Brasil alcança "ouro perfeito" com cearense que gabaritou torneio de exatas internacional

Os estudantes que representam o Brasil nas competições foram selecionadas entre os melhores estudantes de exatas do País; todos são vencedores da Olimpíada Brasileira de Matemática

18:31 | Ago. 31, 2022

Por: Bruna Lira
Na delegação brasileira das competições de Matemática da Cone Sul e da IMC, estão alunos destaques de instituições cearenses de ensino (foto: Divulgação/AOBM)

Jovens cearenses têm alçado voo rumo às medalhas na temporada das Olimpíadas de Matemática internacionais de 2022. Com resultados recordes em torneios de exatas, ocorridos neste mês de agosto, a delegação brasileira trouxe para casa mais duas conquistas importantes: país campeão na Olimpíada do Cone Sul, com quatro medalhas, e recorde de premiações individuais na International Mathematics Competition for University Students (IMC), com 46 medalhas. 

Na Cone Sul, o cearense Matheus Alencar de Moraes, de 15 anos, conquistou o chamado “ouro perfeito”, que significa gabaritar a prova, levando a primeira das quatro medalhas que garantiram ao Brasil o topo do pódio na classificação por países.

As delegações que representam o Brasil nas competições foram selecionadas entre os melhores estudantes de exatas do País, e todos são vencedores da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM). Na Cone Sul, a equipe era composta por quatro competidores, sendo um deles cearense. Já na IMC, entre as diversas instituições de ensino brasileiras que participaram da competição, dois medalhistas são do Estado.

A Cone Sul, consagrada uma das principais competições latino-americanas e que ocorreu nesta edição no Chile, contou com a participação de 32 estudantes de oito países, entre os dias 4 e 9 de agosto. 

Matheus Alencar, o cearense que conquistou o "ouro perfeito", é estudante do ensino médio e vive em Fortaleza. Ele conta que já tinha participado de outras duas olimpíadas internacionais antes da Cone Sul deste ano, a Rioplatense de 2019 e a Cone Sul de 2021, que foi realizada de forma on-line devido à pandemia da Covid-19.

“Sempre acho muito divertido me desafiar com problemas novos e conhecer pessoas de outros países que têm interesses como os meus! Pretendo ir para outras internacionais ainda, meu objetivo principal é ir pra IMO, que é a maior olimpíada de matemática do mundo”, destacou o estudante.

Para ele, é motivo de felicidade poder trazer medalhas para casa, elas sempre são celebradas pela família e pela escola onde estuda.

“Para mim, as medalhas representam o quão longe eu consegui chegar, pensando em todo o caminho que passei, e me dão esperança de que posso chegar mais longe ainda. Elas me fazem nunca perder a vontade de continuar”, disse.

E não é a primeira vez que o País alcança essa conquista na competição, jovens de diferentes estados chegaram ao "ouro perfeito" nos últimos anos. Porém, a última vez que um cearense recebeu uma medalha de ouro na Cone Sul foi em 2010, mas não há registros de que o estudante em questão teria gabaritado a prova, segundo a Associação Olimpíada Brasileira de Matemática (AOBM).

Preparação para os torneios

A preparação para concorrer aos torneios foi longa e demandou um trabalho em equipe. Antes de partirem para os torneios, os alunos receberam um treinamento intensivo oferecido pela Associação Olimpíada Brasileira de Matemática (AOBM) e pela Giant Steps, maior gestora quantitativa da América Latina, além de aulas específicas para competições internacionais com professores especializados em problemas de olimpíadas.

No entanto, segundo Matheus, o treino dele não era tão exaustivo ou diferente assim. Ele começou a se preparar para a Cone Sul na metade do ano passado e estudava todos os dias, mas somente enquanto sentisse que o estudo estivesse rendendo, o que ele considera importante para não se desgastar.

O estudante não foi o único brasileiro a se destacar nesse torneio. O Brasil ainda alcançou um segundo ouro, que ficou com Leonardo Maldonado, de Sorocaba (SP), e as duas pratas foram para João Pedro Bandeira Lemos e Gabriel Bastos Duarte, ambos de Recife (PE).

Outras competições

Na IMC, o Brasil também foi destaque e quebrou o próprio recorde na competição, que era de 44 medalhas, conquistadas em 2021. Este ano, das 46 medalhas, nove são de ouro (First Prize), 12 de prata (Second Prize) e 25 de bronze (Third Prize), além de 19 Menções Honrosas.

A IMC é a maior competição para estudantes universitários e recebe os mais destacados graduandos em matemática e ciências afins de todo o mundo. O evento deste ano aconteceu na Bulgária, entre os dias 1º a 7 de agosto, em formato híbrido, e teve a participação de 667 estudantes.

O Ceará não ficou de fora das conquistas da IMC e levou duas medalhas de bronze pelo desempenho dos estudantes Rafael Fernandes Moura, da Universidade Federal do Ceará (UFC), e Ramyro Corrêa Aquines, do Centro Universitário Farias Brito (FB Uni).

Também foram premiados estudantes de instituições brasileiras como USP, Unicamp, ITA, IME, FGV-Rio, PUC-RJ, UFBA, UFRJ, UFABC, UFPE e UFAL.

Vale ressaltar que, em julho, o Brasil já havia alcançado outro recorde histórico na Olimpíada Internacional de Matemática (IMO). Pela primeira vez, a delegação brasileira conquistou duas medalhas de ouro em uma mesma edição da competição, além de uma prata e duas bronze.