Três maiores açudes do Ceará têm reservas suficientes até a próxima quadra chuvosa
Cogerh aponta que Castanhão, Orós e Banabuiú têm níveis críticos e em alerta, mas operações garantem segurança hídrica no Estado. Uso responsável dos recursos hídricos é chave para convivência com o semi-árido
17:41 | Out. 26, 2022
Os três maiores açudes do Ceará, Castanhão, Orós e Banabuiú, têm hoje situações hídricas que variam entre muito crítica e de alerta. Ainda assim, a operação de seus recursos garante que as reservas são suficientes para o abastecimento humano e de múltiplos usos até a quadra chuvosa de 2023. É o que aponta a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Bruno Rebouças, diretor de operações da Cogerh, explica que, ao fim de toda quadra chuvosa, é feita a alocação dos reservatórios monitorados pela Companhia e periodicamente são realizadas reuniões para acompanhar o andamento das operações de cada açude. No último dia 14, aconteceu o acompanhamento da Operação 2022.2 dos Vales do Jaguaribe e Banabuiú.
Castanhão, Orós e Banabuiú têm, conforme suas gerências, mais água do que havia sido simulado em julho para este momento do ano. Os reservatórios têm, respetivamente, cerca de 80 milhões de metros cúbicos (m³), 43 milhões de m³ e 6,29 milhões de m³ a mais do que o simulado na época.
“A operação começa, geralmente, com uma vazão média mais baixa e aumenta até a vazão aprovada”, explica Rebouças sobre a dinamicidade da operação ser um dos motivos da variação positiva. “Logo após a quadra chuvosa ainda tem fluxo de água nos rios e o consumo ainda é moderado. Os meses de outubro a dezembro são os mais quentes e as culturas precisam de mais água; o consumo aumenta e a vazão chega próximo ao aprovado.”
Maior reservatório do Estado, o Castanhão está com 1,4 bilhão de m³ de água (21,4% da capacidade máxima). O volume atual do Orós é de 881,3 milhões de m³ (45,4% da capacidade). Já o volume do Banabuiú está em 145,1 milhões de m³, equivalente a 9,4% de sua capacidade total.
Enquanto o Banabuiú está destinado somente para o consumo humano. Já os dois maiores atendem também irrigação, agricultura, indústria e cidades.
Cenário melhor que em 2021?
“De um modo geral, o Estado está em torno de 34% de sua capacidade total de reserva. Ano passado, nesse mesma época, estava em 23,5%. Ou seja, a gente tem quase um terço de água a mais”, avalia Rebouças. “É um volume melhor, mas ainda é um volume de alerta.”
A Cogerh considera a seguinte escala de níveis de criticidade: abaixo de 10%, muito crítico; entre 10 e 30%, crítico; entre 30% e 50%, em alerta; e acima de 50%, confortável. “Poucos reservatórios estão em volumes confortáveis. As chuvas que propiciaram bons aportes neste ano se concentram no Norte do Estado. E mesmo no confortável, por morarmos no semiárido, temos a obrigação de usar a água de forma eficiente e inteligente”, completa o diretor.
As regiões hidrográficas do Alto Jaguaribe, onde está a bacia do açude Orós; Médio Jaguaribe, onde está o Castanhão; Curu e Sertão de Crateús são as regiões em maior atenção.
Resenha de monitoramento divulgada nesta quarta-feira, 26, aponta que dez açudes estão com volumes equivalentes 90% ou mais de suas capacidades: Aracoiaba, Caldeirões, Germinal, Jenipapo, Macacos, Muquém, Pacajus, Penedo e Pesqueiro. Em 26 de outubro de 2021, apenas o açude Germinal estava nessa classificação.
O documento também indica que 64 reservatórios estão com volumes inferiores a 30%. Em 2021, o total era de 67 reservatórios com nível crítico.
Desde janeiro, os 157 açudes monitorados pela Cogerh tiveram aporte de 5,14 bilhões de metros cúbicos de água. No início deste ano, dois reservatórios foram inaugurados: Melancia e Amarelas. Subtraindo os volumes de ambos, o total continua maior que o registrado em 2021 – quando o aporte entre janeiro e 26 de outubro foi de 1,73 bilhão de metros cúbicos de água.