Diagnósticos de câncer de mama no Ceará estão abaixo da média dos últimos anos

Redução de casos diagnosticados não significa que a doença está menos difundida no Estado; especialistas apontam para queda na procura por exames

O mês de outubro é sempre um alerta para a população em relação à importância da prevenção ao câncer (CA) de mama. No Ceará, 589 pessoas, entre 50 e 69 anos, foram diagnosticadas com a doença durante o primeiro semestre deste ano. Número de casos referente aos seis primeiros meses de 2022 é bem abaixo da média de diagnósticos no Estado durante os últimos três anos, que é de 2.197. Para atingir a média registrada entre 2019 e 2021, o número de diagnósticos teria que quase quadruplicar neste segundo semestre.

De acordo com o oncologista Adriano Veras, que trabalha no atendimento de pacientes com câncer de mama, a queda no número de diagnósticos mostra que a procura por exames está abaixo do aceitável no País.

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"Devido à pandemia, ficou muito difícil de trabalhar a questão da prevenção. Dados da Sociedade Brasileira de Mastologia mostram que houve uma queda para menos de 25% de cobertura de mamografias, quando a OMS estabelece uma quantia acima 70%", afirma.

Questionado se a pandemia também teria deixado uma demanda reprimida que, consequentemente, acabou atrasando diagnósticos precoces, Veras afirma que tem notado que o número de pacientes que chegam ao consultório em um estágio mais avançado da doença tem aumentado.

O médico explica que o momento em que o diagnóstico é realizado é um fator preponderante para que o tratamento tenha sucesso. "Quando a doença é detectada com até dois centímetros, a taxa de cura pode ultrapassar os 95%, ou seja, a cada dez mulheres, nove estarão curadas. Já quando a lesão ultrapassa essa dimensão, os resultados de sucesso vão caindo."

Ainda de acordo com o especialista, a expectativa é de que o câncer de mama cause cerca 17 mil mortes no Brasil neste ano. Veras avalia que é preciso investir na questão educacional, pois 90% dos casos possuem alguma ligação com o estilo de vida do paciente, e somente 10% são atribuídos à herança genética.

Tendo conhecimento do cenário, o secretário da Saúde do Ceará, Carlos Hilton, afirma que, além do tratamento clínico, é preciso investir na educação desde a base para que bons frutos possam ser colhidos no futuro.

"Temos que entrar (com ações) junto às escolas, tanto públicas quanto privadas, para trabalhar a educação das nossas jovens nesse processo. É preciso educação em saúde voltada para o câncer de mama, como também temos que investir na retaguarda da assistência", afirma.

Questionado sobre a existência de alta demanda reprimida devido à pandemia, o secretário avaliou que o Estado estará preparado para atender a população. "Temos que dar retorno, a demanda reprimida certamente vai surgir. Temos que procurar parcerias público/privadas, cada vez mais necessárias para dar uma resposta a uma demanda que se manifesta como reprimida."

Diagnósticos de câncer de mama: unidades no CE

No Ceará, o Instituto de Prevenção do Câncer (IPC) e os hospitais Geral de Fortaleza (HGF) e Geral César Cals (HGCC) atuam no tratamento do câncer de mama. Além dessas unidades, as 22 policlínicas regionais, distribuídas por todas as regiões do Estado, realizam diagnósticos.

De acordo com a diretora-geral do IPC, Christina Benevides, a expectativa é de que o número de pessoas que fazem os exames de prevenção aumente gradativamente após a pandemia. No IPC, a demanda já tem aumentado novamente.

"Temos um mamógrafo com capacidade de 40 mamografias por dia. Ele chegou a ficar com uma capacidade ociosa, não atingimos as 40. Entretanto, a quantidade de mamografias vem aumentando nos últimos meses", afirma.

Nesta quinta-feira, 6, o IPC lançou uma programação em alusão à campanha de conscientização para o diagnóstico precoce do câncer de mama.

Durante todo o mês, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) deverá realizar ações que visam à conscientização pelo diagnóstico precoce do câncer de mama e à oferta de exames de mamografia.

Número de diagnósticos:

2019: 2.333 diagnósticos
2020: 2.061 diagnósticos
2021: 2.197 diagnósticos
2022: 589 diagnósticos

Fonte: Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) por meio do Boletim de Produção Ambulatorial Individualizado (BPA-I) e da Autorização de Procedimento de Alta Complexidade; Sistema de Informação Hospitalar (SIH); Sistema de Informações de Câncer (Siscan).

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