Diretor do Sincofarma se diz surpreso com proposta de corte no Farmácia Popular

Maurício Filizola participou do programa "O POVO no Rádio" neste sábado, 17, na rádio O POVO CBN

14:49 | Set. 17, 2022

Por: Carlos Viana
Governo tem proposta para cortar 60% do das verbas do programa Farmácia Popular e deve prejudicar pacientes que recebem medicação gratuita - para diabetes, hipertensão, asma ou produtos como fraldas geriátricas (foto: Marcello Casal JrAgência Brasil)

O diretor do Sindicato do Comércio Varejista dos Produtos Farmacêuticos do Estado do Ceará (Sincofarma), Maurício Filizola, disse que o setor farmacêutico recebeu com “surpresa” a informação que o governo federal pretende cortar cerca de 60% da verba destinada ao Farmácia Popular. O programa oferece medicamentos gratuitos ou com descontos que podem chegar a 90% para pessoas de baixa renda. Filizola participou do “O POVO no Rádio”, nas rádios O POVO CBN e CBN Cariri na manhã deste sábado, 17.

Conforme a proposta orçamentária do Governo Federal para 2023, a verba destinada ao programa cairá dos atuais R$ 2,04 bilhões para R$ 804 milhões, impactando na distribuição de fraldas geriátricas e medicamentos para asma, hipertensão e diabetes, por exemplo.

De acordo com Filizola, que também é articulista do O POVO, o programa vem sendo desmobilizado desde 2014, por não haver credenciamentos de novas farmácias e pela falta de reajuste de alguns medicamentos. Ele citou o Metformina, utilizado no tratamento contra diabetes. “Isso traz impacto muito grande para as farmácias na hora da compra do medicamento. Algumas estão deixando de fornecer o produto porque o programa não tem reposto o valor para que as farmácias ofereçam o serviço e tenham uma rentabilidade”, afirmou.

Durante a entrevista, Filizola disse que manter o Farmácia Popular é uma "questão de bom senso". "Se o governo quiser fazer cortes, que ele faça no orçamento secreto ou em outras situações que não tragam impacto tão grande à população”, critica.

Segundo o diretor do Sincofarma, o Farmácia Popular, criado em 2004, trouxe ganho significativos para a saúde pública no Brasil. “O cliente chega na farmácia com seu receituário e a dispensação do medicamento é feita com rapidez, o que facilita a continuidade do tratamento beneficiando esses pacientes, para que eles não desenvolvam doenças mais sérias e procurem os serviços de saúde”, finalizou.

Conselho Federal de Farmácia também é contra

O Conselho Federal de Farmácia, órgão representativo, regulador e fiscalizador dos profissionais farmacêuticos, também se posiciona contrário à redução dos recursos destinados ao programa. Na última semana, o Conselho enviou ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um ofício alertando para os riscos de cortes nas verbas do Farmácia Popular.

Em entrevista à CNN Brasil, na última quinta-feira, 15, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), prometeu uma solução para o programa em 2023. "Nós acertaremos essa questão ano que vem. Ninguém precisa ficar preocupado porque jamais abandonaríamos os mais humildes na busca de um remédio na Farmácia Popular", disse ele.

O Farmácia Popular atende a cerca de 21 milhões de brasileiros, dando descontos ou oferecendo medicamentos de forma gratuita a pessoas de baixa renda.