Em relação às máximas registradas em 24 horas, o maior acumulado no período foi em Caririaçu, no Cariri. O município teve 171 mm mensurados entre as 7 horas do dia 13 e as 7 horas do dia 14. Já a data com chuvas em mais cidades foi o dia 7, quando precipitações foram observadas em 140 municípios.

Fumagalli explica que as chuvas deste mês estão relacionadas à passagem de uma frente fria pelo interior do Brasil, entre os dias 2 e 8 de novembro. "Essa frente não chegou ao Ceará, mas ajudou a formar uma zona de convergência de umidade entre o Norte e Nordeste. Ficou no litoral da Bahia durante vários dias e contribuiu para formar áreas de instabilidade que impactaram estados vizinhos", detalha.

Já na segunda semana do mês, áreas de instabilidade oriundas do Oceano Atlântico e do leste do Nordeste foram as responsáveis por trazer chuvas ao Ceará. O meteorologista indica que as próximas semanas tendem a continuar com chuvas acima da média, até o começo de dezembro

Os novembros mais chuvosos do Ceará

 

Antes deste ano, o novembro mais chuvoso do Ceará foi registrado pela Funceme em 1979, quando o acumulado foi de 24,57 mm — cerca de quatro vezes maior que o esperado para os 30 dias do penúltimo mês do ano.

Os anos de 2021 e 2020 também estão no ranking dos 10 novembros mais chuvosos. Entretanto, nesses períodos o acumulado foi de cerca de um terço do registrado na primeira quinzena do mês neste 2022.

Veja os anos com maiores médias de precipitações no Estado durante novembro:

  • 2022*: 67,2 mm (até o dia 17)
  • 1979: 24,57 mm
  • 1976: 24,06 mm 
  • 2020: 24,06 mm
  • 1996: 24,02 mm 
  • 1995: 21,2 mm 
  • 2014: 20,92 mm 
  • 1986: 20,83 mm 
  • 2021: 19,70 mm
  • 1999: 18,24 mm

Pré-estação e quadra chuvosa

 

O meteorologista da Funceme aponta que os sistemas atmosféricos causadores de chuvas neste mês não estão relacionados com a quadra chuvosa. "Estão associados a uma condição mais semelhante ao que é a pré-estação, quando pode ocorrer chuvas principalmente na metade sul do Estado. No entanto, o período da pré-estação de fato se estende de dezembro a janeiro."

Já na quadra chuvosa, o sistema meteorológico atuante é a Zona de Convergência Intertropical. "Ainda não há previsão para a quadra. A previsão de probabilidades é realizada a partir de janeiro", aponta.